tag:blogger.com,1999:blog-89193276687995805552024-03-18T21:22:48.763-07:00RS INSURGENTEREPÚBLICA COMUNISTA DOS GUARANIS - Comandante Insurgente SEPÉ TIARAJURS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.comBlogger117125tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-32230408375225749492021-02-06T12:17:00.002-08:002021-02-06T12:34:33.591-08:00RACISTA, O TRADICIONALISMO GAÚCHO NUTRE O BOLSONARISMO, DIZ HISTORIADOR<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/y0bE6eozkds" width="320" youtube-src-id="y0bE6eozkds"></iframe></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"> <span style="background-color: white; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; text-align: justify;">“O hino do Rio Grande do Sul representa uma guerra protagonizada pelos latifundiários senhores de escravos. Escravagistas que tinham a ideia de praticamente não pagar imposto, não admitir a taxação da terra. Esse hino é absolutamente verdadeiro. Ele diz que os exemplos a serem seguidos são os senhores de escravos, latifundiários, militares. Esse é o modelo para toda a terra. Esse hino é um escárnio a qualquer ideia civilizatória. Ele é arrogante, soberbo, odiento e absolutamente racista. O bolsonarismo se alimenta nesse tipo de cultura da violência. Não há conversa, há o relho, as armas, a valentia e assim por diante”.</span></div><p></p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">Palavras do historiador Luiz Carlos Golin, o Tau Golin, em entrevista ao <strong style="box-sizing: border-box;">TUTAMÉIA</strong>. Professor da Universidade de Passo Fundo e autor de vários livros sobre a história gaúcha (como “A Ideologia do Gauchismo” e “A Guerra Guaranítica”), ele falou sobre o protesto da bancada negra na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que, no dia da posse, em 1° de janeiro de 2021, se negou a cantar o hino gaúcho. Um dos versos diz: “Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo”.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">“O silêncio desses vereadores é de uma nobreza, de uma virtude espetacular. Silenciaram na sonoridade desse hino abjeto, anticivilizatório. A presença desse mundo injusto, racista, prepotente, soberbo, muitas vezes bagaceiro e violento veio à tona. É como se a civilização colocasse um distanciamento, olhasse para essa coisa aterrorizante, cuja sinfonia é a marcha do terror desse hino”, diz.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">Nesta entrevista, Tau Golin trata da Guerra dos Farrapos, da trajetória política do Rio Grande do Sul e da construção da cultura do tradicionalismo gaúcho _que ganhou corpo com a expansão da indústria cultural, em meados do século 20. Descontrói mitos e revela a manipulação das classes dominantes na imposição de uma cultura violenta, machista e racista (<strong style="box-sizing: border-box;">acompanhe a íntegra no vídeo acima e se inscreva no TUTAMÉIA TV</strong>).</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">“O Rio Grande do Sul é muito complexo. O dominante que se dá na esfera do Estado, dos meios de comunicação, principalmente no rádio, na tv. É nojento. É uma gente incapaz. São agregados desse imaginário estúpido. Cada rádio no Rio Grande do Sul tem no mínimo seis horas de programação com esse tipo de aberração. O que se mata de gente na música do Rio Grande do Sul! E é carga de lança, é talho de adaga, tiro de garrucha, todo mundo é inimigo. Não há interação com o cavalo. Cavalo se doma na porrada, no relho. Em grande número de canções, as mulheres, se não obedecem aos homens, ajoelham e choram. Eles imaginam cenas de amores e não tiram nem a espora. Esse tipo de coisa, que em qualquer país minimamente sensível, se o sujeito abrisse a boca, era preso por lesa humanidade. Isso tudo transita como manifestações da identidade que forma uma ideia de ethos dominante. É um imaginário que está não só no Rio Grande do Sul, mas fora e que se expressa em algo que espontaneamente se encontra em todo o Brasil: inscrições dizendo fora gaúcho”.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">Para Tau Golin, o tradicionalismo está fortalecido, controlando aparelhos de Estado. “É completamente antirrepubicano. Departamentos de Estado têm sua invernada artística. Bancos, quartéis têm galpões. Na ditadura militar os, caras matavam, torturavam, sumiam com a pessoa, espancavam os estudantes, reprimiam a população. Depois, tiravam a farda, botavam a pilcha e iam churrasquear no galpão da sua unidade militar ou em CTGs. É a alienação materializada e arregimentada numa prática permanente anticivilizatória. A hegemonia do tradicionalismo é feita pelos brigadianos, pelos coronéis e oficiais da Brigada Militar. É uma cultura militaresca, miliciana”.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;"><img alt="" class="aligncenter size-full wp-image-5005" height="402" loading="lazy" sizes="(max-width: 1254px) 100vw, 1254px" src="https://tutameia.jor.br/wp-content/uploads/2021/01/tau-trio.jpg" srcset="https://tutameia.jor.br/wp-content/uploads/2021/01/tau-trio.jpg 1254w, https://tutameia.jor.br/wp-content/uploads/2021/01/tau-trio-300x96.jpg 300w, https://tutameia.jor.br/wp-content/uploads/2021/01/tau-trio-1024x328.jpg 1024w, https://tutameia.jor.br/wp-content/uploads/2021/01/tau-trio-768x246.jpg 768w, https://tutameia.jor.br/wp-content/uploads/2021/01/tau-trio-400x128.jpg 400w" style="border: 0px; box-sizing: border-box; clear: both; display: block; height: auto; margin: 0.4em auto 1.5em; max-width: 100%; vertical-align: middle;" width="1254" /></p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">O historiador explica como foi a construção do tradicionalismo, que cria um mito em relação à estância escravocrata, absolutamente hierarquizada, que está introjetado na cultura dominante gaúcha. “Os ideólogos nomeiam as coisas, criam a ideia de espaços, abrangem tudo a partir do latifúndio. Acima do mundo terráqueo, há o céu, que passou a ser chamado a estância do céu. O dono é patrão da estância do céu, o tropeiro que conduz é Jesus Cristo. A prenda é a Virgem Maria”.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">Na realidade, antes dessa construção, as mulheres, por exemplo, nunca tinham sido chamadas de prenda. “O tradicionalismo é formado por homens. Onde colocar a mulher dentro dessa visão moral e social? Criam a categoria da prenda. Prenda é penduricalho, adereço, o chaveirinho que o homem carrega, o bibelô, o enfeite, o sujeito sem história. As mulheres populares no Rio Grande do Sul, que advêm das índias, de negros, mamelucos, eram a cabocla e a china. O tradicionalismo faz depurações arbitrárias e as institucionaliza. O menino chega na escola e é chamado de peão; a menina vai se vestir de prenda”.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">Segue o historiador: “O Rio Grande do Sul é muito mais complexo do que esse hino, do que o CTG. O CTG é uma unidade de produção, uma propriedade privada, simbolizada culturalmente como modelo de sociedade humana. E uma força repressora e alienante extraordinária. E as pessoas não se dão conta disso. Há uma rusticidade, uma indelicadeza que impossibilita o humano em suas possibilidades de grandeza. São freios e amarras a bandeiras universalistas e civilizatórias”.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">Tau aponta a existência de movimentos de resistência a essa cultura autoritária, racista, machista. “Há um Rio Grande do Sul em estado de letargia que se manifesta pontualmente na fronteira, na serra, nas missões, no litoral, nas comunidades quilombolas, nas cooperativas, nas escolas de samba. Há um Rio Grande do Sul prazeroso de se orgulhar. Um exemplo. O número de casas, de instituições afrodescendentes aqui é infinitamente superior ao número de CTGs. Mas elas não têm visibilidade e reconhecimento público”.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">Nessa disputa política e cultural, o historiador vê caminhos:</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px 0px 1em; text-align: justify;">“Esse embate não vai se dar unicamente nesse ambiente do regionalismo. É preciso ter universalidade. O que vai minar [o tradicionalismo] são as bandeiras humanistas, de direitos humanos, as grandes lutas pelos direitos dos indígenas, dos negros, do povo excluído em geral. É a necessidade do plural”.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Lato; font-size: 18px; margin: 0px; text-align: justify;"> <br /></p>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-1364609539451936912021-01-05T16:47:00.002-08:002021-02-06T12:49:01.542-08:00 Sobre o Hino do RS<div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc ihqw7lf3 dati1w0a" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" style="animation-name: none; font-family: inherit; padding: 4px 16px 16px; transition-property: none;"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg" style="animation-name: none; display: flex; flex-direction: column; font-family: inherit; margin-bottom: -5px; margin-top: -5px; transition-property: none;"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; transition-property: none;"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql rrkovp55 a8c37x1j keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v knj5qynh oo9gr5id hzawbc8m" color="var(--primary-text)" dir="auto" style="animation-name: none; display: block; font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; line-height: 1.3333; max-width: 100%; min-width: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; word-break: break-word;"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;">As manifestações simbólicas, sejam hinos, bandeiras, brasões, escudos etc são representações ideológicas dentro da historiografia dos vencedores, não são entes “sagrados”, naturalizados como esse fossem obra de seres superiores, são feitos por pessoas de carne e osso. Pierre Bourdieu “defende a concepção de que as representações sociais são influenciadas pelas ideias, valores, crenças e ideologias existentes anteriormente em uma sociedade, e que se fazem presentes na linguagem que utilizamos para nos comunicar, nas religiões e no chamado senso comum que compõem o habitus de cada agente, e também as concepções que circulam entre os participantes dos campos sociais, grupos profissionais e classes sociais”.</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;"><br /></div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;">Muitas dessas simbologias são produzidas sob encomenda, retratam a história da classe então dominante, e a cultura dessa classe torna-se cultura dominante em toda a sociedade. É um processo de introjeção de seus valores e da sua visão de mundo no conjunto da sociedade em que está inserida, abarcando todo o tecido social, inclusive, os dominados, que passam a ser seus reprodutores através do senso comum. Para Karl Marx: “As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante”.</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;"><br /></div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;">Só para exemplificar, o Movimento Tradicionalista Gaúcho, o MTG, tem seu arcabouço teórico pautado, em grande parte, na Revolta Farroupilha, que foi um movimento liderado pelos fazendeiros, que utilizaram seus escravos com objetivo principal – NÂO PAGAR IMPOSTOS À UNIÃO - (são sonegadores atávicos). Essa revolta cantada em verso e prosa nada tem a ver com o interesse de pobres, negros, desgarrados, sem-terra, mas é cultuada, simbolicamente, por grande contingente desses, infelizmente, pois são produtos desse senso comum.</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;"><br /></div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;">Essa revolta farroupilha é a mesma que armou a morte dos lanceiros Negros, em Porongos, crime racista abominável. Portanto, o hino reproduz esta ideologia de classe. Os negros que foram e são, em grande parte, vítimas disso, não têm nada para cantar e têm o direto de lembrarem seus mortos, durante um hino que esconde a verdadeira História. É preciso desnaturalizar os mitos.</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;"><br /></div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;">Texto: José Ernesto Grisa </div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;"><br /></div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none;"><br /></div></div></span></div></div></div></div><div class="qbxu24ho bxzzcbxg lxuwth05 h2mp5456 ue3kfks5 pw54ja7n uo3d90p7 l82x9zwi goun2846 ccm00jje s44p3ltw mk2mc5f4 frvqaej8 ed0hlay0 afxsp9o4 jcgfde61 tvfksri0 ozuftl9m" style="animation-name: none; border-bottom-color: var(--divider); border-left-color: var(--divider); border-radius: 8px; border-right-color: var(--divider); border-style: solid; border-top-color: var(--divider); border-width: 1px; font-family: inherit; margin-left: 12px; margin-right: 12px; transition-property: none;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div class="hqeojc4l" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin-top: -1px; transition-property: none;"><div class="l9j0dhe7 jxk88fls rops0bsn n851cfcs" style="animation-name: none; background-color: #242526; color: #1c1e21; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 12px; margin-left: -13px; margin-right: -13px; position: relative; transition-property: none;"><div class="l9j0dhe7" style="animation-name: none; font-family: inherit; position: relative; transition-property: none;"><div class="bp9cbjyn tqsryivl j83agx80 cbu4d94t ni8dbmo4 stjgntxs l9j0dhe7 k4urcfbm" style="align-items: center; animation-name: none; background-color: #f6f7f6; display: flex; flex-direction: column; font-family: inherit; overflow: hidden; position: relative; transition-property: none; width: 466px;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; max-width: 100%; min-width: 500px; transition-property: none; width: calc((100vh + -325px) * 0.666667);"><div class="do00u71z ni8dbmo4 stjgntxs l9j0dhe7" style="animation-name: none; font-family: inherit; height: 0px; overflow: hidden; padding-top: 750px; position: relative; transition-property: none;"><div class="pmk7jnqg kr520xx4" style="animation-name: none; font-family: inherit; height: 754.094px; position: absolute; top: 0px; transition-property: none; width: 500px;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiblAA3zFpSGGVOcx9fdcL6kUJ5KkX4LLVqltBznPZrXiM-fozEMHuW2U6sbJBf8YqlGSmFj3eAvSSfKJiItma0YKa7k34vXCjfHSgD7rIoDMAk-TlMmpeTKZsDtH2AW8ogGm48qJzm2oxK/s276/134700148_10219837668717780_2789083312489541974_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="276" data-original-width="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiblAA3zFpSGGVOcx9fdcL6kUJ5KkX4LLVqltBznPZrXiM-fozEMHuW2U6sbJBf8YqlGSmFj3eAvSSfKJiItma0YKa7k34vXCjfHSgD7rIoDMAk-TlMmpeTKZsDtH2AW8ogGm48qJzm2oxK/s0/134700148_10219837668717780_2789083312489541974_n.jpg" /></a></div><br /></div></div></div></div><div class="linmgsc8 opwvks06 i09qtzwb n7fi1qx3 hzruof5a pmk7jnqg j9ispegn kr520xx4" style="animation-name: none; 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font-size: 12px; padding-bottom: 10px; padding-left: 16px; padding-right: 16px; transition-property: none;"><div class="btwxx1t3 j83agx80 cwj9ozl2" style="animation-name: none; background-color: var(--card-background); display: flex; flex-direction: row; font-family: inherit; transition-property: none;"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg" style="animation-name: none; display: flex; flex-direction: column; font-family: inherit; margin-bottom: -5px; margin-top: -5px; text-align: justify; transition-property: none;"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; transition-property: none;"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql rrkovp55 a8c37x1j keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v knj5qynh oo9gr5id hzawbc8m" color="var(--primary-text)" dir="auto" style="animation-name: none; display: block; font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; line-height: 1.3333; max-width: 100%; min-width: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; word-break: break-word;"></span></div></div></div></div></div></div></div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-62309809101353951802021-01-05T16:02:00.004-08:002021-01-05T16:06:05.890-08:00📌📜 SEMANA GAÚCHA... Contos Históricos do RS (conto VII)______CONTO FINAL______<p> </p><div class="rq0escxv l9j0dhe7 du4w35lb qmfd67dx hpfvmrgz gile2uim buofh1pr g5gj957u aov4n071 oi9244e8 bi6gxh9e h676nmdw aghb5jc5" style="animation-name: none; box-sizing: border-box; flex: 1 1 500px; font-family: inherit; margin: 8px; max-width: 500px; min-width: 0px; position: relative; transition-property: none; z-index: 0;"><div class="du4w35lb k4urcfbm l9j0dhe7 sjgh65i0" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin-bottom: 16px; position: relative; transition-property: none; width: 500px; z-index: 0;"><div class="du4w35lb l9j0dhe7" style="animation-name: none; font-family: inherit; position: relative; transition-property: none; z-index: 0;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div aria-describedby="jsc_c_18 jsc_c_19 jsc_c_1a jsc_c_1c jsc_c_1b" aria-labelledby="jsc_c_17" aria-posinset="1" class="lzcic4wl" role="article" style="animation-name: none; font-family: inherit; outline: none; transition-property: none;"><div class="j83agx80 cbu4d94t" style="animation-name: none; display: flex; flex-direction: column; font-family: inherit; transition-property: none;"><div class="rq0escxv l9j0dhe7 du4w35lb" style="animation-name: none; box-sizing: border-box; font-family: inherit; position: relative; transition-property: none; z-index: 0;"><div class="j83agx80 l9j0dhe7 k4urcfbm" style="animation-name: none; display: flex; font-family: inherit; position: relative; transition-property: none; width: 500px;"><div class="rq0escxv l9j0dhe7 du4w35lb hybvsw6c ue3kfks5 pw54ja7n uo3d90p7 l82x9zwi ni8dbmo4 stjgntxs k4urcfbm sbcfpzgs" style="--t68779821: 0 1px 2px var(--shadow-2); animation-name: none; border-radius: max(0px, min(8px, ((100vw - 4px) - 100%) * 9999)) / 8px; box-shadow: 0 1px 2px var(--shadow-2); box-sizing: border-box; font-family: inherit; overflow: hidden; position: relative; transition-property: none; width: 500px; z-index: 0;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div class="qbxu24ho bxzzcbxg lxuwth05 h2mp5456 ue3kfks5 pw54ja7n uo3d90p7 l82x9zwi goun2846 ccm00jje s44p3ltw mk2mc5f4 frvqaej8 ed0hlay0 afxsp9o4 jcgfde61 tvfksri0 ozuftl9m" style="animation-name: none; border-bottom-color: var(--divider); border-left-color: var(--divider); border-radius: 8px; border-right-color: var(--divider); border-style: solid; border-top-color: var(--divider); border-width: 1px; font-family: inherit; margin-left: 12px; margin-right: 12px; transition-property: none;"><div style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div class="hqeojc4l" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin-top: -1px; transition-property: none;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc ihqw7lf3 dati1w0a" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" style="animation-name: none; font-family: inherit; padding: 4px 16px 16px; transition-property: none;"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg" style="animation-name: none; display: flex; flex-direction: column; font-family: inherit; margin-bottom: -5px; margin-top: -5px; transition-property: none;"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; transition-property: none;"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql rrkovp55 a8c37x1j keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v knj5qynh oo9gr5id hzawbc8m" color="var(--primary-text)" dir="auto" style="animation-name: none; display: block; font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; line-height: 1.3333; max-width: 100%; min-width: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; word-break: break-word;"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><span color="var(--primary-text)" style="font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"><br />No arreio do pertencimento social eles vão nos aquerenciando. Como o Tradicionalismo maneia nossas consciências. Eles não querem que você saiba!</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">_________ A Ideologia do Gauchismo!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUAzDUaZDvMGRw-eAZFF5f2NxOJ1CwHgrbPgUHqHG-Ha5N0JYYYsNUhiA1y6shYFUt1boBoLAe9Jf5D4ngA-dSN1x9ep9lTB2R9ijJKUXAubuRH_LQelISfs_61geGMZbElybZHnGZ-dW5/s653/119786172_2777306835854432_2538465858355041255_n.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="615" data-original-width="653" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUAzDUaZDvMGRw-eAZFF5f2NxOJ1CwHgrbPgUHqHG-Ha5N0JYYYsNUhiA1y6shYFUt1boBoLAe9Jf5D4ngA-dSN1x9ep9lTB2R9ijJKUXAubuRH_LQelISfs_61geGMZbElybZHnGZ-dW5/s320/119786172_2777306835854432_2538465858355041255_n.jpg" width="320" /></a></div>A verdade histórica perde para os folcloristas. O Tradicionalismo age como cultura normatizadora, ele impoe-se e impõe seus valores de visão de mundo do latifúndio pampeano. O Tradicionalismo trabalha como indústria cultural, remodela-se junto à pos modernidade. Jovens vestindo nike e escutando músicos modernos também tem seus momentos de pilchas e de reprodução do brutal como sendo identitário. Colonos e descendentes de negros reproduzem uma cultura alheia a seus antepassados. Missas tem padres com suas "missas crioulas" e audiências do poder judiciário chegam ao ponto de serem feitas pilchadas. E o resultado é a exclusão de quem não se adequar !</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Em 1954 o MTG impoe-se sobre o poder público. É criado o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. Em 1966 o Hino Farroupilha (esse que cantamos hoje) é tornado o hino do estado, em plena Ditadura Militar (o MTG teve estreita relação com os golpistas de 1964). Inclusive é em 11 de setembro de 1964 (menos de 6 meses depois do Golpe) que a Semana Farroupilha é criada por lei. Essa lei é complementada em 1989 com a imposição (em seu art. 2°) de obrigatoriedade de participação de escolas estaduais, municipais e particulares nos festejos gauchescos, transformando-as em intrumentos ideológicos do latifundiários e da bagualagem normativa. Nas proximidades do dia 20 de Setembro, escolas pararam para churrasquear em nome da memória do latifúndio, ou "lives gaudérias" em Pandemia!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">E não há como negar que essa ideologia do Gauchismo interere em nossa visão de nós mesmos, de nossa visão do mundo das relações sociais, da Luta de Classes. Somos adestrados, mesmo que inconscientemente, a odiar o MST, os movimentos reivindicatórios, tudo que ameaça a hegemonia dos fazendeiros se torna nosso inimigo também. O pequeno produtor renega sua própria realidade. Alguns tentam reproduzir em suas chácaras e pequenas propriedades o sistema de produção do gado e de ovinos sem conseguir subsistir. Mesmo quando aderem a produção leitera e/ou de hortifrutigranjeiros (típicos para pequenas propriedades rurais) eles se veem como grandes proprietários ao abraçar o mesmos argumentos e preconceitos dos grandes proprietários estancieiros, assumem a identidade homogeinizadora de "Ruralistas" e os mesmos costumes do tradicionalismo. Em 2018 o ex presidente Lula fazia uma caravana pelo RS e em Bagé homens pilchados à cavalo agrediram à relhaços militantes do PT. Na semana seguinte a senadora Ana Amélia Lemos/PP dizia em um evento em PortoAlegre que àqueles eram "verdadeiros gaúchos".</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">O Gauchismo é racista em sua essência! Além de exaltar os ditos "heróis farroupilhas", todos militares estancieiros escravistas, o Movimento Tradicionalista tenta até hoje enterrar e tergiversar o Massacre de Negros Farroupilhas em Porongos no dia 14 de novembro de 1844. Até poucas décadas os negros advindos da peonada estancieira eram impedidos de entrar nos "Bailes gaúchos" dos CTGs frequentados pelas esposas e filhas de estancieiros. Um caso um tanto curioso foi a criação do CTG Lanceiros de Canabarro em Alegrete, criado pelo racismo mas batizado com homenagem ao estancieiro farroupilha que os entregou à morte em acordo com o Império Brasileiro. Até hoje o tradicionalismo tem certa "estranhesa" às manifestações de cunho afro-descendente, principalmente os religiosos e músicais.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Mas a marca mais indelével da ideologia do Gauchismo é o MACHISMO. O MTG criou a alcunha de "prenda" às mulheres, um adereço ao gaúcho que quando não se comporta como o tradicionalismo espera é alcunhada de "china". No dia 18 de setembro de 2019 o Alegrete viu um "desfile temático" que antecede o desfile dos cavalarianos de 20 de setembro. No Desfile Temático os tradicionalistas se "preocuparam" (a seu modo!) com a "inclusão da mulher" e as representou como costureiras, bordadeiras e varredouras do "rancho". Em outro carro alegórico do desfile temático as apresentou como tosadoras de ovelhas. E deu!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">O termo "china" como sinônimo de "prostituta", assim como . . . Prenda, China, Chinoca, Tiangaça, Pinguancha</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Na época da ocupação e demarcação territorial, que ocorreu durante os séculos XVI até o inicio do século XIX, as mulheres que existiam naquela região, muitas das quais índias roubadas e levadas à garupa em cavalos, eram tratadas como chinas, talvez devido aos traços dos olhos assemelharem-se com as asiáticas.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Os termos chinoca, tiangaça e pinguancha, são de origem espanhola e tem o mesmo significado de china. Posteriormente o termo china tornou-se sinônimo de prostituta, pois muitas dessas mulheres eram abandonadas e acabavam sem alguém que as cuidasse.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Já a palavra prenda é muito provável que tenha sido trazido ao Rio Grande do Sul pelos colonos dos Açores, pois naquele arquipélago lusitano é tradicional uma cantiga de tirana com o seguinte regrão:</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">""Tirana, atira, tirana,</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Vem a mim, tira-me a vida:</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">A prenda que eu mais amava</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Já de mim foi suspendida."""</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Alguns historiadores atribuem ao tradicionalismo gaúcho a criação do vocábulo prenda para designar a mulher gaúcha de bons costumes, pura, honesta, ingênua e graciosa. Quando um CTG elege suas prendas, essas devem ter, além dos atributos femininos de delicadeza, beleza e dons artísticos, uma conduta exemplar e uma participação social restrita aos eventos culturais e projetos assistenciais, para melhor cumprir seu papel social na educação e transmissão dos valores morais e cívicos da mulher gaúcha. A Família Tradicional conservadora representada, mulher como "adereço" do "Gaúcho".</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Essa é a ótica de "inclusão" do Tradicionalismo. Sua visão de "inclusão" não consegue ir além de ver a mulher como mantenedora do lar ou sua emasculação laboral. Uma das músicas fandangueiras mais clássicas das rádios e bailes gaúchos, com sua letra, que é de um machismo revelador do pensar tradicionalista:</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">(Música do grupo Tchê Garotos)</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><span class="pq6dq46d tbxw36s4 knj5qynh kvgmc6g5 ditlmg2l oygrvhab nvdbi5me sf5mxxl7 gl3lb2sf hhz5lgdu" style="animation-name: none; display: inline-flex; font-family: inherit; height: 16px; margin: 0px 1px; transition-property: none; vertical-align: middle; width: 16px;"><img alt="🎶" height="16" src="https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/t1f/1/16/1f3b6.png" style="animation-name: none; border: 0px; transition-property: none;" width="16" /></span>Tava cansado de me fazer de bonzinho</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Te chamando de benzinho de amor e de patroa</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Esta malvada me usava e me esnobava</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">E judiava muito da minha pessoa</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Endureci resolvi bancá o machão</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Ai ficou bem bom agora é do meu jeito</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">De hoje em diante sempre que eu te chamar</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Acho bom tu ajoelhá e me tratá com respeito</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Ajoelha e chora ajoelha e chora</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Quanto mais eu passo laço muito mais ela me adora<span class="pq6dq46d tbxw36s4 knj5qynh kvgmc6g5 ditlmg2l oygrvhab nvdbi5me sf5mxxl7 gl3lb2sf hhz5lgdu" style="animation-name: none; display: inline-flex; font-family: inherit; height: 16px; margin: 0px 1px; transition-property: none; vertical-align: middle; width: 16px;"><img alt="🎵" height="16" src="https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/t9e/1/16/1f3b5.png" style="animation-name: none; border: 0px; transition-property: none;" width="16" /></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Mas para além de machista, o gauchismo é HOMOFÓBICO em seu âmago. Na história já alcunhava os filhos de Pelotenses que voltavam do estudos na Europa de "abichornados" por adquirirem maneirismos mais educados de falar e agir. O Tradicionalismo sempre usou da "Pedagogia da Doma" para submeter àqueles que rompiam com sua visão brutalizada de sociedade. Os diferentes são tratados como animais chucros a serem domados. A diferença é aceita a base da piada e do deboche. E tão logo os diferentes queiram assumir protagonismo e não a submissa existência subserviente eles são alvo da "doma" por parte dos tradicionalistas. Foi assim em 2002 quando o advogado José Antonio San Juan Cattaneo, mais conhecido como Capitão Gay, foi agredido durante o desfile em homenagem aos 167 anos da Revolução Farroupilha, em Porto Alegre. Após o início do desfile o então governador Olívio Dutra, devidamente pilchado (traje típico) passar em revista a tropa de mais de mil homens, surge na frente do palanque das autoridades o advogado. Em trajes típicos, o Capitão Gay, retirando o chapéu, saúda o governador e logo após retira do bolso uma bandeira do movimento gay. Logo um cavalariano se aproxima e pergunta quem ele é, dando com o relho em suas costas. Mais seis cavalarianos se aproximam e começam a agredir o advogado a relhaços de tradionalistas ensandecidos. Quase todo o estado apoiou tal ação. Em 11 de setembro de 2014 o ódio homofóbico do movimento tradicionalista se volta contra si mesmo: no início da madrugada tradicionalistas raivosos colocam fogo no CTG Sentinelas do Planalto em Santana do Livramento. Tudo porque o patrão daquele CTG iria cediar 29 casamentos em um casamento coletivo onde um dos casais era um casal homoafetivo.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">É inegável que o Movimento Tradicionalista cria uma ideologia do Gauchismo que embota o tecido social com seus preconceitos imanentes e estruturas psicológicas e comportamentais impositivas. Tudo para manter-nos a cabresto na manutenção de uma sociedade favorável ao reinado de um mundo estancieiro, hoje chamado de ruralista, que, por exemplo, foi decisivo na Vitória de Jair Bolsonaro nos votos do estado. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Será que nos libertaremos destas imposições e seremos um povo realmente livre no pensar e nos costumes? Quando poderemos conviver de forma honesta com nosso passado escravista sem cantar um hino que desrespeita os negros com seu refrão "povo que não tem virtude acaba por ser escravo"?? Quando vamos conviver com as diferenças sem querer impor normativas animalescas? </div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Ninguém precisa ser domado!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">Termino com a belíssima letra da música "Herdeiros da Pampa Pobre" de Vaine Darde, interpretada pela banda Engenheiros do Hawaii:</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><span class="pq6dq46d tbxw36s4 knj5qynh kvgmc6g5 ditlmg2l oygrvhab nvdbi5me sf5mxxl7 gl3lb2sf hhz5lgdu" style="animation-name: none; display: inline-flex; font-family: inherit; height: 16px; margin: 0px 1px; transition-property: none; vertical-align: middle; width: 16px;"><img alt="🎶" height="16" src="https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/t1f/1/16/1f3b6.png" style="animation-name: none; border: 0px; transition-property: none;" width="16" /></span>Que pampa é essa que eu recebo agora</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">com a missão de cultivar raízes</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">se dessa pampa que me fala a história </div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">não me deixaram nem sequer matizes?</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">(...)</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">campos desertos que não geram pão</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">onde a ganância anda de rédeas soltas</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">(...)</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">porque eu não quero deixar pro meu filho</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">a pampa pobre que herdei de meu pai</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">herdei um campo onde o patrão é rei</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">tendo poderes sobre o pão e as águas</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">onde esquecido vive o peão sem lei</div><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">de pés descalços cabresteando mágoas<span class="pq6dq46d tbxw36s4 knj5qynh kvgmc6g5 ditlmg2l oygrvhab nvdbi5me sf5mxxl7 gl3lb2sf hhz5lgdu" style="animation-name: none; display: inline-flex; font-family: inherit; height: 16px; margin: 0px 1px; transition-property: none; vertical-align: middle; width: 16px;"><img alt="🎵" height="16" src="https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/t9e/1/16/1f3b5.png" style="animation-name: none; border: 0px; transition-property: none;" width="16" /></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;">A música: <span style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl py34i1dx gpro0wi8" href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fyoutu.be%2FPSscJRNAewk%3Ffbclid%3DIwAR0JJlZouahdnsjJhBowHUdDLoPH9w35SCOuYSXTEBCRQiLs8rziHqJgwVg&h=AT2jnCB1lf8HNqw93UhbM3s91G-uTs4yq_mayuuxkQtDIuAG2pgbhmKXuEb3sFotXDjQGyTZUb-gntajnoBqvlViao8vQqKStMRm3uHL4qXypH7bn6KS15lKtFBJXDFmlw&__tn__=-UK-y-R&c[0]=AT0gKiODOdnqfjPCDXZHZBChFdObrtvIT-59KUEJ4Fi5J9sGb8wYqJfIRAKShxZVdoecFKbzjUrXnOOzIUuUtc8zxMfXPMlhIm7pHpybCUID9e-VeEf8GRfggPqbSb-QLrkpIIEplVmWZ9RS1jubPe4kmbaKoc_E-4Vocwge-sCaXngU03NQzILcoOw" rel="nofollow" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none;" tabindex="0" target="_blank">https://youtu.be/PSscJRNAewk</a></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><span style="animation-name: none; font-family: inherit; transition-property: none;"><a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl q66pz984 gpro0wi8 b1v8xokw" href="https://www.facebook.com/groups/1168766426658925/user/100007254273365/?__cft__[0]=AZXgxw9UBICAdiPJG9riRVAzgutlT0BRMmeLI9h3XFWn8VxpVbKIcFhPEnXCyOlwRJfOmqq4x3C2WoKoKeLxtcG-lFzarHWDuD67WvPLqyp6zx3isWs_rypuRR6ctbHNKeHTj5xWEdEXdGAb8kAqa9fOf5vhn2ksg4XhYhkU-JsDBg&__tn__=-]K-y-R" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none;" tabindex="0"><div class="nc684nl6" style="animation-name: none; display: inline; font-family: inherit; transition-property: none;">Éric Vargas</div></a></span>: Professor de História e Filósofo</div></div></span></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-81919415956076860152021-01-05T15:55:00.002-08:002021-01-05T15:55:46.680-08:00📌📜🐎 SEMANA GAÚCHA... Contos Históricos do RS (Conto VI)<p> </p><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span style="font-family: inherit;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi11CAOEmprsSTla8xbsqQmqHTCTs2MSOBNariLx2tiYh5b5mfxhjSLO49N_w0gxNSw3iky8Q_eYsiRbpNcqDbuSm-TcPll8WWXGeHAuJw7Rm-8OPuOp4OMCrn1DSD7G4tfOrERmivbBMj_/s694/la%25C3%25A7ador.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="694" data-original-width="546" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi11CAOEmprsSTla8xbsqQmqHTCTs2MSOBNariLx2tiYh5b5mfxhjSLO49N_w0gxNSw3iky8Q_eYsiRbpNcqDbuSm-TcPll8WWXGeHAuJw7Rm-8OPuOp4OMCrn1DSD7G4tfOrERmivbBMj_/s320/la%25C3%25A7ador.jpg" /></a></div><br /><br />Uma memória reavivada em centenário da "Revolução" Farroupilha e o Paixão e seu romantismo pelo passado que conquistou nossas mentes à serviço do mundo estancieiro!</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 1935, Porto Alegre tinha apenas 300 mil habitantes. O lago Guaíba chegava na beirada de onde hoje passa a Av. Borges de Medeiros. O governador era o aliado de Getúlio Vargas, Flores da Cunha, que em conjunto com seu secretário, o industrial Alberto Bins, e o presidente da FARSUL, Dário Brossard, organizaram uma Feira Gigantesca no parque na então chamada Várzea da Redenção. Seria uma exposição para comemoração do Centenário da "Revolução" Farroupilha. Os jornais foram a loucura. A comemoração foi grandiosa! Eram 17 Enormes Pavilhões de países, mais 7 de estados, fora o enorme pavilhão do Rio Grande do Sul. A Exposição recebeu mais de 1 milhão de visitantes em seu período de duração, que foi de 20 de setembro de 1935 até 15 de janeiro de 1936 (ano das olimpíadas em Berlim/Alemanha Nazista). Tal enormidade de evento, vai relançar a imagética popular acerca da memória, não real, do que significou realmente a ""Revolução"" Farroupilha.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No ano de 1948, o tradicionalismo se reorganiza por meio de um movimento iniciado no colégio Júlio de Castilhos. Liderado por Barbosa Lessa e Paixão Cortes, tinha por objetivo organizar, criar um clube de apologia às ditas “tradições gaúchas” mais abertos que os clubisticos Grêmios Gaúchos anteriores. Deste movimento, surgem os CTGs, os Centros de Tradições Gaúchas, que em sua organização já demonstram uma estrutura administrativa que imita a estrutura de poder da estância. Esta estrutura tem, por exemplo, como principal diretor o patrão, seguido do capataz, este do sota capataz e depois pelos posteiros. Em um primeiro momento, os militares presentes nestas organizações eram somente da brigada militar, pois o separatismo vicejava no imaginário inicial, mas o MTG/CTGs soube se aliar à Ditadura Militar (1964---1985) e cada unidade militar sediada no RS adotou um "Galpão Crioulo". O Movimento Tradicionalista conseguiu se impor sobre a cultura popular e dar seu rumo ideológico ao impor a ideologia conservadora, preconceituosa e de exaltação do comportamento violento como sendo identidade imanente à todo riograndense. Pegou elementos culturais herdados dos indígenas como o chimarrão (erva mate era uma erva sagrada Guarani) e dos habitos dos indígenas pampeanos como os charruas no que tange o chiripá e a arte de cavalgar em perfeita sintonia com o animal. A Boleadeira também é indígena, a a bombacha é imposição mercadológica do Imperialismo Inglês de sobras que eram uniforme para o exército turco que não vendeu. O Folclorista Paixão, falecido em agosto de 2018, copiou danças folclóricas uruguaias e transmutou-as a nosso cotidiano. O Tradicionalismo é uma miscelânea do real, do irreal, de manipulações de significados e interpretações. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicDA0d420rSZ5ugeTJK3asIyRlpkiiBaYJbinrkJ34TTWKgjtYY0ElJf02zwzPu3iKIafoPVUUyiq7nIQFNNxuNHXnUflowgggTjpiVlid8kVKPG-52OPWuPyiu2UvhIgRFgur1ZC1iywG/s960/bandeia+nazista.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="648" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicDA0d420rSZ5ugeTJK3asIyRlpkiiBaYJbinrkJ34TTWKgjtYY0ElJf02zwzPu3iKIafoPVUUyiq7nIQFNNxuNHXnUflowgggTjpiVlid8kVKPG-52OPWuPyiu2UvhIgRFgur1ZC1iywG/s320/bandeia+nazista.jpg" /></a></div></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Não é porque determinadas práticas e representações sejam encontradas no “povo”, isto é, nas classes subalternas, que elas são do povo. A cultura popular , ao contrário do que muitos querem, não é composta apenas de elementos de resistência, mas é também composta de elementos de conformismo.(FONSECA, 1994, P.59)</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O TRADICIONALISMO pega elementos reais da cultura popular, herdados de geração em geração, que são elementos da vida simples e das heranças indígenas, que são todos colocados a serviço da construção da "herança" folclórica de um passado reacionário de apologia ao latifúndio explorador. Embotando assim a cultura popular e nublando a própria compreensão histórica de nosso passado. O TRADICIONALISMO É FOLCLORE, foi criado por folcloristas, mas NÃO É HISTÓRIA!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">E um dos elementos simbólicos mais vivos de permeabilidade do tradicionalismo como elemento que molda nossa mente e impregna essa identidade é o monumento do Laçador. Inaugurado em 20 de setembro de 1958 e em 1992 tornado símbolo de Porto Alegre, o monumento é onde convergem protestos, de pedidos de impeachmet da ex governadora Yeda/PSDB até outros mais humorados. Mas nada tem de humor quando se pensa no conservadorismo que essa visão de mundo latifundiária enseja no estado via aculturação do bruto, da "Pedagogia da Doma".Nas letras da música nativista que não se rendem ao embotamento tradicionalista, está a letra e música de Noel Guarany, "Potro sem Dono", que trás uma letra reveladora:</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span class="pq6dq46d tbxw36s4 knj5qynh kvgmc6g5 ditlmg2l oygrvhab nvdbi5me sf5mxxl7 gl3lb2sf hhz5lgdu" style="animation-name: none !important; display: inline-flex; font-family: inherit; height: 16px; margin: 0px 1px; transition-property: none !important; vertical-align: middle; width: 16px;"><img alt="🎶" height="16" src="https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/t1f/1/16/1f3b6.png" style="animation-name: none !important; border: 0px; transition-property: none !important;" width="16" /></span>Vai potro sem dono, vai livre como eu.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Se a morte lhe faz negaça,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Joga a vida com a sorte.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Despresando a própia morte,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Não se prende a preconceito.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Nem mata a sede com farsa,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Leva o destino no peito.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Na seiva da madrugada,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Vai florescendo a canção.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Aquece o fogo de chão,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Enxuga meu pranto de ausência,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Nesta guitarra campeira,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Velho clarim da querência.<span class="pq6dq46d tbxw36s4 knj5qynh kvgmc6g5 ditlmg2l oygrvhab nvdbi5me sf5mxxl7 gl3lb2sf hhz5lgdu" style="animation-name: none !important; display: inline-flex; font-family: inherit; height: 16px; margin: 0px 1px; transition-property: none !important; vertical-align: middle; width: 16px;"><img alt="🎵" height="16" src="https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/t9e/1/16/1f3b5.png" style="animation-name: none !important; border: 0px; transition-property: none !important;" width="16" /></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A música: <span style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl py34i1dx gpro0wi8" href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fyoutu.be%2FHxmIVwR4t5I%3Ffbclid%3DIwAR2GWMeH4wK3Txb36ddMXnXBEv_U0d9ea5I1f94_-SVv0_k6g-DbMAjM9_Y&h=AT3OUuyVZxhgfcAtQbT48q3_9jxdjhaI9tePqNDoPi12qRDACLE6_SU95W0teI6Lx2ST4SREPeiQeWWLSSq4z1uXU66Q4hguVVZj7FUEGijTsRDetUQ6gmFWrCpatg6Rrw&__tn__=-UK-y-R&c[0]=AT2vbwgIB5tZtjMDZ1_V0vxsAR7ptpMg-7u2HTBTtn1yYgwcO9BlguXfoN5UexO7Nr2IWDaSmJaTJAhs6-dm0nzgYJQEtirWH-LHKVZHJJ0eWSM45XtsQnxAQ2m0iKleTiYsCDo754ukNfgL4-280SMfPrPrC7SfzX_BwxqK1tMAjp-tN74" rel="nofollow" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; background-color: transparent; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;" tabindex="0" target="_blank">https://youtu.be/HxmIVwR4t5I</a></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl q66pz984 gpro0wi8 b1v8xokw" href="https://www.facebook.com/erikgediel.bomberman?__cft__[0]=AZWmiFutkmUejXrJE5tZMGGLbZMSHAe0kHT9mYhM2TXc307DKSXsTzXCZgZ-O60vLtcOFXClgr-C-lei1femTBN5BFi7MCkjztZ3V1NhWhIMTN6jX1gBWWl4rPkXg0Iyeq4W_o64XcuJdViDWL7PhQDT-qYIpXpGivD-ODiOQN4AAg&__tn__=-]K-y-R" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; background-color: transparent; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;" tabindex="0"><div class="nc684nl6" style="animation-name: none !important; display: inline; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Éric Vargas</div></a></span>: Professor de História e Filosofia da rede pública estadual do RS.</div></div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-80081913887148370412021-01-03T18:47:00.002-08:002021-01-03T18:47:31.845-08:00📌📜 SEMANA GAÚCHA... Contos Históricos do RS (conto V)<p> </p><div style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="qbxu24ho bxzzcbxg lxuwth05 h2mp5456 ue3kfks5 pw54ja7n uo3d90p7 l82x9zwi goun2846 ccm00jje s44p3ltw mk2mc5f4 frvqaej8 ed0hlay0 afxsp9o4 jcgfde61 tvfksri0 ozuftl9m" style="animation-name: none !important; border-bottom-color: var(--divider); border-left-color: var(--divider); border-radius: 8px; border-right-color: var(--divider); border-style: solid; border-top-color: var(--divider); border-width: 1px; font-family: inherit; margin-left: 12px; margin-right: 12px; transition-property: none !important;"><div class="" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="hqeojc4l" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin-top: -1px; transition-property: none !important;"><div class="" dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="" dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc ihqw7lf3 dati1w0a" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; padding: 4px 16px 16px; transition-property: none !important;"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg" style="animation-name: none !important; display: flex; flex-direction: column; font-family: inherit; margin-bottom: -5px; margin-top: -5px; transition-property: none !important;"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; transition-property: none !important;"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql rrkovp55 a8c37x1j keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v knj5qynh oo9gr5id hzawbc8m" dir="auto" style="animation-name: none !important; color: var(--primary-text); display: block; font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; line-height: 1.3333; max-width: 100%; min-width: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; word-break: break-word;"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">Por, </span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">Eric Vargas: Professor de História</span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"><br /></span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">Militares e fazendeiros, os herdeiros do latifúndio escravista pariram seu filho:</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O TRADICIONALISMO. Muito antes do MTG!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No ano de 1898, é fundado em 22 de maio, na cidade de Porto Alegre, o 1° Grêmio Gaúcho. É a data oficial de nascimento do Tradicionalismo, Inspirado nas idéias do Partenon literário e nas Sociedades Crioulas que existiam no Uruguai, João Cezimbra Jacques, um major, republicano e positivista, cria essa entidade com o intuito de cultuar as tradições gaúchas, tendo como herói e símbolo máximo, o general da revolução Farroupilha, Bento Gonçalves da Silva (assim sendo, o símbolo máximo deste movimento era um militar/latifundiário). O papel dos Grêmios Gaúchos seria de "reviver os bons costumes antigos e cultuar as grandes datas cívicas do RS", tudo dentro da visão Positivista, elitista e militarizada do conservadorismo que além disso só admitia pessoas que soubessem ler (algo um tanto difícil na época no RS) e que tivessem postos importantes na sociedade. Vários Grêmios Gaúchos foram fundados pelo estado: Pelotas (1899); Santa Maria (1901); Santa Cruz e Encruzilhada (1902); São Leopoldo (1938); Ijuí (1943). Nesta época da fundação do último já surgia o CTG moderno que ligado ao MTG levava às massas a aculturação fechada dos Grêmios Gaúchos. Era o início da imposição à todo o povo Riograndense da visão de mundo dos latifundiários, seus preconceitos raciais e de classe impregnaram a epiderme social via manipulação histórica que confunde o real, o herdado dos indígenas com o irreal, o inventado, o folclore se sobrepunha à História. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnapzk1vIxSQp3ThgaVKafDfZljb59dKMpTtKwZ5F_2xF5Z0bB15xvbGR22r3jqObxWHXFM-KqbHechurBMsHkiJW4Xd3ffURD6RgtRFFRrf74wo0_gTvBTzKMSGpZksQ7_RxmgJCij-l0/s960/119593654_2774677942783988_6022865447386062339_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="646" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnapzk1vIxSQp3ThgaVKafDfZljb59dKMpTtKwZ5F_2xF5Z0bB15xvbGR22r3jqObxWHXFM-KqbHechurBMsHkiJW4Xd3ffURD6RgtRFFRrf74wo0_gTvBTzKMSGpZksQ7_RxmgJCij-l0/s320/119593654_2774677942783988_6022865447386062339_n.jpg" /></a></div></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em meio à ascensão dos Grêmios Gaúchos o escritor João Simões Lopes Neto publica o livro "Lendas do Sul" em 1912, e entre algumas histórias de ode a farroupilhas para postular sua subserviência de classe, ele também publica uma versão da velha lenda de resistência do negro escravo dos estancieiros do sul, era a lenda do Negrinho do Pastoreio que serviu de inspiração ao artista Vasco Prado que colocou uma obra extremamente crítica ao tradicionalismo míope no coração do latifúndio . . . o município de ALEGRETE, na Praça Rui Ramos (conhecida pelos alegretenses por Praça dos Patinhos . . . apesar de há decadas nem sinal de patos). Sobre a obra (na imagem da postagem) saiu a seguinte notícia no Jornal Correio do povo no ano de sua inauguração:</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4nKfYtbwt-j9aDB-7or5VzjYiFRRprbhejHYKAeud1o6_vNpJvrEBWwYBDDTU_dcKsutsPY8J9QFivKZ-md02Vo85Ji9PTd7xfVDuKah_442I0j7mZ0ybqJzNlqrD-LNBfSAhyphenhyphenChjtviD/s720/119497676_2774678002783982_4519285211978394859_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="607" data-original-width="720" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4nKfYtbwt-j9aDB-7or5VzjYiFRRprbhejHYKAeud1o6_vNpJvrEBWwYBDDTU_dcKsutsPY8J9QFivKZ-md02Vo85Ji9PTd7xfVDuKah_442I0j7mZ0ybqJzNlqrD-LNBfSAhyphenhyphenChjtviD/s320/119497676_2774678002783982_4519285211978394859_n.jpg" width="320" /></a></div>“O cavalo, com formas desproporcionais, mostra que o animal é mais valorizado que o homem, o qual é representado pelo Negrinho, com uma cabeça reduzida, dado ao seu subdesenvolvimento intelectual; a barriga côncava por que tem fome, porque é subnutrido, e seus braços erguidos pedem paz e mostram que ele se libertou dos grilhões que o prendiam a uma economia [...], enquanto que o cavalo alça vôo em direção a Usina Termoelétrica Oswaldo Aranha, localizada perto da praça, que representa um marco de desenvolvimento da região.” (CORREIO DO POVO,1977 apud GOLIN, 1983, p.94)</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Hoje muitos alegretenses nem apercebem-se do significado crítico da obra enquando sorvem seu chimarrão nas imediações.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">ABAIXO: fotografia da época da inauguração do Monumento "Negrinho do Pastoreio", de Vasco Prado, no Alegrete, no coração do Pampa Gaúcho. Além do "Negrinho" (CENTRO) e o Artista.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBVYbWia0aLmEt5_VvPDaWgueSk3Ab4p80dGCKXe70TikiBoNnBmw9AXMSEkmqBOIK1x_rmznIUcFyguDYHhUZ2qnSxSCkewtDcVokhOWJAWEAiQJzr6y2J7Z-u8R1RPeGMKhzE0hqfzlZ/s661/119647235_2774677882783994_4833441506763598111_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="454" data-original-width="661" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBVYbWia0aLmEt5_VvPDaWgueSk3Ab4p80dGCKXe70TikiBoNnBmw9AXMSEkmqBOIK1x_rmznIUcFyguDYHhUZ2qnSxSCkewtDcVokhOWJAWEAiQJzr6y2J7Z-u8R1RPeGMKhzE0hqfzlZ/s320/119647235_2774677882783994_4833441506763598111_n.jpg" width="320" /></a></div>Eric Vargas: Professor de História</div></div></span></div></div></div></div></div></div></div></div></div><div style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="stjgntxs ni8dbmo4 l82x9zwi uo3d90p7 h905i5nu monazrh9" data-visualcompletion="ignore-dynamic" style="animation-name: none !important; border-radius: 0px 0px 8px 8px; font-family: inherit; overflow: hidden; transition-property: none !important;"><div style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #1c1e21; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; transition-property: none !important;"><div style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="ozuftl9m tvfksri0" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; margin-left: 12px; margin-right: 12px; transition-property: none !important;"><div class="rq0escxv l9j0dhe7 du4w35lb j83agx80 pfnyh3mw i1fnvgqd gs1a9yip owycx6da btwxx1t3 ph5uu5jm b3onmgus e5nlhep0 ecm0bbzt nkwizq5d roh60bw9 mysgfdmx hddg9phg" style="align-items: stretch; 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transition-property: none !important; word-break: break-word;"><span style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Curtir</span></span></div></div><div class="n00je7tq arfg74bv qs9ysxi8 k77z8yql i09qtzwb n7fi1qx3 b5wmifdl hzruof5a pmk7jnqg j9ispegn kr520xx4 c5ndavph art1omkt ot9fgl3s" data-visualcompletion="ignore" style="animation-name: none !important; border-radius: 4px; font-family: inherit; inset: 0px; opacity: 0; pointer-events: none; position: absolute; transition-duration: var(--fds-duration-extra-extra-short-out); transition-property: none !important; transition-timing-function: var(--fds-animation-fade-out);"></div></div><div aria-label="Reagir" class="oajrlxb2 gs1a9yip g5ia77u1 mtkw9kbi tlpljxtp qensuy8j ppp5ayq2 goun2846 ccm00jje s44p3ltw mk2mc5f4 rt8b4zig n8ej3o3l agehan2d sk4xxmp2 rq0escxv nhd2j8a9 pq6dq46d mg4g778l btwxx1t3 pfnyh3mw p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x tgvbjcpo hpfvmrgz b4ylihy8 rz4wbd8a b40mr0ww a8nywdso pmk7jnqg i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of du4w35lb lzcic4wl abiwlrkh p8dawk7l pphx12oy hmalg0qr q45zohi1 g0aa4cga" role="button" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; 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background-repeat: no-repeat; background-size: auto; display: inline-block; filter: var(--filter-secondary-icon); height: 16px; transition-property: none !important; vertical-align: -0.25em; width: 16px;"></i><div class="n00je7tq arfg74bv qs9ysxi8 k77z8yql i09qtzwb n7fi1qx3 b5wmifdl hzruof5a pmk7jnqg j9ispegn kr520xx4 c5ndavph art1omkt ot9fgl3s" data-visualcompletion="ignore" style="animation-name: none !important; border-radius: inherit; font-family: inherit; inset: 0px; opacity: 0; pointer-events: none; position: absolute; transition-duration: var(--fds-duration-extra-extra-short-out); transition-property: none !important; transition-timing-function: var(--fds-animation-fade-out);"></div></div></div><div class="rq0escxv l9j0dhe7 du4w35lb j83agx80 cbu4d94t g5gj957u d2edcug0 hpfvmrgz rj1gh0hx buofh1pr n8tt0mok hyh9befq iuny7tx3 ipjc6fyt" style="animation-name: none !important; box-sizing: border-box; display: flex; flex-direction: column; flex: 1 1 0px; font-family: inherit; max-width: 100%; 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Contos Históricos do RS (conto IV)<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span style="font-family: inherit;">A RE_invenção do gaúcho, de regionalismo literário, Partenon de Falsos Deuses em escrita para Fazendeiros endeusados. </span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Devemos nos orgulhar de nossa identidade, Gaúcha: indígena, mestiça, campeira, nativista, missioneira.MAS... não somos esse "gaúcho" criado pelo MTG!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Terminada a Revolta Farroupilha, com a rendição dos farrapos que foram incorporados ao Exército Imperial Brasileiro, com escravos que lutaram pelos farroupilhas voltando à escravidão e gaúchos voltando a vagar pelos pampas em troca de trabalho sazonal, o latifúndio pecuarista manteria a hegemonia econômica até por volta de 1920/30. Em 1860 Porto Alegre tinha pouco mais de 20mil habitantes, comerciantes tinham medo dos ideais libertários de alemães. Nos pampas o gaúcho errante, mestiço e incorporador dos costumes dos indígenas (charruas e guaranis já praticamente exterminados) também desapareciam. Se tornavam moradores pobres de cidades e vilarejos porque nesta mesma época chegava o arame que cercava as estâncias (famoso arame Gorgom que vinha liso e no recém inventado farpado, 1874). Com isso sumiram postos de trabalho como dos posteiros de estância. A Guerra do Paraguai recém havia acabado, novamente negros foram enganados com promessas de liberdade, foram enviados como "voluntários da Pátria"(Até hoje nome de ruas). A Bombacha se tornava a vestimenta campeira nessa época, foi uma venda de milhares de peças impostas pelo Imperialismo inglês que produziu-as originalmente para o exército turco (pantalonas turcas). Foram dadas várias peças a cada membro da cavalaria gaúcha na Guerra do Paraguai que distribuíram/venderam e a espalharam. E assim, primeiro em histórias orais o "Gaúcho" foi perdendo a conotação negativa (chamar um general farroupilha de "gaúcho" era desculpa para tomar um tiro deles). </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5ToTo8y__-3TCBlbX-CSmprlX9u5eJ7hCZKiipLVildeRlq_DhtupB6zIok7m-ABMfPLCP2L-3GnOBbJPGcPIfaKHp_oGmI_Ypxq0gQRaBBVJuz3MRpaW9QtxGkhE_8DgJRfVkiPE5NW3/s999/119137987_2773514562900326_2678509962908699507_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="999" data-original-width="654" height="497" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5ToTo8y__-3TCBlbX-CSmprlX9u5eJ7hCZKiipLVildeRlq_DhtupB6zIok7m-ABMfPLCP2L-3GnOBbJPGcPIfaKHp_oGmI_Ypxq0gQRaBBVJuz3MRpaW9QtxGkhE_8DgJRfVkiPE5NW3/w347-h497/119137987_2773514562900326_2678509962908699507_o.jpg" width="347" /></a></div>O Gaúcho, com o significado que conhecemos hoje, foi sendo inventado pela literatura regionalista do final do seculo XIX. O primeiro trabalho que conferia ao Gaúcho a condição de herói fronteiriço foi obra de ficção de um autor que nunca esteve no RS, José de Alencar, foi o livro "O Gaúcho" de 1870. Em 1868 tinha sido criado em Porto Alegre uma associação de intelectuais, o Partenon Literário (Partenon era o nome do templo à deusa Atena na Atenas da Grécia Antiga) no qual eles escreveriam celebrações às elites locais das quais dependiam. Liderados por Apolinário Porto Alegre e Caldre e Fião, caberia aos integrantes louvar os personagens da Revolta Farroupilha alçados ao papel de heróis que representariam a honra, liberdade e igualdade (mesmo sendo estancieiros escravistas que matavam índios, exploravam os gaúchos errantes e fossem autoritários). NASCIA O MITO DO GAÚCHO! Para dar certo, esta celebração de um gaúcho mitológico criava a falsa idéia que o gaúcho sem nação e errante era um análogo dos cavaleiros da Idade Média quando acompanhava seus comandantes fazendeiros nas batalhas e lidas. Colocavam um rompante europeu que nem lá na Europa existiu na realidade, foi fruto do romantismo. Depois vieram os clubes de "tradição" (baseados nessa romanização irreal da literatura regionalista), os "Grêmios de tradição gaúcha" (1898) e além o MTG (1948) . . . mas isso é papo para os próximos contos destas nossas ilusões que só são desculpas para criar uma identidade que ignora as diferenças de classe entre exploradores e explorados e são desculpa para alguns montarem acampamentos em uma capital que nunca foi farrapa!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Sobre a reinvenção do significado de gaúcho de forma a-histórica com uso de romantismo medieval, lembro da música "Longe demais das capitais" do Engenheiros do Hawaii (1986):</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span class="pq6dq46d tbxw36s4 knj5qynh kvgmc6g5 ditlmg2l oygrvhab nvdbi5me sf5mxxl7 gl3lb2sf hhz5lgdu" style="animation-name: none !important; display: inline-flex; font-family: inherit; height: 16px; margin: 0px 1px; transition-property: none !important; vertical-align: middle; width: 16px;"><img alt="🎵" height="16" src="https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/t9e/1/16/1f3b5.png" style="animation-name: none !important; border: 0px; transition-property: none !important;" width="16" /></span>"""Eu sempre quis viver no velho mundo, na velha forma de viver. (...) nossa cidade é tão pequena e tão ingênua, estamos longe demais das capitais!"""<span class="pq6dq46d tbxw36s4 knj5qynh kvgmc6g5 ditlmg2l oygrvhab nvdbi5me sf5mxxl7 gl3lb2sf hhz5lgdu" style="animation-name: none !important; display: inline-flex; font-family: inherit; height: 16px; margin: 0px 1px; transition-property: none !important; vertical-align: middle; width: 16px;"><img alt="🎶" height="16" src="https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/t1f/1/16/1f3b6.png" style="animation-name: none !important; border: 0px; transition-property: none !important;" width="16" /></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Link da música:<span style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl py34i1dx gpro0wi8" href="https://youtu.be/QO19N4fFL8c?fbclid=IwAR2_rjxFdxdn-pubkTFzXU5WRgehSM96NIvAmrY3vRNpz1hBw2j9E0L491c" rel="nofollow" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; background-color: transparent; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;" tabindex="0" target="_blank">https://youtu.be/QO19N4fFL8c</a></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Abaixo: Fotografia "The Gaucho", a mais antiga fotografia conhecida de um Gaúcho. Tirada no norte da Argentina, no ano de 1840, pouco mais de 10 anos da invenção da fotografia. Naquele tempo o fotografado tinha de ficar mais de 20min parado em frente a câmera para uma boa fotografia. Fotógrafo desconhecido!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; text-align: left; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><span style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl q66pz984 gpro0wi8 b1v8xokw" href="https://www.facebook.com/groups/1609494435952956/user/100007254273365/?__cft__[0]=AZWHFdXCIcxl6-pFGFizHdf5x4Kuufot2_YbW15vojHxYrmdoUlQBgNJUPNUtCZ4rxXVGe9GqRuxsOLsqtUgaKzyZ6vwknPvEIHzUlvroamTj1tkn9eLzr8sutfLnrut7Z1s-AU0yI9dAP5BQ8D8R92sf7q56yFiWrNIeSmp1tp4Mg&__tn__=-]K-y-R" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; background-color: transparent; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;" tabindex="0"><div class="nc684nl6" style="animation-name: none !important; display: inline; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Éric Vargas</div></a></span>: professor de História e Filosofia da rede pública estadual do RS.</div></div></div><br /> <p></p>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-30313012693200490352020-09-16T13:51:00.009-07:002020-09-16T13:57:41.639-07:00📜Contos Históricos do RS: A Revolta não foi Revolução, Porto Alegre que nunca foi farrapa, vice presidente assassinado no Alegrete e as mentiras destes estancieiros. (CONTO III)*<div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><span style="font-family: inherit;"><br /><br /> O MTG NÃO CONTA ASSIM...</span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">A """REVOLUÇÃO""" FARROUPILHA...</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify; transition-property: none !important;"><span style="clear: right; float: right; font-size: 15px; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; white-space: pre-wrap;"><img border="0" data-original-height="403" data-original-width="720" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPCHzFWNNvuc9ZvMV7h1WLPTw2bfWvCB3qMbKsPYd7iKR-JWN4w2zNoi5eCcONVdcAbix2Z2SbFmBoQaKX5rtUORNuStH-TrvSOHJwVZBMlC4xAP5yWnYglyytmsX-FL0HMGTdsCnAwLsl/s320/farraposcovardes.jpg" style="text-align: left;" width="320" /></span><br /><span style="color: #e4e6eb; font-family: inherit;"><span style="font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">Na década de 1830 o Rio Grande do Sul tinha pouco mais de 150 mil habitantes, quase um terço da população eram de escravos negros. 15.000 escravos entraram no estado somente na janela temporal de 1814 à 1823. Poucos detinham a propriedade da </span></span><span style="color: #e4e6eb; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">terra. Eram colonos na região de Porto Alegre e litoral Norte. Nos resto do estado reinavam os estancieiros sesmeiros que exploravam a mão de obra de escravos negros, e de indígenas, </span><span style="color: #e4e6eb; font-family: Segoe UI Historic, Segoe UI, Helvetica, Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">mestiço</span></span><span style="color: #e4e6eb; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">s mal pagos e de errantes (gaúchos) nas épocas de verão quando havia os abates e rodeios de marcação. Foi neste estado desigual que estancieiros reclamavam de qualquer tipo de impostos. Os ricos da metade norte reclamavam ter o peso dos impostos sobre si enquanto os criadores de gado das estâncias pouco pagavam. O historiador Moacyr Flores comenta: "O presidente da província pretendia criar impostos </span><span style="color: #e4e6eb; font-family: inherit;"></span><span style="color: #e4e6eb; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">sobre a propriedade rural, pois não achava justo que grandes latifundiários nada pagassem, enquanto o habitante do núcleo urbano, às vezes, tendo </span><span style="color: #e4e6eb; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">apenas uma casinhola para viver, pertencesse ao único grupo contribuinte de impostos territorial e predial." Os latifundiários só aceitavam impostos sobre a produção e nunca sobre seu capital. </span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; color: #e4e6eb; font-family: inherit; font-size: 15px; text-align: justify; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; clear: left; float: left; font-family: inherit; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify; transition-property: none !important;">Em 1831 D. Pedro I é corrido do Brasil por forças federalistas e se inicia o Período Regencial na espera da maioridade de D. Pedro II. Estouram revoltas como a Setembrada no Ceará onde caboclos pobres foram esmagados pelo mercenário frances Labatut. Em 1835 estouram duas revoltas que dizem muito sobre o Brasil: a Revolta dos <span style="font-family: inherit;">Malês, na Bahia, uma revolta de escravos muçulmanos influenciados pelo movimento muçulmano africano de Osmã Dan Fodio, o segundo movimento foi a ch</span><span style="font-family: inherit;">amada Revolução Farroupil</span><span style="font-family: inherit;">ha, de estancieiros influenciados distantemente por ideais jacobinistas dos "sans cul</span><span style="font-family: inherit;">ottes"(por isso "farrrapos"). O primeiro movimento foi massacrado, o seg</span><span style="font-family: inherit;">undo foi perdodado e indenizado.</span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; clear: right; float: right; font-family: inherit; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify; transition-property: none !important;"><img border="0" data-original-height="427" data-original-width="720" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMt0z_Q4ZPbIkHLyZOgypM9C66-Eb0GsbxRINALlE1lPWZYxmTcMqh1eFRjNgQo8g2ZE5wg483dj138hMpzMlJ1CQ25AawlUARLG1Q2b2BU9gsxja8iyQKGfHWLSeIF4R6D88ieGWEyD6S/s320/lanceiros+negros.jpg" style="font-family: inherit; text-align: left;" width="320" /></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; clear: right; float: right; font-family: inherit; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify; transition-property: none !important;"><span style="font-family: inherit;">A </span><span style="font-family: inherit;">Cabanagem, revolta de pobres moradores de cabanas do Grão Pará acabou com a morte de 30 mil pessoas das quais só se lembra apelidos. Em 1839 os farroupilhas vão à Santa Catarina iniciar a República Juliana, tomam Laguna, Canabarro se torna presidente mas dura poucos meses e é retomada pelo Império. De ganho só o coração de Anita por Garibaldi. E a partir daí só derrotas: 18 de julho, Bento Manoel troca de novo de lado; 1840 . . . 3 de maio, derrota no rio Taquari; 11 de junho derrota no arroio Salso; 16 de julho, São José do Norte resiste e derrota o cerco farroupilha. Em Novembro Bento Gonçalves é derrotado em Viamão e morre Rossetti que escrevia o jornal "O Povo" dos farroupilhas. Em 1841 Garibaldi abandona estes fazendeiros escravistas. Caçapava, a 2a capital farroupilha é tomada(a 1a foi Piratini) pelos legalistas e os documentos se mudam em carros de boi para São Gabriel e de lá para Bagé e de lá para Piratini e de lá para São Gabriel de novo e de lá para Bagé, de novo, e de lá para Cacequi e de lá para o Alegrete (3a capital) e lá é convocada a Assembleia Constituinte da República Riograndense, algo jocoso e tosco para quem nem dominava mais nada! No meio dos debates o vice-presidente farrapo, Antônio Paulo da Fontoura, é morto com um tiro pela janela de um casarão que havia na rua Vasco Alves. Dizem que foi morto por um marido corno que foi guampeado pela esposa com o vice presidente. Mas as suspeitas recaíram em Bento Gonçalves que por isso duelou com Onofre Pires em Livramento, morrendo Onofre. Bento Manoel marcha com tropas legalistas cedidas por Caxias em direção à Alegrete e a capital farroupilha vira um amontoado de caixas em carros de boi escondidos em grotas na serra do Caverá.</span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; clear: right; float: right; font-family: inherit; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify; transition-property: none !important;">O dia 20 de set<span style="font-family: inherit;">embro de 1835 seria</span><span style="font-family: inherit;"> o início das o</span><span style="font-family: inherit;">perações militares dos farroupilh</span><span style="font-family: inherit;">as. Queriam tomar Po</span><span style="font-family: inherit;">rto Alegre e derrubar o presidente da província (Fernandes Braga). A primeira ação já foi na noite do dia 19, perto da ponte da Azenha, nos arredores da POA da época (hoje Monumento da Ponte de Pedra__onde passava o navegável arroio Jacareí, hoje desviado, tornando-se o poluído Arroio Dilúvio). </span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; clear: left; float: left; font-family: inherit; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify; transition-property: none !important;">Em Alegrete, Bento Manoel consegue uma Declaração Pacificadora, assinada por todos os vereadores, pedindo paz. E com 200 homens sai em nome da pacificação e sem aderir aos re<span style="font-family: inherit;">voltosos. Perto </span><span style="font-family: inherit;">d</span><span style="font-family: inherit;">a cidade de Cachoeir</span><span style="font-family: inherit;">a, Bento Manoel é acossado e foge perdendo até as botas! Em março de 1836 Bento Manoel desabafa assim à um amigo embaixo de um salso chorão às margens do rio Santa Maria: "infelizmente fui um dos formadores do movi</span><span style="font-family: inherit;">mento, me afasto porque está fugindo dos propósitos do começo, do jeito que está, vamos trocar um ditador por outro." Bento Manoel deu a primeira grande derrota aos farroupilhas às margens da Lagoa Funda em Passo do Rosário, 17 de março de 1836. Logo depois libertou Porto Alegre do cerco farroupilha, que o recebeu à badaladas de sinos das Igrejas. Em 11 de setembro de 1836 ocorreu a batalha nos campos de Bagé entre 560 legalistas comandados por João Nunes sa Silva Tavares contra 430 homens sob comando do farroupilha Neto. Neto vence porque Tavares perdeu o freio do cavalo, saiu campo afora e confundiu suas tropas. Após Neto proclama a República Riograndense. Isso tapa de nojo Bento Gonçalves que estava no cerco à Porto Alegre em Viamão. Bento Gonçalves logo é derrotado na Batalha do Fanfa, ilha do Fanfa no rio Jacuí. É capturado e enviado ao RJ. Enquanto isso Neto entrava no estado com tropas do Uruguaio Rivera que já tinha invadido o RS em 1828 na região das Missões e levado guaranis para a morte no massacre em Bella Unión (1832). Era no Uruguai que os farroupilhas vendiam escravos para pagar por pólvora. Bento Manoel troca de lado quando um amigo latifundiário é afastado do comando militar. Em 1837 Bento Gonçalves fugia da prisão no RJ, voltava com os italianos Garibaldi e Rossetti. No RJ teve o golpe da maioridade, D. Pedro II assumia.</span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">Em 1844 a guerra já estava perdida pelos farrapos. Assim, Canabarro negociou o assassinato dos negros que lutaram pelos farroupilhas sob a mentira de que seriam libertos ao fim do conflito. O Corpo de Lanceiros Negros, no seu auge, chegou a ter 8 unidades montadas de 51 homens cada. Mas haviam muitos outros na infantaria de libertos. A ideia de libertar escravos para se unirem às tropas farroupilhas veio do Gen. Netto, um verdadeiro abolicionista, que não tinha suas ideias seguidas pelos outros generais, que muito depois do conflito ainda tinham escravos em suas estâncias. As tropas de escravos libertos foram formadas após a derrota na Batalha do Fanfa (mas a liberdade nunca veio, mas a traição farroupilha sim). Essas tropas Negras eram temidas pelos soldados imperiais e todas com respeito pelo seu heroísmo em batalha. Giuseppe Garibaldi, assim descreveu os Lanceiros Negros na sua biografia "Memórias de Giuseppe Garibaldi": </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">"""""“[São] soldados de uma disciplina espartana, que com seus rostos de azeviche e coragem inquebrantável, punham verdadeiro terror ao inimigo. (…) Nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações.”"""""</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">DETALHE: a biografia de Garibaldi foi escrita em 1860, na Sicília, onde ele conheceu o escritor, Negro, francês, Alexandre Dumas, que em 1844 e 1845, havia lançado suas obras mais emblemáticas: "Os três mosqueteiros" e "O conde de Montecristo", respectivamente.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">Em 14 de novembro de 1844, ocorre o infame Massacre de Porongos, a traição covarde dos farroupilhas aos seus heróis negros. Os mais de 1000 negros entre lanceiros e infantaria foram desarmados antes do massacre e dos que não foram mortos foram capturados para voltar a serem escravos no RJ. E assim abriu terreno para a rendição na paz do Ponche Verde, úmido de sangue negro. Os latifundiários revoltosos ganharam cargos vitalícios como membros do exército brasileiro. Bento Gonçalves morre em 1847 deixando 53 escravos em sua fazenda em Camaquã. Neto foi acusado de roubar dinheiro da República Riograndense. Foram 3 mil mortos, do lado farrapo quase todos mortos foram negros (iludidos sob promessa de liberdade) e mestiços pobres (os gaúchos) que lutavam por comida e cama.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">Uma fala demonstra bem o que realmente motivou essa revolta que NUNCA FOI REVOLUÇÃO: Domingos José de Almeida, riquíssimo latifundiário, dono de charqueadas desabafa sobre o porque apoiou a revolta farroupilha depois de pagar impostos sobre o gado importado do Uruguai (quinto) e sobre o charque exportado (dízimo): </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">""""O governo central esquecia-se de que ele tinha de pagar os salários dos peões e outros funcionários e cuidar de cem escravos, vida dura!""""</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><span style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="nc684nl6" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; background-color: transparent; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;">*<a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl q66pz984 gpro0wi8 b1v8xokw" href="https://www.facebook.com/erikgediel.bomberman?__cft__[0]=AZV8Q_qgcpU1FSAFijMUxORvrx1-_2QNM6rqUsZhewXXrzekkvluvj6RapspBtZfsVqJJy70GqedQhsW9p7LzEB8HZkXg7rJYzaE6i2roxHkLQNS7Qj2kgW-pZIqSXRxg8t8D4IKRWeIsBiY9UNzH6pX&__tn__=-]K-y-R" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; background-color: transparent; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;" tabindex="0">Éric Vargas</a></div></span>: professor de História e Filosofia da rede pública estadual do RS.</div></div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-86117037565510991242020-09-16T13:33:00.000-07:002020-09-16T13:33:08.775-07:00📜Contos Históricos do RS: De paulista ganhando terras, estancieiros milicianos e até plantação de maconha (CONTO II)*<div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">Reflexão do Dia... Semana Gaúcha!!</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><span style="font-family: inherit;">O QUE NÃO TE CONTAM!!</span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">O Rio Grande do Sul a após matar seus índios: latifundiário nunca nos levou ao progresso!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; clear: right; float: right; font-family: inherit; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify; transition-property: none !important;"><img border="0" data-original-height="476" data-original-width="647" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ5p7n_-fsL9Ic9HQQxGkW5JOih3KKUSSP5NTA_rD7qkc-zJ7RswhrRnzObHnAvoXvwHlUUI1a-uI1eJkiKFlZVqIyUHfuqfMMAVHPLdso28MllCzUXDjOrnPiog6vA1Gjl2kx_Cz0wUdj/s320/camponesesn.jpg" width="320" /></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">Após as Guerras Guaraníticas o território missioneiro começou a ser ocupado por grandes lotes, sesmarias, doados pela coroa portuguesa à tropeiros paulistas e curitibanos que usavam mão de obra escrava ou semi escrava os indígenas Guaranis, minuanos e até Charruas sobreviventes (sendo que os charruas eram arredios e trabalhadores sazonais que por vezes levavam o gado das estâncias sesmeiras). As disputas territoriais com os espanhóis fez com que surgissem entrepostos/povoados militarizados. Os sesmeiros tratavam suas estâncias como bases militares, com posteiros nos limites sempre armados e patrões e peões sempre em patrulha. Mas a coroa portuguesa precisava de mais gente e, além de subsequente vinda de levas de escravospara atender os estancieiros, vieram colonos açorianos (do arquipelado de Açores no Atlântico Norte). Alguns chegaram em plena Guerra Guaranítica e não puderam seguir, por via fluvial, à região missioneira e se estabeleceram no chamado Porto de Dorneles (na verdade era Ornelas) nas margens do Lago Guaíba. Mas ali eram terras de um dos estancieiros milicianos, Jerônimo de Ornelas (depois ficou como Dorneles mesmo!) que mataram o líder dos açorianos sem terra que mesmo assim fundaram ali o vilarejo de Porto dos Casais, atual Porto Alegre. (Pois é, o primeiro sem terra no RS foi morto por um estancieiro Dorneles!). Até aí a única atividade econômica lucrativa no RS era a courama, ato de caçar bois selvagens que eram das criações indígenas e tirar o couro e abandonar a carcaça no campo! Logo a coroa portuguesa criou as chamadas Reais Feitorias do Linho-Cânhamo em Cânguçu e a outra no Faxinal do Courita (Hoje São Leopoldo). Plantaram campos de Cannabis para cordame de barcos e quem sabe outros usos...</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">Até as charqueadas, símbolo da riqueza advinda do latifúndio agropecuário veio pelas mãos de um cearense, José Pinto Martins, que montou a primeira charqueada para fins comerciais em 1780 na beira do arroio Pelotas. Em 1824, após a independência do Brasil e o fim das doações de sesmarias, vieram os primeiros imigrantes alemães ao RS. Estes ganhavam só 77hectares enquanto estancieiros ganhavam 3,6 milhas de cumprimento por uma de largura (1 milha terrestre equivale à 1,6km) e ainda mais outras em nome da mulher, cada parente agregado e até filho de colo. Colonos alemães ocuparam regiões de São Leopoldo até a Serra Gaúcha. Seguiram os açorianos (que já plantavam trigo) e iniciaram o plantio de diversificadas culturas que abasteciam tanto as cidades locais quando o resto do país. Enquanto nos latifundios da metade Sul do RS só escravos cuidavam de pomares e hortas, na metade Norte o desenvolvimento veio pela dinâmica do trabalho livre e produção para o consumo local. Em 1860 o RS já era chamado de "celeiro d<span style="font-family: inherit;">o Brasil" por culpa dos imigrante</span><span style="font-family: inherit;">s açorianos, alemães, italianos, que também desmataram e mataram índios nas ocupações da serra gaúcha e catarinense com seus "bugreiros" caçadores dos últimos indígenas, os caiguangues ("povo do mato" em tupi. Mistura de etnias perseguidas nas outras regiões). </span></div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;">E assim o RS se constituía: assassinou seus índios, tinha uma metade norte multicultural pela imigração que trazia também dinamismo econômico enquanto a metade sul tinha um polo de riqueza no charque e grandes vazios populacionais (criou estas distâncias gigantes entre as cidades nas regiões do Pampa) que pelo trabalho escravo só reproduz até hoje seu autoritarismo e impõe sua visão de mundo via aculturação do MTG. Foram estes escravistas atrasados que fizeram a "Revolta Farroupilha". Por isso a metade norte os ignorou e ficou com o Império!</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><br /></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: #242526; color: #e4e6eb; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; text-align: justify; transition-property: none !important;"><span style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;"><div class="nc684nl6" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; background-color: transparent; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;">*<br /><a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl q66pz984 gpro0wi8 b1v8xokw" href="https://www.facebook.com/erikgediel.bomberman?__cft__[0]=AZX-JCSdIVjeeG6SZrhPALYGWoByPxRf4xtKrFHmsGzX5IBLPI8hyFjcNmJUG9owEo-dwE0tu7XhxbnzVfg7RC4L-bPvxbKhGNs4Y41nVnX-RIa0MEf3R1wlovJ-U2Za_6FUIPyWaJGDAl79ODauCpvL&__tn__=-]K-y-R" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; background-color: transparent; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;" tabindex="0">Éric Vargas</a></div></span>: professor de História e Filosofia da rede pública estadual do RS.</div></div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-6614174590088089152020-09-16T13:22:00.000-07:002020-09-16T13:22:42.486-07:00📜Contos históricos do Rio Grande do Sul: As origens do termo """gaúcho""" e nossas heranças indígenas. (Conto I)*<div style="text-align: justify;"> </div><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">Reflexão do Dia... Semana Gaúcha!</span></div></span><div style="text-align: justify;">A História que NÃO TE CONTAM!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">O primeiro registro de """gaúcho""" surgiu em Santa Fé (atual Argentina) em 1617, quando "moços perdidos", vestidos ao estilo dos charruas, com botas de garrão de potro, chiripá e poncho, e assaltavam as estâncias de gado. Cartas jesuítas de 1686 falam nos "vagos ou vagabundos" pilhando estâncias missioneiras. Em 1820, Saint-Hilaire estabeleceu as diferenças entre o "campeiro", que trabalhava nas estâncias, e o "gaúcho", pilhador, ladrão que não entendia o significado de pátria. Notem, todas essas alcunhas vieram de escritores que representavam o poder político e econômico colonialista. Sendo assim podemos, numa perspectiva dos oprimidos, afirmar que o</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"> gaúch</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">o histórico negava a condição de domado pelos poderosos e ignorava acordos sociais. A etimologia da palavra vem do idioma dos índios andinos Mapuches, que quer dizer "homem solitário, solteiro". Ou seja, nada de parecido com a ideia de gaúcho que o MTG nos conta ou que o poder do latifúndio quer que saibamos, pois querem um gaúcho subserviente que odeia outros oprimidos como se ele o fosse parte dos opressores sem ser dono nem da terra debaixo das unhas ...</span><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="653" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia9pzUFQkKaxUlJm6-5S2qjRMUFaVjirgOZMuW-QuJESLmtIZqNeE3HGDYA-fTko3N_QtjuyG9lHGUsQlDKq3vtAW_hIbM6CNnQPBALGx9APsRoiZE1DcvAd8uDYxLpuiyeQzwQ30sFReA/w272-h179/gauchos+sentados.jpg" style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; text-align: left; white-space: pre-wrap;" width="272" /></div><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"><br /></span></div></span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">Gaúcho não existiria sem os indígenas locais! </span></div></span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">Exatamente, o gaúcho moderno nasce ainda no século XIX como identidade que misturava o gaúcho histórico (sem pátria, sem patrões) com o campeiro subserviente ao fazendeiro dono de estância. Foi dos indígenas que herdamos o chimarrão, da cultura Guarani que tinha na erva mate uma planta sagrada que estes plantavam junto aos jesuítas quando estes foram arregimentados para as Reduções (Missões) jesuíticas. Já o andar a cavalo, chiripá, churrasco de espeto cravado ao chão e a bravura vem dos charruas que habitavam os campos que hoje são a metade sul do RS, o Uruguai e o norte da Argentina. Mas foi exatamente o latifúndio em forma de sesmarias que aniquilou os indígenas. A ocupação do sul pelos portugueses inicia com a criação na Colônia do Sacramento (margem leste do Rio da Prata no atual Uruguai) em 1580.</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"> Quando da sua troca pelos Sete Povos Orientais (Sete Povos das Missões) em 1750, com o Trat</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">ado de Madrid, os portugueses e espanh</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">óis iniciaram uma Guerra contra os Guaranis que resistiram. Seu cacique Sepé Tiarajú tombou na batalha do Caiboaté (interior do atual munícipio de São Gabriel) no dia 7 de fevereiro de 1756 (no local de sua morte, em 1961 se construiu uma cruz de c</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">oncreto de 5 metros de altura) Mas antes gritou aos invasores: "esta terra tem dono!"</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"><br /></span></div></span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">Os charruas foram nunca foram arregimentados pelos jesuítas como</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"> os Guaranis ou fizeram acordos com portugueses como os minua</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">nos que habitavam a "boca do inferno" (ligação entre o Oceano Atlântico e a Lagoa dos Patos, atual cidadede Rio Grande). Os charruas conheceram o cavalo via cavalos selvagens introduzidos pelos colonizadores. Lutavam com bravura e nunca se adequavam aos europeus. Nunca foram escravizados. Foram caçados com brutalidade por portugueses e espanhóis. O gen. Rivera oferecia dinheiro a quem entregasse um par de orelhas e o saco escrotal de índio cha</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">rrua morto. Por fim e</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">le os traiu sob promessa de paz e os aniquilou. Os últimos 3 charruas (um homem, uma mulher e uma criança) foram enviados à França em 1831 para serem atração de um zoológico humano. Dizem que um dia o charrua os viu tentando domar um cavalo extremamente arredio e se aproximou, ele, com calma, aliso</span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">u o animal e em minutos montou-o sem rédeas. Espantados, os franceses perguntam como ele conseguiu domar o animal. Ao que o charrua responde: "eu não o domei, ele me escolheu para monta-lo!"</span></div></span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"><br /></span></div></span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">Estudos de 2001 da geneticista Maria Cátira Bortolini revelou</span><img border="0" data-original-height="348" data-original-width="720" height="143" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzOHYA0epov37el27aQd89xYmtXFy3doH7RDZp-I4ZkDCsTSwIsUZx3Bv9ODfqlEVWkL4J7W4Nr8TCLATouxbj129Sc0HxUaMzoM92GAIm3Kyb14MKNKVYL4d-vHNZzYHxknR5Hn3_4WHx/w287-h143/indios+ERic_n.jpg" style="text-align: left;" width="287" /><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"> que ainda temos presença da genética Charrua nos habitantes da região de fronteira. No sangue a resistência charrua que só falta descobrir que hoje está sendo enganado por uma versão de História contada pelo MTG que, para proteger a imagética do latifúndio, esconde a barbárie por detrás da ocupação deste território. Esconde a limpeza étnica dos indígenas pelas mãos do mesmo poder do estancieiro que hoje o quer de cócoras, sem revolta com a exploração para mais facilmente ser dominado. </span></div></span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;"> </span></div></span><span style="animation-name: none !important; color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;"><span style="animation-name: none !important; color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; transition-property: none !important;"><div class="nc684nl6" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;">*<a class="oajrlxb2 g5ia77u1 qu0x051f esr5mh6w e9989ue4 r7d6kgcz rq0escxv nhd2j8a9 nc684nl6 p7hjln8o kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x jb3vyjys rz4wbd8a qt6c0cv9 a8nywdso i1ao9s8h esuyzwwr f1sip0of lzcic4wl q66pz984 gpro0wi8 b1v8xokw" href="https://www.facebook.com/erikgediel.bomberman?__cft__[0]=AZXlHzTdqUkMsIVPzLu9iCniRFl68joko113k7Oa71udqoCdSrzqCxY_9Kunb3m9gdjKt0XoB41Dulf0D6bUU9XssE67JKg890bKOWdndeFXCddnfKdZHxQTCRbKIQx3hsmUHSPmqbtFpSVaSMmQo9Sx&__tn__=-]K-y-R" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; animation-name: none !important; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; font-family: inherit; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; transition-property: none !important;" tabindex="0">Éric Vargas</a></div></span><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem;">: Professor de História e Filosofia da rede pública estadual do RS. <br /><br /></span></div></span>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-48036091935818839592019-09-17T20:34:00.000-07:002019-09-17T20:36:53.634-07:00Guerra Farroupilha: História e Mito<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name">
</h3>
<div class="post-body entry-content" id="post-body-1929926395357164462" itemprop="description articleBody">
<b>MÁRIO MAESTRI</b><br />
<i>Historiador e professor universitário (UPF)</i><br />
<br />
<div>
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: red;"><b>1. A revolta dos grandes fazendeiros</b></span><br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglDrwKU-SF-2krvnsWtwqYcQHtvXL5xAEbBvcx5fZcz-nce8ejcF8VoHQgMXvBKM7apLWZTpPb5MCZF_BL9_l5prmaoXMYEMqTaEZx2fMWm8VN1OaKzzwBJO5ACYrDx95RkgGIfLGn_UE/s1600/Gaud%25C3%25A9rio.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="249" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglDrwKU-SF-2krvnsWtwqYcQHtvXL5xAEbBvcx5fZcz-nce8ejcF8VoHQgMXvBKM7apLWZTpPb5MCZF_BL9_l5prmaoXMYEMqTaEZx2fMWm8VN1OaKzzwBJO5ACYrDx95RkgGIfLGn_UE/s320/Gaud%25C3%25A9rio.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um <i>gaudério</i> devidamente <i>maneado</i> pelo mito</td></tr>
</tbody></table>
No extremo sul do Brasil, apenas os festejos da Semana
da Pátria, com o apogeu no 7 de Setembro, data da ruptura com ex-colônia
com Portugal, voltam para a garagem das efemérides anuais, aquecem-se
os motores para a largada da Semana Farroupilha, com linha de chegada em
20 de Setembro, data do ingresso dos rebeldes farroupilhas em Porto
Alegre, em 1835, inicio da ruptura da então província sulina com o
resto do país.<br />
<br />
Através do Rio Grande do Sul, como pequenos robôs esquizofrênicos, os
estudantes nas escolas públicas e particulares agitam primeiro as cores
verde e amarela das bandeirolas do unitarismo nacional, inaugurado em
1822, para saudarem dias mais tarde, com igual ânimo patriótico, o
verde-amarelo-vermelho do separatismo sul-rio-grandense de 35! <br />
<br />
Nenhum estado brasileiro celebra data cívica regional com tamanha
magnificência. Do Mampituba ao Chuí, do rio Uruguai ao oceano Atlântico,
nos pampas, na Serra, no Planalto, na Depressão Central e no Litoral,
organizam-se desfiles, celebrações, festas. A mídia comenta fartamente
os fatos do passado e as comemorações em desenvolvimento. De certo
modo, a Semana Farroupilha está para o gaúcho como o Carnaval está para o
carioca.<br />
<br />
A Semana Farroupilha é sobretudo festa pública. Desde que foi
oficializada, em setembro de 1964, no início do Regime Militar
[1964-1984], o governo estadual sul-rio-grandense abraçou fortemente as
comemorações, verdadeira tradição nas escolas públicas estaduais e
municipais. Nesse sentido, a passada administração petista [1999-2002]
apenas vergou-se à tradição nascida há mais de 30 anos, ao manter
retoques a festa patriótica regional.<br />
<br />
<b>Os com e os sem</b><br />
<br />
A celebração privada da independência farroupilha é também magnífica e portentosa. Almoços, jantares, bailes, <i>shows</i>,
conferências, acampamentos, palestras, exposições, etc. são realizados
na capital e no interior, sobretudo por iniciativa do Movimento
Tradicionalista Gaúcho – MTG –, através dos milhares de Centros de
Tradição Gaúcha – CTG – esparramados através do Estado.<br />
<br />
A Semana Farroupilha é unanimidade regional, congregando cidadãos de todas as regiões, origens, classes sociais e situações. Na <i>roda de chimarrão</i>, reúnem-se o ítalo, o teuto, o nipo, o luso, o afro-descendentes. Achegam-se à <i>chama crioula</i>
o bem empregado, o mal-empregado e o desempregado; o esquerdista, o
centrista e o direitistas; os com muito, os com pouco, os sem nada.<br />
<br />
Diante da pira cívica regional e da celebração das raízes e dos
princípios que seriam as mais lídimas expressões da Revolta Farroupilha,
realiza-se congregação suprapolítica, supra-racial e supra-social que,
no Brasil, repete-se apenas quando a Seleção Nacional entra em campo
vestindo a bandeira canarinho!<br />
<br />
Travada sobretudo no meridião do Rio Grande, a Guerra Farroupilha
constituiu apenas um entre os múltiplos movimentos armados liberais,
federalistas e separatistas terçados pelas elites proprietárias das
diversas regiões do Brasil, inicialmente, contra o regime colonial
lusitano e, após 1822, contra o Estado imperial brasileiro.<br />
<br />
Num desses paradoxos da história, a guerra farroupilha contra o regime
imperial foi movimento elitista, sem nenhum conteúdo social, promovido
sobretudo pelos grandes criadores sulinos, que sequer contou com a
unanimidade dos proprietários regionais. Não foi movimento de todo os <i>habitantes </i>sulinos, nem de todo o Rio Grande da época.<br />
<br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">2. 1822: a Independência dos Escravistas</span></b><br />
<br />
A América lusitana foi mosaico de regiões semi‑autônomas, de frente para
a Europa e para a África, de costas voltadas umas às outras. As
diversas colônias luso-brasileiras produziam regionalmente os produtos
que exportavam pelos portos da costa, por onde chegavam os manufaturados
e os africanos duramente escravizados. Os mercados internos quase
inexistiam.<br />
<br />
Os senhores luso-brasileiros controlavam o essencial do poder regional e
viviam em situação de associação subordinada às elites portuguesas
metropolitanas. Eles sentiam-se membros do império lusitano, possuíam
fortes laços de identidade regional e desconheciam sentimentos
‘nacionais’ brasileiros efetivos.<br />
<br />
Quando da crise colonial, as elites luso-brasileiras mobilizaram-se por
independência restrita aos limites objetivos das regiões
sócio-econômicas em que viviam e que controlavam. Então, o Brasil era
uma entidade essencialmente administrativa. O Estado-nação brasileiro
foi sobretudo produto do ciclo nacional-industrialista dos anos 1930. É,
portanto, realidade muito recente.<br />
<br />
<b>Tendências centrífugas</b><br />
<br />
Nas colônias luso-americanas atuavam as mesmas forças centrífugas que
explodiram a América espanhola em uma constelação de repúblicas
independentes. Porém, as diversas províncias luso-brasileiras emergiram
da Independência coeridas em um Estado monárquico, centralizado,
autoritário.<br />
<br />
Quando da crise colonial, as classes proprietárias regionais desejavam
pôr fim ao governo autocrático lusitano, nacionalizar o comércio
monopolizado pelos portugueses, resistir às pressões inglesas pelo fim
do tráfico transatlântico de cativos. Elas defendiam soluções
federalistas, separatistas, monárquicas e republicanas.<br />
<br />
No Norte, no Nordeste, no Centro-Sul e no Sul eram muito fortes as
tendências republicanas e independistas. Tudo sugeria que o Reino do
Brasil explodiria em diversas repúblicas, ao igual ao ocorrido com os
vice-reinados espanhóis, através das possessões hispano-americanas.<br />
<br />
Porém, um grande problema angustiava os grandes senhores de todo o
Brasil. Como realizar a independência sem comprometer a ordem
escravista, base da produção e da sociedade em todas províncias? Fortes
choques militares colocariam em perigo a submissão dos cativos e a
manutenção do tráfico de trabalhadores escravizados.<br />
<br />
<b>Independência negreira</b><br />
<br />
Os senhores sabiam que a guerra levaria ao alistamento e à fuga de
cativos, como ocorrera quando da luta contra os holandeses. Havia também
o exemplo recente do Haiti, onde os cativos, sublevados, haviam fundado
um Estado negro livre da escravidão. Os Estados luso-brasileiros que
abolissem a escravidão acolheriam cativos fugidos. As pequenas nações
negreiras vergariam-se ao abolicionismo britânico do tráfico.<br />
<br />
O Estado monárquico, autoritário e centralizador foi partejado e
embalado pelos interesses negreiros. A Independência deu‑se sob a batuta
conservadora dos grandes proprietários e comerciantes de trabalhadores
escravizados. Os ideários republicano, separatista e federalista –
fortes sobretudo entre as fracas classes médias regionais – foram
reprimidos.<br />
<br />
A independência do Brasil foi a mais conservadora das Américas. Os
senhores brasileiros romperam com a coroa portuguesa e com o absolutismo
e entronizavam o autoritário herdeiro do reino lusitano. Cortavam as
amarras com Portugal e asseguravam os interesses portugueses.
Mantiveram-se unidos sobretudo para garantir o abastecimento farto e a
exploração dura dos trabalhadores escravizados.<br />
<br />
As forças liberais e federalistas regionais curvaram-se à proposta
monárquica e unitarista sob a condição que a autonomia provincial fosse
discutida quando de Assembléia Constituinte, convocada <i>antes</i>
mesmo da Independência. Em novembro de 1823, dom Pedro, digno filho dos
Braganças, pôs fim ao regime constitucional e às esperanças federalistas
regionais, ao inaugural o primeiro golpe de Estado militar do Brasil.<br />
<br />
<b>A ferro e fogo</b><br />
<br />
O golpe anti-constitucional de 1823, e a constituição autoritária
imposta em 1824, no contexto de profunda crise da economia escravista
exportadora da época, determinaram período de forte instabilidade
político-social, durante o qual as facções liberais das elites regionais
mobilizaram-se pela independência ou por maior autonomia regional.<br />
<br />
Em 1824, a primeira revolta provincial contra o golpismo bragantino,
promovida sobretudo pelos liberais e republicanos pernambucanos –
Confederação do Equador –, foi sufocado em um verdadeiro banho de
sangue. Os líderes liberais foram executados sem o julgamento garantido
pela própria Constituição autoritária outorgada por dom Pedro.<br />
<br />
A concentração despótica dos poderes e recursos provinciais pelo governo
central, em contexto de decadência da economia escravista, levou à
deposição de dom Pedro, em 7 de abril de 1831, pelos <i>farroupilhas</i>,
como eram chamados os liberais radicais de todas as províncias. Porém, o
poder terminou deslizando para as mãos dos liberais conservadores,
reais detentores do poder econômico, ou seja, de legiões de
trabalhadores escravizados e de imensas parcelas de terras.<br />
<br />
Em 7 de abril de 1831, com a partida de dom Pedro e com o fim do
controle da administração e do exército por dignitários e oficiais
próximos do príncipe português, concluía-se finalmente a independência
política do Brasil. Então, o poder central passou ao controle dos
representantes dos grandes escravistas, sobretudo do Rio de Janeiro.<br />
<br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">3. Revoltas<i> farroupilhas</i> no Brasil e no RS</span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: red;"><br />
</span></b><br />
Apesar de ter debilitado as oposições provinciais, as limitadas
concessões regenciais às reivindicações federalistas e liberais lançaram
o Império em profunda crise. A negativa da Regência de conceder a
monarquia ou a república federativa quase pôs fim à frágil unidade
nacional brasileira, pactuada havia dez anos.<br />
<br />
Através de todo o Brasil, um rosário de movimentos liberais federalistas
e liberais separatistas convulsionou a Regência e o início do II
Império: Ceará (1831-2); Pernambuco (1831-5); Minas Gerais (1833-5);
Bahia (1837-8); Grão-Pará (1835-40), Maranhão (1838-41); Rio Grande do
Sul (1835-45).<br />
<br />
O centralismo imperial teria sido possivelmente vergado se cabanos,
balaios, sabinos, praieiros, sul-rio-grandense etc. tivessem coordenado
suas lutas. Isolados, os movimentos <i>farroupilhas</i> regionais foram esmagados, sucessivamente, um após o outro, pelo poder central.<br />
<br />
<b>Liberais radicais</b><br />
<br />
É um acaso histórico que apenas os <i>farroupilhas</i> sulinos sejam
conhecidos pela denominação comum a todos os liberais radicais de então.
É erro deduzir romanticamente o termo farroupilha/farrapo dos uniformes
em frangalhos dos últimos combatentes sulinos.<br />
<br />
Os movimentos liberais regenciais foram impulsionados pelas elites
dissidentes regionais. No Maranhão (Balaiada) e no Grão-Pará
(Cabanagem), as revoltas liberais assumiram claro caráter social com o
ingresso na pugna de pobres, <i>caboclos</i>, cativos, quilombolas, etc. O que levou as elites regionais liberais a abandonarem a luta, submetendo-se ao tacão imperial.<br />
<br />
Os liberais sulinos reivindicavam a autonomia federativa, e, a seguir, a
república separatista. Sobretudo, o movimento interpretou as
reivindicações dos criadores do meridião, então hegemônicos. A
longevidade da revolta deveu-se também ao fato de as elites sulinas
manterem as classes subalternas regionais à margem do movimento.<br />
<br />
Em geral, os comerciantes, a população urbana, os colonos alemães, etc. optaram pelo Império, levando a que os<i> farrapos </i>perdessem
rapidamente o controle das grandes cidades e, sobretudo, do litoral.
Porto Alegre resistiu por três vezes ao cerco farroupilha. O programa
liberal-latifundiário farroupilha pouco propunha para esses setores
sociais.<br />
<br />
<b>A questão oculta</b><br />
<br />
Em 1835, no início da revolta, os farroupilhas controlaram quase toda a
província. Em 1845, ao concluir-se o movimento, encontravam-se
arrinconados nos pampas da fronteira sul. Tal fato também se deveu à
defecção dos grandes comerciantes e charqueadores escravistas, temerosos
que a vitória do movimento separatista comprometesse o tráfico
internacional de trabalhadores escravizados.<br />
<br />
Os farroupilhas jamais foram revolucionários ou reformistas sociais e
políticos. Entretanto, continua-se a insistir sobre o pretenso caráter <i>revolucionário </i>do movimento sobretudo porque boa parte das tropas farrapas foram formadas por peões pobres e ex-cativos.<br />
<br />
Os senhores farroupilhas e imperialistas preferiam que outros lutassem e
morressem por seus ideais. Muito logo, os exércitos republicanos e
monarquistas formaram-se com contingentes de peões, nativos e cativos
africanos e afro-descendentes libertos.<br />
<br />
Quando da guerra, boa parte dos gaúchos livres eram descendentes de
nativos guaranis e pampianos, que haviam perdido, para os grandes
latifundiários, no século anterior, suas terras ancestrais. Eles
acompanhavam seus caudilhos nos combates, como faziam-no
tradicionalmente nas lides dos campos.<br />
<br />
<b>Churrasco e saque</b><br />
<br />
Não foi o ideal liberal-republicano que levou o gaúcho pobre à guerra.
Quando os caudilhos trocavam de lado, sem pudor, os peões faziam o
mesmo. Bento Manuel mudou de bandeira diversas vezes, sempre seguido por
sua gauchada. Para o peão, o ideário farroupilha significava sobretudo
soldo, churrasco e saque.<br />
<br />
Quando chamado às armas, o homem livre tinha o direito de substituir-se.
Em geral, alforriava um cativo para ocupar seu posto no combate.
Arrolavam-se nas tropas republicanas cativos dos inimigos da República e
compravam-se trabalhadores escravizados de cidadãos da república para
preencher os vazios das tropas.<br />
<br />
<div>
Os soldados negros que combateram faziam-no obrigados, por
preferirem a vida militar à escravidão, por sonharem com liberdade após a
luta, jamais obtida. Não houve democracia racial nas tropas farrapas.
Soldados negros e brancos marchavam, comiam, dormiam e morriam
separados. Os oficiais dos combatentes negros eram brancos.</div>
<div>
<br />
A Constituição farroupilha dizia: "A República do Rio Grande é a
associação política de todos os cidadãos rio-grandenses". Ou seja, dos
"homens livres nascidos no território da República". A República
erguia-se sobre a mesma pedra angular do Império: o latifúndio e a
escravatura. O índio e o cativo não eram e não seriam cidadãos.<br />
<br />
<b>República dos senhores</b><br />
<br />
Os principais chefes farrapos eram ferrenhos escravizadores. Ao ser
enviado preso para a Corte, Bento Gonçalves da Silva levou consigo um <i>negro </i>doméstico,
para servi-lo. Ao morrer, legou terras, gado e meia centena de
trabalhadores escravizados, numa época em que um cativo valia um bom
patrimônio.<br />
<br />
Os farroupilhas jamais acenaram com a distribuição de terras, aos
gaúchos, e com o fim do cativeiro, aos cativos, como fizera Artigas, na
Banda Oriental. Os farroupilhas sequer propuseram o fim do tráfico
transatlântico de homens. Nas filas farroupilhas, as veleidades
emancipacionistas foram facilmente silenciadas e abafadas. Sustentada
sobretudo com o sangue do peão sem terra e do negro liberto, a revolta
era das elites, para as elites.<br />
<br />
Recorda-se sempre que, para abater as armas, os farrapos exigiram,
insistentemente, que o Império respeitasse a liberdade dos soldados
negros. Nos fatos, temiam que se formasse uma guerrilha negra na
província, ou que os combatentes negros homiziassem-se no Uruguai, caso
temessem a reescravização. E, nos últimos anos da guerra farrapa, já
se pensava na intervenção na Banda Oriental ...<br />
<br />
<b>A infâmia de Porongos</b><br />
<br />
Na madrugada de 14 de novembro de 1844, em conluio com Caxias, chefe das
forças imperial, David Canabarro, principal general farrapo, entregou
os soldados farroupilhas negros ao inimigo, desarmados. No serro de
Porongos, foi dizimada a infantaria negra, acelerando a paz entre os
amos farroupilhas e imperialistas.<br />
<br />
A rendição de Poncho Verde foi acordo de cavalheiros entre senhores. Não
havia contradições essenciais entre os chefes imperialistas e
republicanos. Os fazendeiros farroupilhas não haviam conseguido impor a
separação da província, o Império não manteria o controle sobre ela sem a
colaboração dos grandes criadores. Muito logo, os ex-farrapos
marchariam, sem pejo, sob a bandeira imperial contra o Uruguai e a
Argentina, em defesa da <i>extra-territoriedade</i> de suas imensas fazendas nos departamentos setentrionais da Banda Oriental.<br />
<br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">4. A Invenção da Tradição – Império e República Velha</span></b><br />
<br />
Nas décadas seguintes ao fim da guerra separatista, facções das elites
sul-rio-grandenses apropriaram-se da memória farroupilha, adaptando-a
aos seus objetivos. Esse processo foi permitido pelo conteúdo nulamente
social daquele movimento, onde as classes subalternizadas jamais
intervieram em forma autônoma.<br />
<br />
No Segundo Reinado [1840-1889], o desenvolvimento da cafeicultura, no
Centro Sul, relançou, no Sul, a criação de mulas para o transporte e a
produção de charque para os trabalhadores escravizados. A boa conjuntura
permitiu às elites pastoris retomaram o poder político regional,
através do Partido Liberal, incontestavelmente hegemônico no Rio Grande,
de 1866 a 1889.<br />
<br />
O Partido Liberal expressava os criadores do meridião que haviam
dirigido a revolta de 1835. Devido à importância dos cativos nas grandes
fazendas e charqueadas, os liberais sul-rio-grandenses defendiam a
escravidão, ao contrário do que faziam no resto do país, onde apoiavam
em geral o emancipacionismo. Discutindo a sorte do cativeiro, o grande
tribuno liberal Gaspar Silveira Martins declararia amar “<i>mais sua pátria do que o negro</i>”.<br />
<br />
Os liberais reivindicaram facilmente a memória farroupilha, que
permaneceu propriedade das classes pastoris do meridião, como no
passado. Porém, os liberais, agora monarquistas, reivindicando apenas
apenas a descentralização dos poderes imperiais, abandonavam duas
grandes bandeiras farroupilhas – a separação e a república.<br />
<br />
<b>Urbanos e abolicionistas</b><br />
<b><br />
</b><br />
Em 1878, em Porto Alegre, fundou-se o Clube Republicano “Bento
Gonçalves”. A seguir, fez-se o mesmo em outras cidades do interior.
Saídos das frágeis classes médias, os primeiros neo-republicanos sulinos
desenvolveram ativa agitação abolicionista, com poucos resultados, em
província dominada pelos grandes criadores e charqueadores escravistas.<br />
<br />
Entretanto, agora, por primeira vez, a <i>memória</i> farroupilha era
apropriada por grupos sociais, política e geograficamente estranhos ao
movimento de 1835. O mundo urbano e as classes médias jamais haviam sido
farroupilhas. Os líderes farrapos abominavam a libertação dos
trabalhadores escravizados. Bento Gonçalves morrera como grande
escravista. Acelerava-se a manipulação da memória farroupilha.<br />
<br />
Em fevereiro de 1882, em Porto Alegre, meia centena de delegados
elegeram a comissão organizadora do Partido Republicano Rio-grandense.
Logo, o PRR foi controlado por jovens filhos de ricas famílias de
criadores, sobretudo do centro e do norte do RS, chegados em boa parte
da escola de Direito de São Paulo. Eles defendiam modernização
conservadora do Rio Grande.<br />
<br />
No início de 1880, em São Paulo, alguns desses universitários – Borges
de Medeiros, Júlio de Castilhos, Pinheiro Machado, etc. – fundaram o
Clube 20 de Setembro, para celebrar o republicanismo sulino. Em 1882, a
pedido dos seus pares republicanos, o jovem Assis Brasil escreveu sua <i>História da república rio-grandense</i>.<br />
<br />
<b>A pátria pequena</b><br />
<br />
Sem ser separatista, o PRR desenvolveu virulenta pregação republicana e
federalista. Os jovens jacobinos defendiam a autonomia regional e a
diversificação produtiva, para superar a estagnação da economia
pastoril-charqueadora. A República Farrapa tornava-se referência da
propaganda dos positivistas radicais, adeptos das “pequenas pátrias” de
Auguste Comte.<br />
<br />
Momentos antes da República, o jovem líder republicano Júlio de
Castilhos propôs a celebração do 20 de Setembro. Com o golpe militar
anti-monárquico de 15 de novembro de 1889, apoiado primeiro pelo
marechal Deodoro da Fonseca, a seguir por Floriano Peixoto, os
republicanos sulinos empalmaram o poder regional, institucionalizando a
leitura positivistas do passado farroupilha.<br />
<br />
Em 14 de julho de 1891, promulgava-se a constituição republicana sulina,
cópia quase literal do anteprojeto escrito por Júlio de Castilhos. A
primeira constituição sul-rio-grandense determinava que as “insígnias
oficiais do Estado” seriam as do "pavilhão tricolor criado pelos
revolucionários [...] de 1835”.<br />
<br />
Para manterem-se no poder e implementar o novo projeto, os republicanos
positivistas vergaram as forças do meridião pastoril, na mais sangrenta
guerra civil conhecida Sul. A revolta farrapa foi rusga de namorados, ao
lado da carnificina de 1893-5. A Revolução Federalista ceifou mais de
dez mil vidas, em uma população de um milhão de habitantes.<br />
<br />
<b>Somos todos farrapos</b><br />
<br />
Durante o confronto, os fazendeiros do meridião, herdeiros sociais,
políticos e territoriais dos farroupilhas liberais, reunidos sob a nova
bandeira federalista, foram acusados de monarquistas e de separatistas
pelos castilhistas, republicanos e federalistas extremados.
Reinterpretada, a <i>memória</i> farroupilha escorregava das mãos dos grandes fazendeiros para as dos jacobinos do PRR.<br />
<br />
Os republicanos positivistas assumiam a herança simbólica da revolta
latifundiária-pastoril, que vestiam com nova roupagem. Enfatizando o
autonomismo e o republicanismo farrapos, alicerçavam simbolicamente o
republicanismo federalista radical defendido pelo PRR através de toda a
República Velha [1889-1930].<br />
<br />
Na nova versão, a memória farroupilha passava a ser herança de todo
sulino, não importando sua origem étnica – negro ou branco –; sua origem
social – pobre ou rico –; sua região de nascimento – Campanha, Litoral,
Serra, etc. Manipulava-se a história, apresentando o movimento como de
toda a população do Rio Grande, contra o Estado central.<br />
<br />
O mito da unidade da população, no passado, na luta por ideal único
republicano e autonomista, fortalecia a proposta de comunhão de
interesses do sul-rio-grandense, no presente, pilastra da ordem
republicana autoritária que regeu o Rio Grande até a chamada Revolução
de 1930. Nesse processo, a história desvanecia por detrás do mito.<br />
<br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">5. A invenção da tradição: o Movimento Tradicionalista Gaúcho</span></b><br />
<br />
Na República Velha [1889-1930], o Rio Grande foi talvez o Estado mais
cioso de sua autonomia federal, assentada em uma economia em boa parte
voltada para o mercado interno sulino. Nesses anos, o RS foi o único
Estado que jamais conheceu intervenção federal. A independência
sul-rio-grandense seria vergada apenas em 1930, por Getúlio Vargas,
gaúcho e ex-militante, desde a juventude, do PRR.<br />
<br />
A chamada Revolução de 1930 e, sobretudo o golpe do Estado Novo, de fins
de 1937, promoveram a propagação autoritária do sentimento de <i>brasilidade</i>.
Com ele, buscava-se consolidar cultural e ideologicamente a formação em
curso de mercado e de indústria nacionais centrados no eixo Rio-São
Paulo. Para tal, foram fortemente reprimidos os sentimentos
regionalistas.</div>
<div>
<br />
Durante a “Proclamação ao Povo Brasileiro”, de 10 de novembro de 1937,
Vargas denunciou o “caudilhismo regional” que, segundo o ditador,
ameaçava a unidade nacional brasileira. Em gesto simbólico, mandou
queimar publicamente as bandeiras regionais, ardendo, entre elas, o
estandarte criado por seus antigos mestres, Castilhos e Borges, em 1891!<br />
<br />
A seguir, o Estado Novo promoveu a <i>invenção</i> de cultura nacional,
como substrato da identidade nacional proposta e imposta. Para isso, o
getulismo apoiou fortemente a seleção futebolística nacional; difundiu o
carnaval e o samba cariocas; financiou o surgimento de arquitetura
moderna brasileira etc.<br />
<br />
<b>Brasileiros para o Brasil</b><br />
<br />
Criaram-se e adaptaram-se órgãos e associações destinados a
divulgação-imposição do sentimento de amor à Pátria e à Nação, entre
eles, a Liga de Defesa Nacional; a Juventude Brasileira; o Departamento
de Imprensa e Propaganda; a Hora do Brasil; a Rádio Nacional, etc. As
iniciativas contaram com o apoio de grande parte da intelectualidade
brasileira e, logicamente, sul-rio-grandense.<br />
<br />
A campanha de nacionalização reprimiu os sentimentos regionalistas
fortalecidos na República Velha. O separatismo farroupilha passou a ser
execrado. Nesses anos, historiadores do Instituto Histórico e Geográfico
do RS negaram, de mãos juntas, contra todas as evidências históricas, o
independismo farrapo. O mesmo seria também feito, após 1964, por
historiadores acadêmicos.<br />
<br />
A dominância das relações econômico-sociais nacionais sobre as regionais
exigia que o sul-rio-grandense deixasse de ser sobretudo gaúcho, para
passar a ser essencialmente brasileiro. Ainda que, em âmbito local, a
identidade <i>gaúcha</i> – leitura romantizada da vida pastoril –
mantivesse seu caráter dominante sobre as outras identidades sulinas
possíveis – escrava, imigrante, operária, etc.<br />
<br />
Durante o Estado Novo, a posição econômica e política relativa do Rio
Grande recuou em relação ao Rio de Janeiro e São Paulo, que se
industrializaram aceleradamente. As elites sulinas aceitaram a
subordinação imposta, preocupadas em manter a dominância regional. A
industria sulina cresceu em ritmos menores do que a de São Paulo e Rio
de Janeiro e se manteve a importância relativa da produção rural e
pastoril sulina.<br />
<br />
<b>O Novo Tradicionalismo</b><br />
<br />
Com a derrota do nazi-fascismo e a redemocratização conservadora de
1945, a perda de importância relativa do Rio Grande ensejou movimentos
culturais regionalistas que reafirmavam a especificidade sulina, em
oposição à proposta nacional-centalizador getulista que marginalizara
relativamente o Estado sulino.<br />
<br />
Em vez de apontarem para o rompimento com um passado que determinara, em
última instância, esse atraso, esses movimentos reivindicaram o passado
rural-latifundiário arcaico, apresentando-o em forma utópica e
idealizada como espécie de Era de Ouro pampeana perdida.<br />
<br />
Em 1947, em Porto Alegre, alguns filhos de proprietários rurais fundam movimento regionalista que, apoiados no mito da <i>democracia pastoril</i> e do <i>caráter libertário</i>
farroupilha, propunha o culto da ideologia latifundiária-pastoril. O
movimento expressava também a rejeição ao plebeísmo democratizante da
sociedade urbana-industrial e o fortalecimento político e social das
classes trabalhadoras industriais sulinas.<br />
<br />
Essa releitura do passado retomava a visão pastoril <i>liberal-federalista</i>
do movimento farroupilha, repudiando a interpretação
urbana-industrialista do castilhismo. A Guerra Farroupilha surgia apenas
como uma expressão, entre outras, da excelência da sociedade
pastoril-latifundiária, apontada como síntese da essência do povo <i>gaúcho</i>.<br />
<br />
<b>O mito da unidade</b><br />
<br />
Também em 1947, Érico Veríssimo começou a escrever <i>O Continente</i>,
primeira parte de sua trilogia regionalista, onde mitifica igualmente a
história gaúcha, realizando o elogio póstumo da economia
pastoril-latifundiária. Também nesse romance, é mínimo o espaço dedicado
às classes subalternizadas no passado – peões pobres e trabalhadores
escravizados.<br />
<br />
O Tradicionalismo organizou-se em torno dos Centro de Tradições Gaúchas – CTG –, espécie de ludização da fazenda pastoril, onde <i>peões</i>
confraternizam sob a presidência do patrão. Para não perder sua
funcionalidade, essa interpretação do passado ignorou o papel do
trabalhador escravizado no passado sulino, em geral, e na grande fazenda
pastoril, em especial.<br />
<br />
O Tradicionalismo surgia, em 1947, em plena Guerra Fria, em época em que
as classes operárias gaúcha e brasileira começavam a expressar-se no
cenário político, em forma tendencialmente autonômica. Ou seja, quando
se materializavam nas esfera das relações políticas e das representações
culturais os antagonismos sociais profundos que haviam dividido, desde
sempre, o Rio Grande.<br />
<br />
No contexto de uma sociedade crescentemente industrial, o novo regionalismo construía <i>discurso ideológico</i>
que tentava abafar a consciência sobre as contradições sociais, através
do mito do destino comum de explorados e exploradores, construído em
torno do culto à propriedade pastoril latifundiária e de seu
proprietário – o patrão.<br />
<br />
Então já hegemônico, o capital industrial sulino apoiou o movimento,
solidário com sua essência conservadora, já que a debilidade econômica
do latifúndio descartava-o como força política concorrente. Em setembro
de 1964, a Assembléia Legislativa institucionalizou a Semana
Farroupilha, comemorada de 14 a 20 de setembro, através do Rio Grande do
Sul.<br />
<br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">6. O Mito Fundador – A Democracia Pastoril</span></b><br />
<br />
Em 1923, a derrota da insurreição armada assisista assinalou a
definitiva submissão política do campo pela cidade no Rio Grande do Sul.
Em 1927, desde a ótica do latifúndio pastoril, Salis Jorge Goulart
publicou <i>A formação do Rio Grande do Sul</i>, tida como a primeira tentativa de análise estrutural da história sulina.<br />
<br />
Em uma época em que a produção colonial-camponesa do norte gaúcho já
superava a produção latifundiária-pastoril do meridião, o autor baseava
sua explicação da formação sulina nos mitos “da democracia pastoril” e
da “produção sem trabalho”, aos quais também procurou dar uma base
sociológica sistemática.<br />
<br />
Para o jovem ideólogo do latifúndio, o processo de formação sulino
diferenciara-se do resto do Brasil que, desde o berço, apoiara-se na
despótica exploração do <i>índio</i> e do <i>negro</i> escravizados.
Para ele, ao contrário, a formação social sulina teria nascido e se
desenvolvido à margem das diferenças e contrdições de classes.<br />
<br />
No Sul, a “influência geográfica” das “vastas extensões territoriais” e a
“grande quantidade de alimentos fornecidos pelos rebanhos” haviam
gerado o latifúndio pastoril, “célula social” do “organismo coletivo”
rio-grandense, que se apoiara essencialmente no trabalho solidário e
não-compulsório.<br />
<br />
<b>Meu patrão, meu amigo</b><br />
<br />
Nessa estranha “terra sem males”, onde o alimento surgia da terra sem
exigir o suor humano, com “a subsistência garantida em qualquer parte”, o
“trabalhador” jamais se empregara sob o chicote da necessidade,
servindo “espontaneamente” ao “patrão, de quem era “mais um amigo do que
um subordinado”.<br />
<br />
Portanto, tratava-se de uma sociedade nascida sob verdadeira
“indiferenciação de classes”, formada essencialmente por “uma classe
única, a dos gaúchos” que, fossem “ricos ou pobres”, igualavam-se
sempre “pelo garbo dos gestos, pelo amor da guerra, pelo gosto das
aventuras”.<br />
<br />
Gaúchos preocupados apenas com a “galhardia do <i>pingo</i>, felizes na roda amistosa do <i>chimarrão</i>, entre relatos guerreiros ou façanhas dos dias de <i>rodeio</i>”. Gaúchos que possuiriam, “todos, humildes e potentados, os mesmo hábitos, os mesmos costumes, os mesmos ideais”.<br />
<br />
Um mundo em que “patrões e empregados alimentavam-se com o mesmo
churrasco e o mesmo chimarrão, cavalgavam os mesmo animais e juntos
entregavam-se às mesma fainas dos campos, às mais velozes correrias
[...].” Sociedade onde o “empregado” “não criava interesses opostos aos
do patrão”, identificava-se “com ele”, tornava-se “seu amigo e, por
assim dizer, seu igual.”<br />
<br />
<b>Poucos e tarde</b><br />
<br />
Era clara a contradição posta à proposta da democracia pastoril pela
importância do cativo no Sul. Na solução do paradoxo que se elevava
entre o mito e a história, Salis Goulart simplesmente negou a importante
introdução de cativos desde os primórdios sulinos e sua contribuição às
atividades criatórias.<br />
<br />
Segundo ele, a origem singular do Rio Grande deveria-se ao “pouco”
“contingente de escravos” e ao fato de que o “espírito democrático”
sulino “se formara antes da grande introdução do elemento negro”, que
teria conhecido no Sul condições de vida superiores às do resto do
Brasil.<br />
<br />
“Julgamos que o nosso espírito democrático já se formara antes da grande
introdução do elemento negro. Esse ponto de vista explica o fato de
serem, como relatam os historiadores, os escravos melhor tratados aqui
[...].” Para ele, o Rio Grande, em geral, e a fazenda pastoril, em
especial, seriam sobretudo produto do trabalho livre.<br />
<br />
Salis Goulart não inventou nada. No preciso momento em que se
consolidava a superação do latifúndio pastoril pela produção colonial e
urbana, sistematizou, com inteligência e criatividade, os mitos já
existentes da “democracia pastoril” e da “produção pastoril sem
trabalho”.<br />
<br />
<b>A invenção da memória</b><br />
<br />
As romantizações históricas não são simples resultados de uma
conspiração consciente de intelectuais com o objetivo de escamotear as
contradições étnico-sociais do passado, para melhor domesticar as
classes subalternas do presente. Não são meras estórias construídas por
imaginações fantasiosas a partir de elucubrações arbitrárias.<br />
<br />
Não é condição suficiente à universalização das apologias que sejam
profusamente difundidas pelas elites. Em geral, elas são produtos de uma
longa elaboração coletiva das classes que as patrocinam, através da
potenciação-generalização de fatos circunstanciais, da
ocultação-distorção de fenômenos essenciais, da projeção no passado de
expectativas sociais jamais cumpridas.<br />
<br />
A apologia pastoril da identidade entre fazendeiros e trabalhadores
apoiava-se na ausência de movimentos multitudinários de luta de peões
pela terra. No século 19, para estabelecer-se como criador, o <i>gaúcho</i>
pobre necessitava de talvez não menos de mil hectares. Realidade que
dificultava, naquele então, objetivamente, a luta pela divisão dos
latifúndios.<br />
<br />
Fenômeno que não impediu o confronto social incessante, expresso no
abate selvagem de gado, pelo gaúcho, pela carne e pelo couro, e na sua
luta por um naco de terra onde levantar seu rancho. A ojeriza do
latifundiário ao sem-terra, nos dias de hoje, repete o horror, no
passado, de seu ancestral, do peão em busca de um lugar onde levantar um
rancho.<br />
<br />
<b>Luta social no campo</b><br />
<br />
As apologias pastoris sobre as condições idílicas de vida dos
trabalhadores escravizados sulinos extremam e generalizam para todo o
Rio Grande as <i>relativamente</i> melhores condições de trabalho dos
cativos campeiros, em relação aos negros das charqueadas, das olariais,
dos cortumes, das plantações, no Sul e no resto do Brasil.<br />
<br />
A produção pastoril era atividade extensiva semi-natural, que se baseava
nas condições naturais das fazendas – pastagens, aguadas etc. – e no
esforço humano. Realidade que restringia, e não abolia, a produção
crescente de lucro monetário através da intensificação de extração de
trabalho excedente. Para o peão e o cativo, o trabalho pastoril era um <i>jogo</i>, apenas se comparado ao trabalho duro na charqueada e na plantação.<br />
<br />
Porém, o trabalho escravizado negava, essencialmente, as representações
de uma sociedade pastoril edênica. Assim sendo, em verdadeira limpeza
étnica, as narrativas apologéticas simplesmente ignoraram, como o fez
Salis Goulart, o papel sistêmico do cativo campeiro nas ricas fazendas
criatórias.<br />
<br />
<b>A Idade de Ouro</b><br />
<br />
As representações sobre a fazenda pastoril no passado sulino foram
levantadas sobretudo através da generalização das condições de trabalho
das pequenas fazendas de <i>subsistência</i>, exploradas pelo fazendeiro e seus familiares, já que incapaz de comprar um cativo ou assalariar um peão.<br />
<br />
A facilidade com que as narrativas sobre a democracia pastoril
universalizaram-se no Rio Grande atual, processo que se registra
sobretudo através da grande adesão popular aos relatos nativistas,
deve-se igualmente a fenômenos recentes.<br />
<br />
Estressadas pelas contradições da sociedade capitalista, em forma
inconsciente, os segmentos sociais populares e médios, sem forças e
canais para concretizarem suas expectativas no presente, voltam-se para o
passado, recriando uma imaginária idade de ouro, solidária e fraterna,
onde o trabalho alienado era aventura lúdica e criativa.<br />
<br />
Manipuladas pela elites, as mitificações do passado assumem sentido
social negativo ao escamotear a história real das classes trabalhadoras e
a verdadeira essência da formação social sulina, apresentando-as como
mundos em que o lobo apascentava o cordeiro, em que o explorador
fraternizava com o explorado.<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: red;"><b>7. O MTG contra o Capitão Gay</b></span><br />
<br />
O turista mostra apreensivo na alfândega italiana a mala com o valioso
cálice etrusco comprado a peso de ouro ao arqueólogo furtivo.
Displicente, o policial pouca atenção dá à peça contrafeita rusticamente
que repousará sobre centenas de lareiras de incautos e orgulhosos
compradores norte-americanos.</div>
<div>
Movimento Tradicionalista Gaúcho
não busca no passado valores originais que iluminem o presente.
Simplesmente apresenta como bens pretéritos visões do presente
avelhentadas rusticamente para parecerem desterradas do tempo. <br />
<br />
Em <i>Nativismo: um fenômeno social gaúcho</i>, Barbosa Lessa confessou
com grande honestidade intelectual como o tradicionalismo procedeu, não
raro na “votação”, a “invenção das tradições” gaúchas. “Quando algum
elemento faltasse para a nossa ação, nós teríamos de suprir a lacuna de
um jeito ou outro.”<br />
<br />
Criado por filhos de fazendeiros, o MTG leu o passado com os olhos do
latifúndio moderno. Suas interpretações romantizadas da sociedade
pastoril-latifundiária monopolizaram o passado, esterilizando a real,
rica, contraditória e semi-desconhecida história sul-rio-grandense.<br />
<br />
A alegoria do latifúndio feliz dissolveu a diversidade e a contradição
do passado. Ela negou espaço histórico ao nativo sulino e ao missioneiro
e a suas lutas pela defesa da terra ancestral; ao peão pobre e ao
gaúcho vago e <i>quarteiro</i>, na sua oposição ao criador; ao trabalhador escravizado, trabalhador, fujão, quilombola e justiceiro.<br />
<br />
<b>Diversidade e Contradição</b><br />
<br />
O tradicionalismo desconheceu a rica e dolorosa trajetória histórica da
mulher. A sua pretensa doce submissão ao marido, no passado,
teatralizada na submissão da <i>prenda</i> do CTG ao <i>peão </i>e ao <i>patrão</i>, no presente, apresenta imagem idealizada da <i>fazendeira</i> como sinônimo de toda mulher sulina.</div>
<div>
Na
sociedade patoril-latifundiária, o trabalho era monopólio do pobre e do
cativo. O ato produtivo transformador da natureza era signo de
inferioridade. Nesse universo mandonista, os fazendeiros sobreviviam
impondo-se pela violência aos subalternizados.<br />
<br />
A coragem era a qualidade paradigmática senhorial. O <i>gaúcho</i>-fazendeiro devia ser <i>macho</i>, pouco importando sua disposição ao trabalho. Personagem-síntese do <i>gaúcho</i> em <i>O continente</i>, de Érico Veríssimo, o <i>capitão</i> Rodrigo era femeeiro e pouco amigo do trabalho. Mas brilhava pela macheza.<br />
<br />
O grande signo da sociedade pastoril não foi a enxada, mas o rebenque.
Com ele, o fazendeiro domesticava o animal bravio e, protegido pelo
capataz, chegava-se às costas do cativo desobediente e ao rosto do peão
impertinente, em castigo físico degradante. Nas cavalgadas urbanas,
tradicionalistas expõem valiosos rebenques de cabos de prata.<br />
<br />
Nos gestos, falas e canções, os tradicionalistas cultuam a imagem mítica do <i>gaúcho</i>-fazendeiro
que defendia seus latifúndios, impondo-se despótico as suas mulheres,
peões, cativos e lindeiros. Reconstrução funcional em momento em que
milhares de trabalhadores sem terra lutam por um naco de terreno onde
possam trabalhar.<br />
<br />
<b>Surge o Capitão Gay</b><br />
<br />
Sem maior sucesso, o movimento <i>gay</i> brasileiro tem lançado
candidatos a cargos legislativos. Em fins de 2002, procurando a
exposição à mídia, imprescindível ao sucesso eleitoral, candidato <i>gay</i>
ao legislativo sulino por partido conservador, já derrotado como
candidato a vereador em Pelotas, assumiu a personagem do Capitão Gay, em
referência aos personagens do humorista Jô Soares e do ficcionista
Érico Veríssimo.<br />
<br />
A transfiguração possuía múltiplas mensagens e reivindicações,
implícitas e explícitas, conscientes e inconscientes. Entre elas, o
direito do homossexual masculino de participar de pleno direito do MTG e
a proposta de que a destemerosidade pessoal é também qualidade do <i>gay</i>.
Idéia que é um quase truísmo. E se alguém dela duvida, que vá separar
uma dessas desesperadas e furiosas disputas urbanas de travestis, à
navalha, por um pedaço de calçada.<br />
<br />
O Capitão Gay trazia também à discussão tabu da história sulina. Ou
seja, a sexualidade do peão, trabalhador pastoril do passado,
eternamente solteiro, devido à negativa do fazendeiro de ceder naco de
terra para arranchar-se com sua <i>china</i>. Em geral, na fazenda, fora
o patrão, apenas o capataz casava e procriava, fenômeno que determinou a
débil expansão demográfica pastoril do meridião do RS, uma das razões
de seu atual atraso.<br />
<br />
Reduzido ao celibato, vivendo em latifúndios onde escasseavam as
mulheres, o gaúcho concretizou os impulsos erótico-sexuais como pôde. Em
geral, se reconhece seus hábitos bestialistas, mantendo-se porém
silêncio sobre suas relações homoeróticas, finamente abordadas no conto <i>A intrusa</i>, de Jorge Luis Borges que inspirou a sensível obra cinematográfica homônima de Carlos Christensen [1979].<br />
<br />
<b>Gaúcho desinteressado</b><br />
<b><br />
</b><br />
O francês Nicolau Dreys viveu no Sul em 1817-27. Em relato, anotou que o <i>gaúcho</i>
não tinha “mulheres”, mostrando por elas “pouca atração” [sic].
Pesquisas históricas demonstrarão certamente que o gaúcho destemido do
passado podia eventualmente ser um gay, por natureza ou necessidade.<br />
<br />
Em Porto Alegre, durante o desfile de 20 de Setembro de 2002, ao
desfraldar a bandeira arco-íris do movimento homossexual, diante do
palanque oficial, o Capitão Gay foi perseguido e surrado a rebenque,
como anunciado, por cavalarianos tradicionalistas. Em 7 de setembro, já
fora impedido de entrar no mega-acampamento ruralista, promovido
anualmente em parque público municipal de Porto Alegre, cidade que
jamais se rendeu aos farroupilhas.<br />
<br />
Em uma metáfora histórica, os regionalistas perseguiram e golpearam,
matreiramente, em grupo, um tradicionalista que ousou enunciar, isolado,
sua diversidade, ao igual que os fazendeiros surravam no relho, no
passado, protegidos pelos prepostos, o peão e o cativo alçado. A covarde
violência do presente espelhou-se e inspirou-se no barbarismo do
passado.<br />
<br />
Há quase meio ano dos fatos, o cidadão ofendido, em especial, e a
população sul-rio-grandense humilhada, em geral, não conheceram a devida
reparação mínima através da expulsão pública e notória pelo Movimento
Tradicionalista Gaúcho de seus associados siderados pelo ódio
homofóbico.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div>
</div>
</div>
</div>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="hascaption"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="hascaption">Por
Hemerson Ferreira*</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwnNCGGW-uVVDVRRpUD_5Oy-NoKeC5fksjIIHOoRmT5r2L9ZDhyWqxEKpyw1PuUdGnS7JAnZasVNmEYUrdQ3lVjEZZVQyZgA53FNG5-dvRW_d8svrmmHyerVpvt8CqhM7kM4vBA9pJcb45/s1600/negrinhodopastoreio.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="114" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwnNCGGW-uVVDVRRpUD_5Oy-NoKeC5fksjIIHOoRmT5r2L9ZDhyWqxEKpyw1PuUdGnS7JAnZasVNmEYUrdQ3lVjEZZVQyZgA53FNG5-dvRW_d8svrmmHyerVpvt8CqhM7kM4vBA9pJcb45/s320/negrinhodopastoreio.jpg" width="320" /></a><span class="hascaption">Hoje,
durante o almoço, contei a lenda d'O Negrinho do Pastoreio para a minha filha,
Olga. Contar histórias, contos, mitos e lendas é uma forma de distraí-la.
Porque se não for assim as vezes ela não come.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="hascaption">A lenda
d'O Negrinho do Pastoreio é antiga. Não se sabe ao certo quem a criou. Era
contada no séc. XIX, sobretudo pelos abolicionistas, em campanha pelo fim da
escravidão. Por isso seu tom trág</span><span class="textexposedshow">ico,
carregado de dor e injustiça. Mostrando em forma de mito a dor de um povo sob a
sina do cativeiro, que no Brasil durou 3/4 da nossa história e deixou marcas
até hoje.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">O escritor pelotense João Simões Lopes Neto
(1865-1916) publicou uma versão em 1913, que ficaria famosa somente a partir de
uma reedição feita em 1949 por Érico Veríssimo e outros escritores.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Como acontece com toda a lenda, quem a conta, o faz
de um jeito. Carrega num trecho aqui, se esquece de outro ali, muda a garrafa,
mas serve mesma bebida, sem mudar muito sua essência. Por isso eu contei do meu
jeito, que foi mais ou menos assim:</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Era uma vez um fazendeiro que morava no Sul do
Brasil. Ele era rico, ignorante, violento, mas esnobe e arrogante. Vivia da
exploração de trabalhadores, alguns livres e alguns escravizados. Era criador
de cavalos. Gostava de apostar em corridas. Tinha um cavalo baio que era o seu
xodó, de quem gostava até mais que do próprio filho, um Mauricinho que só
gastava o dinheiro do pai na capital Porto Alegre, no Rio e até na França e
tinha vergonha da grossura do pai, um semi-analfabeto. E odiava ver o velho com
mais orgulho do cavalo baio do que dos seus diplomas.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Na fazenda haviam peões livres, peões cativos, uns
plantadores e os criados da casa. A maioria era de homens, jovens, que se
chamavam de "irmãos" ou "malungos". Havia um preto velho,
que todos os pretos chamavam de "pai" e algumas senhoras, chamadas de
"mães".</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Um desses pretos cativos era um menino, muito novo
e franzino, adquirido pelo fazendeiro numa das apostas em corridas de cavalo.
Foi apartado da mãe, também cativa, que durante o pagamento da aposta implorou
para que não levassem seu filho. Em vão. Eles nunca mais se viram. O garoto
tinha nome de um santo português, sobrenome da família dos donos da sua avó,
trazida da África num navio negreiro, a quem nem conheceu, mas o fazendeiro o
chamava apenas de Negrinho, e assim ficou conhecido na fazenda.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Por ser pequeno e leve, o fazendeiro passou a usar
Negrinho como "jóquei" do cavalo baio, num tino inteligente que o fez
ganhar ainda mais dinheiro nas corridas. Nenhum peão da redondeza era páreo
para o baio montado pelo menino.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Numa tarde de rodeio, porém, depois de ganhar muito
dinheiro, numa das corridas, justo na qual o fazendeiro apostou bem alto, o
cavalo baio, que mais uma vez iria vencer, parou de repente, como se tivesse se
assustado com algo, talvez uma cobra, derrubando o Negrinho e deixando outros
peões cruzarem a chegada na sua frente. </span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Enfurecido com o prejuízo, o fazendeiro covarde
descontou no cativo. Mandou o capataz dar-lhe uma surra bem dada de relho.
Depois amarrou a mão do menino numa corda que na outra ponta prendia-o ao
pescoço do cavalo, obrigando-os a passarem os dias e noites unidos. Negrinho,
então, não mais dormia debaixo da escada, como os criados da Casa-Grande, nem
na senzala, como seus demais companheiros. Tinha que dormir no campo, no chão
gelado ou no lombo do baio, ao relento.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Certa noite, muito cansado, o menino dormiu
profundamente e nem percebeu que o nó que o atava ao cavalo se desprendeu. O
baio, solto, partiu em disparada, sumiu, se escafedeu, junto com o resto da
cavalhada. </span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">O fazendeiro, que já era carrancudo e estava
furioso por causa do prejuízo da última aposta, ficou ainda mais brabo. De
relho na mão, disse ao Negrinho que ele deveria encontrar os cavalos, sobretudo
o baio, ou pagaria com a vida depois da pior surra que ele jamais sonhara. </span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Os senhores brancos eram especialistas nisso de
causar dor. Palmatória, tronco, chicote de três pontas, ferro em brasa, máscara
de flandres, pau-de-arara, torniquete na cabeça, cadeira do dragão, fio
elétrico desencapado, tiro no pé ou na mão, apagar o cigarro na pele, arrancar
ou enfiar alfinetes embaixo das unhas, desaparecimento, exílio, chacina,
salário mínimo, tapão no rosto, telefone nos ouvidos, expulsar do shopping,
olhar de desprezo, desemprego, fome, achaques, blitz, "vai pra
parede"..., o menino bem sabia do que os opressores eram capazes.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Em desespero, o menino então rogou pela ajuda de
uma protetora a quem as mães pretas costumavam rezar nas horas de sufoco.
Algumas chamavam-na de Iara, outras de Iansã, Iemanjá, Odoiá, Janaína ou Maria.
Ela tinha muitos nomes. Diziam que era mãe de deuses. Ou de um deus, que
apanhou também e sangrou em seus braços. O menino lembrou de sua mãe preta. E
se essa protetora dos pretos já foi mãe, havia de socorrê-lo...</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Na noite escura, saiu o garoto com uma vela em
busca dos cavalos. Cada pingo da vela que caia no campo acendia uma luz,
fazendo um rastro iluminado que não o deixou se perder. Depois de muito
caminhar, ele encontrou os cavalos, inclusive o baio. Sentiu um peso gigante
saindo de suas costas. Montou no baio e conduziu toda a cavalhada pra fazenda,
seguindo o rastro iluminado, voltando um pouco antes do sol nascer.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Acontece que o filho do fazendeiro não gostou de
ver de volta o maldito cavalo baio, de quem tinha ciúmes. Aproveitou-se que o
menino foi preparar o milho para os animais e espantou novamente o cavalo,
somente aquele, o baio, xodó de seu pai. Quando Negrinho chamou o fazendeiro
para mostrar que havia realizado a tarefa, o homem deu falta do cavalo e
explodiu de raiva: "Seu inútil, inútil. Você vai ver"!</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Negrinho apanhou muito, por horas, até seu carrasco
não aguentar mais bater. Quando parou de gritar e de se mexer, o fazendeiro
jogou seu corpo ensanguentado num enorme formigueiro, para que as formigas o
despedaçassem.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Anoiteceu e um silêncio terrível tomou conta da
fazenda. Todos os cativos choravam, mas ninguém ousava fazer qualquer
comentário. O batuque estava proibido. Quando amanheceu, o fazendeiro voltou ao
formigueiro para ver se as formigas haviam feito o "serviço". Mas,
para sua surpresa, Negrinho estava vivo, sem um arranhão sequer, montado no
cavalo baio e ao lado da sua protetora celeste.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Diziam os antigos que lá no Sul do Brasil que, a
partir de então, toda vez que alguém perdia algo importante e o quisesse de
volta, bastava acender uma vela, colocá-la ao lado de um formigueiro e pedir ao
Negrinho que o encontrasse e trouxesse.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Imagens do Negrinho do Pastoreio estão hoje
enfeitando a sede do governo do Rio Grande do Sul, o Palácio do Piratini, para
que essa história seja lembrada e contada de geração em geração, até o fim dos
tempos, para que todos saibam que a liberdade não tem preço.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow">OBS: </span>"Hemerson Ferreira:
<span class="uficommentbody"><span data-ft="{"tn":"K"}">Mas
ainda tomaremos esse palácio de inverno".</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="uficommentbody"><span data-ft="{"tn":"K"}"><span class="textexposedshow">*Hemerson
Ferreira é Professor de história</span> </span></span></div>
</div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-11467819485440864692016-09-10T17:34:00.000-07:002016-09-10T17:38:47.332-07:00COSPLAY DE GAÚCHO: por trás da história do Laçador.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_4" style="text-align: justify;">
Por Hemerson Ferreira*<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://scontent.fgig3-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-0/s526x395/14199495_1073710389411172_4510451995322893056_n.jpg?oh=78f91b54952ebac9d9fc06fbaf555ed6&oe=5838F445" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="A imagem pode conter: 1 pessoa" border="0" class="_46-i img" height="395" src="https://scontent.fgig3-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-0/s526x395/14199495_1073710389411172_4510451995322893056_n.jpg?oh=78f91b54952ebac9d9fc06fbaf555ed6&oe=5838F445" style="left: 0px; top: 0px;" width="233" /></a></div>
Em 1947, jovens folcloristas urbanos reunidos em um apartamento em
Porto Alegre resolveram recriar um Movimento Tradicionalista Gaúcho. O
contexto histórico era o do início da Guerra Fria. Após o fim da
ditadura estadonovista de Getúlio Vargas, o presidente era o general
Eurico Gaspar Dutra, um dos mais reacionários que o Brasil já conheceu.<br />
<br />
Notório lacaio dos EUA, Dutra havia fechado a Central Geral dos
Trabalhadores (CGT), tornou o PCB ilegal, rompeu ligações diplomáticas
com a URSS, criou uma lei que tornava todos as atividades laborais como
essenciais e por isso proibidas de fazerem greves, com rarissimas
exceções, como a dos perfumistas.<br />
<br />
É neste clima que o MTG surgia,
buscando resgatar uma pretensa Era de Ouro perdida do Rio Grande do
Sul. Os regionalismos deixaram de ser proibidos, como na ditadura de
Vargas, e buscava-se então re-emplacar uma cultura subnacionalista
chauvinista, que voltava com força.<br />
<br />
Voltava-se os olhares
melancólicos para o passado, pretendendo recriá-lo e, se necessário,
inventando o que fosse preciso para preencher as lacunas ainda
desconhecidas daquela história, como confessaram os criadores do novo
tradicionalismo. O termo Movimento e Tradição mostram certa contradição.
Como algo pode mover-se e se conservar? Certamente era um mover-se para
trás...<br />
<br />
O tradicionalismo gaúcho é um elogio ao mundo rural, à
fazenda, às lides do campo numa propriedade latifundiária. Em seus
Centros de Tradição (CTG's), apresenta-se uma recriação lúdica e
fantasiosa das relações patrão/empregado.<br />
<br />
No topo da pirâmide
social reina o patrão, seguido do capataz, os peões, os cavalos, os
cachorros e as prendas, nesta ordem. O negro escravizado não existe,
desaparece na versão caramelada da antiga fazenda gaúcha. Patrões e
empregados confraternizam ao som de violas e gaitas, servindo chimarrão
uns aos outros, entre histórias de valentia, com piadas machistas que
incluem com orgulhoso deboche até zoofilia. Gaúcho que tinha um cavalo
tinha um amigo. E quem tinha uma égua, tinha uma namorada, zomba o
piadista quando uma dama não está por perto.<br />
<br />
Alguns anos depois, o
folclorista Paixão Cortes pousou para o brilhante artista Antônio
Caringi na elaboração de uma estátua que acabou vencendo o prêmio de
arte tradicionalista. Fez um cosplay de gaúcho, dando uma versão ao
sujeito social marginalizado no passado sulista, filho bastardo do
colonizador espanhol e português com a indígena americana violentada.
Com os antigos campos abertos fechados pelos alambrados, o gaúcho
original teve de se tornar militar, trabalhador da fazenda ou bandido. O
"gaúcho" branco da estátua do Laçador na verdade é uma representação do
peão de estância, também romanceada, ficcional, e em quase nada
parecida com o gaúcho do passado.<br />
<br />
Há muito tempo o trabalho
rural, da lavoura ou pastoril, não representa mais as principais
atividades econômicas no Rio Grande do Sul. Aqui no RS o grosso do mundo
do trabalho se dá nas cidades, nas relações entre patrões e empregados
assalariados. Mas o tradicionalismo é estimulado pelos governantes e
pela grande imprensa local, justamente pelo seu conteúdo ideológico
conservador e "conciliador" de classes. Aqui nasceu também o MST, na
luta dos trabalhadores, homens e mulheres do campo, por um pedaço de
terra. Mas evidentemente esta parte da nossa história não é nem um pouco
celebrada pelo tradicionalismo.<br />
<br />
No Rio Grande do Sul há uma
enorme cultura urbana e operária. Terra de ricos e variados estilos e
ritmos musicais, desde o samba ao funk, hip-hop, rock, metal, punk,
bregas, corais, bandinhas "sertanejas" etc. Mas para o tradicionalismo
música gaúcha limitar-se-ia aos estilos tocados nos CTG's e certas
estações de rádio.<br />
<br />
O mês de setembro é o ápice dos festejos de
cunho tradicionalista no Rio Grande do Sul, em comemoração à revolta de
ricos criadores de gado no séc 19, que passou para a história como a
"Revolução Farroupilha". Algumas façanhas dos fazendeiros do passado são
elogiadas pelos fazendeiros atuais, obviamente escamoteando outros
feitos não tão louváveis assim de seus heróis.<br />
Em 1992, a Estátua
do Laçador foi considerada pelo poder público local como símbolo do Rio
Grande do Sul. O contexto histórico agora era o do desembarque do
neoliberalismo no país e no estado, onde o tradicionalismo continuaria
tendo um papel ideológico fundamental. Mas esta é uma outra história...<br />
<br />
*Hemerson Ferreira é professor de História.<a class="_4-eo" data-render-location="permalink" data-testid="theater_link" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1073710389411172&set=a.261845100597709.56665.100003166644418&type=3" rel="theater" style="width: 232px;"></a></div>
</div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-64301459987635385792015-05-13T10:12:00.000-07:002015-05-13T10:13:14.181-07:00O GAÚCHO ERA GAY?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS-Bold, serif;"><span style="font-size: small;"><b>Por
Mário Maestri</b></span></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS-Bold, serif;"><span style="font-size: small;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq-aI8lr97mGuKi8Mkg9ehce-1MN5NTZ4_ZVa7KWJd0mlWcgYLJvoGv68QZSlwA9Z4KJWrjO49-eIpdgBtqeODX5zj0xcyfx6_XSr_qJCoYsfSl3K7Qaf61RwA2Oc3EGJcnw8aOVV-0NHv/s1600/maxresdefault.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq-aI8lr97mGuKi8Mkg9ehce-1MN5NTZ4_ZVa7KWJd0mlWcgYLJvoGv68QZSlwA9Z4KJWrjO49-eIpdgBtqeODX5zj0xcyfx6_XSr_qJCoYsfSl3K7Qaf61RwA2Oc3EGJcnw8aOVV-0NHv/s320/maxresdefault.jpg" width="320" /></a></b></span></span></span></div>
<span style="color: white;"><br /></span>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Em
20 de setembro de 2002, em pleno centro de Porto Alegre, durante
celebração da
Semana Farroupilha, membros do Movimento Tradicionalista Gaúcho
sovaram a relhaços militante do movimento gay que se introduzira,
montado e pilchado, na parada regionalista, com a bandeira do
arco-íris, símbolo mundial da luta contra a discriminação
sexual e pela paz. Ao passar diante do palanque do governador do
Estado, Olívio Dutra, também vestido de gaúcho, o ativista gritara
ser aquela a "verdadeira bandeira da revolução". Em
inícios de 2005, em Centro de Tradições Gaúchas de Passo Fundo,
no norte do Rio Grande do Sul, professor foi expulso do salão de
festa por portar brinco em uma orelha. Segundo o patrão do clube,
folcloristas e o presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, o
adereço agredia por sua feminilidade a procurada figuração
contemporânea do gaúcho histórico.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">O
ato público de covardia grupal homofóbica de 2002, ou o
comportamento autoritário e machista de 2005, materializam a
angústia do movimento tradicionalista diante da simples sugestão de
que o gaúcho do passado, objeto paradigmático das recriações
encenadas pelos cetegistas do presente, tenha conhecido, mesmo
marginalmente, orientação homossexual. Uma realidade que negaria a
essência mítico-histórica proposta para o personagem, apresentado
como símbolo do rio-grandense de ontem, hoje e sempre. Entre as
principais atribuições do tradicionalismo ao gaúcho destaca-se a
qualidade, cantada em prosa e verso, de ser tão, mas tão totalmente
macho, que essa macheza desbragada terminou virando motivo de
jocosidade geral, de além e aquém Mampituba.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">A
desembargadora Maria Berenice Dias, do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, ao rechaçar publicamente a agressão física ao
militante gay, de 2002, teria feito a pergunta cuja verbalização
faz tremer o tradicionalismo sulino: "Por que não pode existir
um gaúcho gay de bombachas?" (Época, 227, 23.09.02.
www.epoca.com.br) Ou seja, em palavras simples e sem floreios: "O
gaúcho do passado, cavaleiro vagabundo dos campos indivisos,
centauro destemido dos pampas, guerreiro indômito do sul das
Américas, motivo de lendas e romances, poderia ter sido,
eventualmente, gay?"</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS-Bold, serif;"><span style="font-size: small;"><b>Por
vocação ou necessidade</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Desconheço
se há estudos históricos científicos sobre a orientação sexual
do gaúcho, questão de não desprezível interesse, nem que seja
como contribuição para a superação tendencial das propostas
homofóbicas construídas em torno desse personagem, permanentemente
esvaziado de seu sentido histórico pelas representações
mítico-triviais do passado, que o confundem, mais e mais, com o
fazendeiro, seu antagonista social. Porém, por razões óbvias, sem
o apoio de qualquer dado histórico positivo, podemos afirmar que a
gauchada dos pampas sulinos, uruguaios e argentinos, como qualquer
outra população masculina, em qualquer local e época, dividiu-se
em uma maioria de heterossexuais e uma minoria de homossexuais.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Em
forma muito geral, as práticas homossexuais correspondem à
realização dos impulsos sexuais de indivíduos orientados
eroticamente para o mesmo sexo ou como derivativos nascidos da
impossibilidade de objetivação de orientação heterossexual.
Especialistas defendem que, em qualquer situação e época, de
quatro a quatorze por cento da população masculina seria
homossexual [homossexuais exclusivos, segundo Alfred Kinsey, 1949],
divergindo sobre as origens genéticas, psicológicas, sociais etc.
do fenômeno. O impulso homossexual derivativo nasceria comumente de
isolamento de população do mesmo sexo, em conventos, quartéis,
internatos, presídios, navios, etc., campo fértil para a realização
dos impulsos homossexuais dominantes ou subordinados e de práticas
sexuais derivativas.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Essa
distribuição natural da população, tendo nos seus extremos uma
maioria hétero e uma minoria homossexual, constitui apenas o ponto
de partida de uma eventual investigação sobre a sexualidade da
população gaúcha ou de qualquer outra. Isso porque as orientações
sexuais profundas e derivativas materializam-se no contexto de
inúmeras e complexas determinações sociais, culturais, etc.
Portanto, a questão não é saber se houve ou não gaúchos
homossexuais, já que tal questão registra, em si, profunda
ignorância e preconceito sobre a sexualidade humana,
mas sim desvelar como o gaúcho homossexual teria vivido sua
orientação homoerótica,
nos diversos espaços geográficos e de tempo.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Entretanto,
a questão sobre a orientação e objetivação das tendências
sexuais do gaúcho
torna-se ainda mais complexa devido ao fato de dispormos de
informação histórica positiva que pode sugerir, hipoteticamente,
que as práticas homoeróticas não fossem incomuns entre a população
gaúcha heterossexual, devido precisamente às características
singulares da forma de vida e de produção desse habitante do pampa
sul-americano, como assinalado, motivo de infindáveis narrativas e
figurações, dos mais diversos cunhos, em geral profundamente
românticas e folclorizadas.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS-Bold, serif;"><span style="font-size: small;"><b>Falando
mal</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">José
Feliciano Fernandes Pinheiro nasceu em Santos, em 1774, em família
abastada. Com 18 anos, partiu para Portugal, formando-se em Direito
Canônico em Coimbra. Com as finanças familiares abaladas,
estabeleceu-se em Lisboa, trabalhando como tradutor. Em 1800, viajou
para a colônia brasileira, para ser juiz da alfândega das
capitanias de São Pedro e Santa Catarina e auditor dos regimentos do
Rio Grande. José Feliciano publicou, em 1819-22, os célebres Anais da
Província de São Pedro, tidos como primeira história orgânica do
Rio Grande, escritos desde a ótica de um burocrata de destaque do
império lusitano.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Na
primeira edição dos Anais, José Feliciano desanca literalmente a
sociedade e o habitante
sulinos. Define os rio-grandenses como "inertes e vários, e de
natural ferino" e propõe que os "roubos, mortes e
atentados" dominassem o interior, devido aos "poucos
progressos" da "moral", das "leis" e do
"espírito de sociedade" locais, ensejados pelo "ruim
fermento" da população original, constituída pelo "enxurro
da nação", ou seja, "degredados" e "mulheres
imorais e banidas". Isso porque os poucos "casais"
açorianos, de límpido sangue lusitano, teriam "emigrado"
devido ao descumprimento das promessas públicas.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">O
paulista enxovalhou igualmente sem dó a sociedade pastoril, ao
anatematizar o churrasco, causa segundo o mesmo da "insensibilidade"
com o "espetáculo da dor e da morte" do "estancieiro"
e do "charqueador", que despedaçavam a "cada passo uma
rês". Para ele, os "devoradores de vianda em geral"
seriam "mais cruéis e ferozes" do que o homem normal. Ao
referir-se à fazenda pastoril, registrou afirmação intrigante.
Propôs nada menos que, devido à "inércia" da estância,
o seu habitante conheceria a "moleza, a ociosidade e a
devassidão", causas de "misérias" e, muita atenção,
da baixa "multiplicação da espécie humana".</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Não
apenas na época, sobretudo no mundo católico homofóbico ibérico,
acusava-se a sodomia, ou seja, a homossexualidade masculina, como
forma de "devassidão" responsável pela frustração da
"multiplicação da espécie humana". Essa interpretação
deve ser tomada em sentido hipotético, ao lado de outras eventuais
leituras, devido ao caráter obscuro e sintético da afirmação de
José Feliciano. Porém, vinte anos mais tarde, um outro autor de
narrativa muito conhecida do Rio Grande voltava a tocar, na mesma
tecla, com ainda maior intensidade, sugerindo, assim, que a dupla
fumaça poderia ser indício de um único foco de fogo.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Nicolau
Dreys nasceu em 1781, na França. Funcionário público e militar
bonapartista, viajou ao Brasil, após 1815, dedicando-se ao comércio.
Conheceu diversas províncias, vivendo no Sul, na capital e no
interior, em fazendas e charqueadas, de 1817 a 1827. Dreys publicou
sua Notícia descritiva da província do Rio Grande de São Pedro do
Sul, em 1839, no Rio de Janeiro, onde faleceu, em 1843.
Sua Narrativa traz rica informação sobre o gaúcho, sua gênese e
principais características. Ao concluir seu valioso depoimento,
propõe que o gaúcho literalmente não gostava de mulher, devendo-se
a isso a sua baixa proliferação, para o francês, fenômeno
positivo, devido à fereza daquele tipo social.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS-Bold, serif;"><span style="font-size: small;"><b>No
me gustan las chicas!</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">"Os
gaúchos parecem pertencer a uma sociedade agyne [sem mulher], como
dizia [Francesco] Algarotti, que viviam no seu tempo os Tártaros
zoporojos; pelo menos, os gaúchos aparecem geralmente sem mulheres e
manifestam mesmo pouca atração por elas, felizmente para seus
vizinhos, a quem sua multiplicação, acompanhada de desejos
tumultuosos, poderia causar desassossego [...]." Também a
importante proximidade entre as propostas de José Feliciano e
Nicolau Dreys
não pode ensejar afirmações conclusivas, despropositadas e
peremptórias. Não deve, porém, ser desconhecida e desconsiderada
como ponto de partida para investigações
mais detidas.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">O
gaúcho surgiu no Prata, sobretudo como nativo destribalizado ou
mestiço de europeu e pampiano ou guarani, vivendo em forma
semi-nômade em campos abertos ainda que em geral apropriados
privadamente, em contato intermitente com a sociedade ibérica.
Segundo explicações etimológicas mais comuns, gaúcho teria se
originado da palavra quechua, importante idioma andino, "huachu"
ou "huakcho", com o significado de "órfão",
"vagabundo", "errante", "sem raízes".
O nome não possuía feminino, já que não havia uma gaúcha. Na
língua araucana, falada no sul do Chile e da Argentina pelos
mapuches, "huaso" descreve o "habitante do campo"
e "gatchu", "amigo" ou "parceiro".</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">No
Rio Grande, mas sobretudo no Uruguai e na Argentina, o gaúcho
incorporou-se, em
forma permanente e episódica, à fazenda pastoril, como peão, o que
não deve ensejar confusão entre os dois termos, já que o primeiro
é atinente, originalmente, a uma etnia e cultura e, o segundo, a uma
profissão. Nem todos os peões
eram gaúchos e nem sempre o gaúcho trabalhava como peão. Segundo
parece, sobretudo a partir dos anos 1870, quando os campos começaram
a ser cercados, transformando o cavaleiro vago em intruso, o gaúcho
foi definitivamente apealado pela necessidade econômica à fazenda,
confundindo-se até
mesmo etimologicamente com o peão.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Se,
nos campos abertos, o gaúcho podia fazer-se acompanhar por uma
companheira, em geral uma china - mulher, em quíchua - e, ainda com
maior dificuldade, por algum filho, ele era aceito na fazenda
pastoril apenas como trabalhador sem laços familiares. O custo de
manutenção do peão e de sua família era dificilmente coberto pelo
trabalho marginal que sua mulher e filhos pequenos forneceriam.
Sobretudo, o fazendeiro temia que núcleos familiares de peões
criassem laços familiares, societários e com a terra que
questionariam inevitavelmente a posse latifundiária.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS-Bold, serif;"><span style="font-size: small;"><b>Eternamente
solteiros</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Na
fazenda, além do fazendeiro, apenas o capataz, na sede, o posteiro,
nas bordas da propriedade, e o cativo, nas senzalas, acasalavam-se
normalmente, assegurando
a baixa reprodução da mão-de-obra livre e escravizada necessária
à produção
pastoril. O cativo, campeiro ou não, podia se casar e multiplicar,
como parece
ter feito abundantemente no sul do Brasil, pois produzia seres que
tinham no fazendeiro seu verdadeiro pai sociológico, já que eram
dele propriedades e a ele deviam obediência e trabalho.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">O
peão, ao contrário, permanecia solteiro, dormindo no galpão, ao pé
do fogo ou, mais tarde, em pequeninos dormitórios coletivos. Os
levantamentos arquitetônicos das fazendas rio-grandenses dos séculos
18 e 19 registram a presença da sede, do galpão, da senzala, dos
depósitos, dos currais e jamais de moradias unifamiliares para os
peões. Essa triste condição do peão manteve-se quase plenamente
até poucos anos.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Estudo
de 1964 registrou que, nas fazendas rio-grandenses estudadas, 75% dos
peões eram solteiros, enquanto praticamente 71% dos capatazes eram
casados. Sobre os peões, Laudelino Medeiros, autor desse valioso
levantamento, registrou: "As mais das vezes dormem numa peça
junto ao galpão, mais propriamente uma divisão no galpão: o quarto
dos peões. Ali se encontram quatro ou cinco camas rústicas (...).
São poucas as fazendas que têm quartos individuais ou de dois para
os empregados." Os poucos peões casados dormiam em geral nos
dormitórios coletivos e visitavam a família uma vez por semana.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Cada
modo e forma de produção tem sua lei demográfica tendencial.
Carente de braços, a economia colonial-camponesa ensejou explosão
demográfica, impondo à camponesa
papel de verdadeira parideira, de conseqüências fisiológicas,
psicológicas e sociais que apenas começam a ser estudadas. A
produção pastoril latifundiária e extensiva exigia escasso emprego
de mão-de-obra, determinando muito baixos acasalamento e reprodução
dos trabalhadores livres, fenômenos registrados no despovoamento
relativo das regiões envolvidas pela economia pastoril, no RS, no
Uruguai e na Argentina. Uma realidade imposta pelo fazendeiro em
detrimento das necessidades e anseios, conscientes e inconscientes,
do gaúcho-peão. Nesse sentido, acertava Dreys, ao ver no gaúcho um
homem sem mulher, mas errava, redondamente, em sugerir que o fenômeno
pudesse dever-se a sua pouca simpatia com o frágil ser do sexo
feminino.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS-Bold, serif;"><span style="font-size: small;"><b>O
barranco e o gaúcho</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">A
falta de mulheres, a dificuldade em constituir família, os longos
períodos vividos dioturnamente apenas entre homens, nos campos, na
sede, no galpão e nos dormitórios coletivos, certamente motivaram
forte tensão na vida erótica dos peões
e gaúchos heterossexuais, raízes das conhecidas práticas
zoofílicas, motivo de poesias tradicionalistas cantadas comumente, é
lógico, quando as prendas não estão presentes. Não deixa de ser
interessante que o amor carnal do peão por sua égua
arranque sorrisos simpáticos e cúmplices, enquanto que o abraço do
gaúcho, alegre ou triste, ao seu companheiro de faena, luta e
tristeza cause arrepios de horror aos muchachos nativistas!</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">O
desespero dos tradicionalistas com a eventualidade de que o gaúcho
histórico fosse, ainda que minoritariamente, homossexual, ou
tivesse, eventualmente, comportamentos homoeróticos, deve-se em
parte à falsa associação necessária da homossexualidade
masculina a comportamentos femininos. A feminização é apenas uma,
e talvez nem mesmo a mais significativa, entre as múltiplas formas
de vivência da homossexualidade masculina. Em muitos países, a
expressão da homossexualidade dá-se, precisamente, através da
ênfase dos atributos físicos e psíquicos masculinos.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Uma
das muitas qualidades do belo filme de Ang Lee, "O Segredo de
Brokeback Mountain", de 2005, é precisamente apresentar o
longo, tenso e dramático relacionamento afetivo e sexual de dois
peões estadunidenses, no contexto da integridade plena dos atributos
e comportamentos tidos como normais à identidade masculina. Ou seja,
mostrar uma forma da expressão da homossexualidade masculina que
deixa muito pouco espaço aos preconceitos e caricaturas habituais
sobre o relacionamento homoerótico. Uma reconstituição que pode
nos sugerir, igualmente, comportamento dominante dos gaúchos
eventualmente homossexuais ou envolvidos em atos homoeróticos no
passado.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">É
crível que o hipotético gaúcho homossexual vivesse ou reprimisse,
mais ou menos plenamente, suas orientações profundas, sem jamais
deixar de ser e de se comportar como o gaúcho que era. Ou seja,
continuaria sendo macho, mas tão extremamente macho, que, caso se
encontrasse no centro de Porto Alegre, em 2002, entraria no
entrevero, mesmo de mãos nuas e desmontado, nem que fosse para não
ter o desgosto de ver um grupo de barbados, de rebenques na mão,
fantasiados de gaúchos, se encostando um nos outros, cheios de
fricotes, para encontrarem a coragem que lhes faltava para surrar um
guasca solito e desmamado. Um ato, definitivamente, convenhamos, mui,
mas mui pouco macho!</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS-Bold, serif;"><span style="font-size: small;"><b>Bibliografia
consultada:</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">CHAVES,
Antônio Gonçalves. Memórias Ecônomo-políticas sobre a
administração pública do Brasil. Porto Alegre: Companhia União de
Seguros Gerais, 1978. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">DELLA
FLORA, Jussara Maria "Rosas na Coroa, Pranto na Vida: a história
silenciosa da Camponesa Oestina ítalo-catarinense". Passo
Fundo: PPGH UPF, 2005. [Dissertação de Mestrado.]</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">DREYS,
Nicolau. Notícias descritiva do Rio Grande do Sul. 4 ed. Porto
Alegre: Nova</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Dimensão;
PUC, 1990.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">MAESTRI,
Mário. O escravo no Rio Grande do Sul: trabalho, resistência e
sociedade. 3 ed. Revista e ampliada. Porto Alegre: EdiUFRGS, 2006.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">MEDEIROS,
Laudelino T. "O peão de estância: um tipo de trabalhador
rural". Porto</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">Alegre:
Instituto de Estudos e Pesquisas Econômicas da UFRGS, 1967. [Edição
fotocopiada]</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">SÃO
LEOPOLDO, José Feliciano Fernandes Pinheiro, Visconde de. Anais da
Província de São Pedro. 5ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: TrebuchetMS, serif;"><span style="font-size: small;">SILVA,
Nery Luiz Auler da. Antigas fazendas: arquitetura rural do Planalto
Médio. Séc. XIX. Passo Fundo: Edição do Autor, 2003.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: ArialMT, serif;"><span style="font-size: small;">Artigo
escrito para a Revista Arquipélago. </span></span><span style="font-family: Arial-ItalicMT, serif;"><span style="font-size: small;"><i>A
homofobia</i></span></span><span style="font-family: ArialMT, serif;"><span style="font-size: small;">.
Porto Alegre: Instituto</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: ArialMT, serif;"><span style="font-size: small;">Estadual
do Livro/Governo do Estado do RS, 2006.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
</div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-60689280617649829032012-10-31T11:10:00.001-07:002012-10-31T11:19:01.107-07:00Halloween no Brasil é para aculturados e sem noção da dominação yanke<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="userContentWrapper aboveUnitContent">
<div class="_wk mbm">
<span class="userContent">Por Beto Fidler com propriedade e em poucas palavras:</span></div>
<div class="_wk mbm">
<span class="userContent"><br /></span></div>
</div>
<div class="shareUnit attachmentUnit">
<div>
<div class="userContentWrapper">
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="userContent">Bah! Tem um monte de aculturados comemorando essa data YANKE que é o
HALLOWEEN, comemorado hoje 31 de outubro, mas poucos se lembram de uma
data genuinamente nossa que é o dia 22 de Agosto, Dia do Folclore. Viva
nosso Saci, nossa mula sem cabeça, nosso curupira...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb6z3WsKYMe55_aQt6IN3h7QtwxGp8mj1Xc0yVZ70TqVw6yyOrkh0HLUjPzf4U75ean6y6xc13Mu4d46d9fsCGYY4vymuvG25ca9VYf1nI2ffcxnyzXYt_9XcxdC1E1MzaX74O88nYUBqt/s1600/folclore-brasileiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb6z3WsKYMe55_aQt6IN3h7QtwxGp8mj1Xc0yVZ70TqVw6yyOrkh0HLUjPzf4U75ean6y6xc13Mu4d46d9fsCGYY4vymuvG25ca9VYf1nI2ffcxnyzXYt_9XcxdC1E1MzaX74O88nYUBqt/s400/folclore-brasileiro.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="userContent">Por Runildo Pinto,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="userContent"><span class="userContent">Acertou
em cheio Beto Fidler! </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="userContent"><span class="userContent">No BRasil halloween vira babaquice. O clichê da cultura dos Estados Unidos da América (EUA), vem para substituir nossa
cultura com o objetivo de descaracterizar, desconstruir a nossa identidade e
soberania. Dominação pura! Fazer dos brasileiros extensão dos
interesses da "Ave de Rapina mundial", os norte-americanos. Somos,
apenas, mercadorias para eles.</span> </span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br /></div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-20744249690714737882012-10-31T09:29:00.001-07:002012-10-31T10:24:53.262-07:00"O Negrinho do Pastoreio", recontada por Moacir Scliar <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihIMHiMUc4vXuvqZBFDOUiIHiL307b5GYZLowfuppYjHHRp1Svx8F80gXPOgPFTKTTcLqwMaSqqUoY9qADQxl0EesBY9AORPjA259SEQUBlNzJ6682gArZ2trLFlAoYwm-Gol1D47J_Moc/s1600/pastoreio.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihIMHiMUc4vXuvqZBFDOUiIHiL307b5GYZLowfuppYjHHRp1Svx8F80gXPOgPFTKTTcLqwMaSqqUoY9qADQxl0EesBY9AORPjA259SEQUBlNzJ6682gArZ2trLFlAoYwm-Gol1D47J_Moc/s320/pastoreio.jpg" width="320" /></a></div>
<h3 class="western">
</h3>
<div dir="LTR" id="Seção1">
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>, uma crítica de Runildo Pinto e Guilhermo Yuri M. Pinto</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><b>Reconhecemos o "Negrinho do Pastoreio", como uma
lenda popular no Rio Grande do Sul. Só, que o tradicionalismo guasca,
como tudo em que toca, inverte seu valor e significado, reduz tudo a um
aliciamento aos interesses do latifúndio. Observem a formação do CTG: é a representação da Estância, da Fazenda. A
estrutura não é republicana, mas escravista: patrão - capataz e o peão.
Temos que resgatar a figura do "Negrinho do Pastoreio", como uma figura
popular, do povo que foi oprimido e é oprimido na sociedade. </b></i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
<br />
É
manifesto que a história do Rio Grande do Sul não começou por um
sentimento de legítima nacionalidade. Poucas pessoas empenharam-se
em movimentar toda uma região para conquistar este grande estado,
por puro interesse particular. O de obter terras e poder.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
A
lenda Negrinho do Pastoreio, mostra a mentalidade egoísta e raivosa
dos latifundiários, que plantaram uma visão grosseira de mundo,
baseada na prepotência sugerida pelo poder que tem o estancieiro.
Dono de grande quantidade de terra, considera-se o “Senhor do
Universo”, com direito à impunidade. Esta condição exacerbada
ainda hoje dita o comportamento e a conduta moral dos gaúchos.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
No
texto do escritor Scliar, vê-se, que o estancieiro possuia tanta
terra que os cavalos perdiam-se no campo. Isto dificultava ainda
mais a vida do Negrinho. Segundo o autor, “...o Negrinho perde a
grande querência como o lar acolhedor e hospitaleiro dos gaúchos”.
Mas, o Negrinho, não perdeu nada! Este lar é seu desafeto, tudo o
que o Negrinho nunca teve.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
Na
frase: ".....o Negrinho do Pastoreio mora para sempre na grande
e acolhedora querência que é a bela tradição do Rio Grande do
Sul....", demonstra a conivência do autor com a mentalidade
bruta do latifundiário que baseia tudo na vida à imensidão das
terras que possui. Uma visão de grandeza, que diminui a mentalidade
e o ser humano rio-grandense, representa o atraso no desenvolvimento
produtivo, desqualifica a cultura – reforça uma pseudocultura e,
com base na doma, como educação, cria um homem truculento, pois
tende a explicitar os interesses e modo de vida do fazendeiro e
embrutecendo moralmente a população, além de causar exclusão
social e submissão político-ideológica a esta oligarquia.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
O
que se conclui do texto, é que o autor entra em contradição,
porque não teve a coragem de contar as reais condições do
escravismo no Rio Grande do Sul. Mostrou todas as causas do
sofrimento do Negrinho, como se fosse tudo muito bonito e acabou
capitulando diante da tradição conservadora e reacionária da
cultura guasca, dando uma interpretação que exalta a figura do
estancieiro e dá reconhecimento definitivo de que a base dessa
cultura do embrutecimento é uma cultura autêntica, conveniente.
Reforça uma concepção de solidariedade totalmente deturpada para
a formação da população gaúcha, prega a servidão. O Sr. Scliar
não cansa de enfatizar a cada parágrafo que tudo é grande, sendo
caudatário à cultura do latifúndio. Portanto, o Negrinho nunca
teve Querência e muito menos laços de afeição. E sua alma
continua vagando no além....</div>
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
</div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-74748505202626395812012-10-26T06:41:00.000-07:002012-10-26T11:25:32.202-07:00PAMPA NEGRO: AGITAÇÕES, INSUBORDINAÇÕES E CONSPIRAÇÕES SERVIS NO RIO GRANDE DO SUL, 1863-1868<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIckv9jv_tjPvGZBLbLEJUcTh4GyRPB1e-2kWIyZTgG2mNSrkbKXJ9a5HzZIDgAdnjyHtGwKHc_uZxF9XPwsYOfViuv7aY5IwbK4Su3V6MKQ3Tekdv_d5_0PQEvr-w34x1vtPeQrR3sLYL/s1600/Resitencia-escravos-BRASILESCOLA(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIckv9jv_tjPvGZBLbLEJUcTh4GyRPB1e-2kWIyZTgG2mNSrkbKXJ9a5HzZIDgAdnjyHtGwKHc_uZxF9XPwsYOfViuv7aY5IwbK4Su3V6MKQ3Tekdv_d5_0PQEvr-w34x1vtPeQrR3sLYL/s320/Resitencia-escravos-BRASILESCOLA(1).jpg" width="320" /></a></span></div>
<div style="text-align: right;">
<b><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;">Mário
Maestri</span><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Demi, serif;">1</span></span></i></b></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<b><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">R</span><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">EVISTA
DE </span><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">H</span><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">ISTÓRIA
</span><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">[25];
João Pessoa, jul./ dez. 2011.61</span></span></i></b></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Demi, serif;">1863-1864:
Senzalas sem Paz no Meridião Rio-Grandense </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
1863, o movimento emancipacionista fortalecia-se no Brasil. Após
treze anos da interrupção do tráfico transatlântico, a população
escravizada, crioula ou </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>ladinizada</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
começava a contar com apoios entre a população livre na luta pela
libertação. Havia muitos anos, a abolição realizara-se no Uruguai
e na Argentina</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">2</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Nesse ano, a guerra de Secessão nos USA enfuriava, sinalizando a
destruição do cativeiro na grande nação. A escravidão tornava-se
excrescência jurídica nas Américas e a liberdade, direito civil a
ser conquistado pela população feitorizada do Brasil.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">No
novo contexto, houve clara evolução das revoltas servis no Rio
Grande do Sul, que não passaram mais a apontar apenas obsessivamente
para a fuga para os matos ou para as fronteiras</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">3</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Agora, os cativos organizavam-se para reivindicar a emancipação, de
posição de força. Projetos que pressupunham esforço
organizacional e nível mínimo de elaboração política. A crise
política no Prata [1864-1870] deu também um novo sentido à busca
das nações do Prata. Houve maior envolvimento de homens libertos e
homens livres nesses sucessos e aumentou o medo das autoridades de
que as notícias sobre eles se disseminassem na escravaria.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>Insubordinação
de Escravos</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
princípios de janeiro de 1863, informado que nas “fazendas de
agricultura” do cirurgião Antônio José de Moraes, no termo de
Taquari, região a uns cem quilômetros a noroeste de Porto Alegre,
apareceram “indícios de insubordinação de escravos”, o
delegado de Polícia enviou, no dia 8, o “inspetor de quarteirão”,
com “alguns praças”. O destacamento prendeu dois cativos tidos
por “aliciadores de seus parceiros”, parecendo “entrarem as
fazendas no curso regular de seus trabalhos”.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Muito
logo, como “alguns pretos procuraram embargar a passagem da
escolta” “reforçada”, o delegado de Polícia enviou “força
do Corpo Policial” e o cirurgião Moraes, a quem “os escravos
prestando obediência, pediram perdão”. Os dois acusados foram
enviados para Porto Alegre para serem “interrogados” e sete
cativos homiziaram-se no mato. Em resposta às informações sobre os
fatos, o conselheiro João Vieira Cansanção de Sinimbu, ministro e
secretário de Estado dos Negócios da Justiça, na Corte, recomendou
“terminantes providencia para a punição” daquela
“insubordinação de escravos”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">4</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Em 25 de fevereiro de 1863, o presidente da Província enviou ao
chefe de Polícia de Pelotas correspondência reservada sobre “as
seduções empregadas pelo preto liberto Sebastião Maria”,
suspeito de conspirar para a “insurreição de grande número de
escravos” em Pelotas, o grande polo escravista sulino</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">5</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
presidência da Província recomendava que se procedesse, com o
“menor estrépito que for possível”, “incessante vigilância a
fim de prevenir os efeitos que porventura tivessem provocado” a
ação do liberto. A presidência da Província perguntava sobre a
repercussão da agitação e, sobretudo, se Sebastião “obrava”
“por movimento próprio” ou fosse, eventualmente, “instrumento
de algum plano tenebroso” de “algum agente ou súdito” da
Inglaterra. O liberto seria interrogado e levado, “com cautela e
segurança para a cadeia da cidade de Rio Grande, a bordo de “algum
dos vapores de guerra da flotilha” que transportavam tropas para a
guarnição de Pelotas e Rio Grande. Determinava igualmente que o
liberto recebesse “nota de culpa” por “crime de insurreição”
e que fosse mantido na cadeia sem “comunicação com escravos, ou
qualquer liberto que não inspire inteira confiança”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">6</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
A referência e o temor à interferência da Inglaterra era devido à
questão Christie [1862-1865], então em curso</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">7</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
</span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>Reclamando
a Liberdade</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Meses
mais tarde, em agosto de 1863, ocorreria tentativa insurrecional, no
segundo distrito da Aldeia dos Anjos [Gravataí], nas proximidades de
Porto Alegre. A paróquia de Nossa Senhora dos Anjos fora fundada
para abrigar guaranis missioneiros trazidos das Missões, quando do
recuo luso-brasileiro para Rio Pardo, após a Guerra Guaranítica
[1753-1756]</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">8</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Na segunda década do século 19, a população nativa já desertara
em grande parte a aglomeração</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">9</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Informado
de movimentos conspirativos entre a escravaria de “diversas
fazendas da região”, o subdelegado de Polícia do distrito
comunicou o fato ao chefe de Polícia, que partiu na noite de 25 de
agosto, para a região, à frente de uma “escolta do corpo
policial”. Ao chegar ao local, encontrou já em “diligências”,
“praças da Guarda Nacional”, convocadas pelo comandante do corpo
do distrito. </span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">No
dia 26, chegaram dezessete “escravos presos” e, cinco outros, no
dia seguinte. Após interrogatório, acertou-se que, desde maio, os
cativos da fazenda de Francisco Maciel “aliciavam” cativos para
“levantarem-se contra os senhores, tomarem-lhes as armas e o
dinheiro, e reclamarem depois sua liberdade, exigindo pela força, se
lhe a não dessem”. Os cativos da fazenda “evadiram-se logo que
perceberam a proximidade” das forças policiais. Os conspiradores
contavam com apoio nas “fazendas vizinhas” e enviaram
“emissários” para o Pinhal, Passo Grande e Sapucaia</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">10</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">O
movimento eclodiria na quarta-feira, 26 de agosto – um dia após a
repressão ao movimento. Os cativos planejavam “reunirem-se no
Passo do Butiá”, para “alistaremse”. Após acamparem no campo
do Chará, atacariam a povoação da Aldeia dos Anjos, no dia 30,
domingo. De lá, partiriam para o Passo Grande, “onde reunidos
todos”, marchariam para Porto Alegre. Um chefe do movimento, que se
entregara no dia 28, e outros prisioneiros, confirmaram o plano. O
delegado conclui seu relatório, escrito em 29 de agosto, assegurando
que a “tranquilidade” fora restabelecida. Os cabeças do
movimento, já presos, seriam processados. Os menos envolvidos, foram
imediatamente “castigados corporalmente”, com a licença dos
proprietários</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">11</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
conspiração era movimento singular, nos objetivos, amplitude e
organização. No mínimo durante quatro meses, cativos da fazenda de
Francisco Maciel aliciaram companheiros das propriedades vizinhas e
em outros pontos do distrito. Eles concentrariam as forças nos dias
26, 27, 28 e 29 de agosto e, no domingo, atacariam a Aldeia dos Anjos
e, após nova reunião no Passo Grande, partiriam para Porto Alegre.
Esperavam, iniciado o movimento, receber novas adesões. Pretendiam
reivindicar a liberdade de uma posição de força.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>A
Conspiração de Taquari</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
novembro de 1864, descobriu-se plano de cativos para saquear a vila
de Taquari e, após sequestrar mulheres, fugir para o Estado
Oriental, onde enfuriava a guerra civil e receberiam certamente a
proteção do Partido Blanco. Informada em 19 de novembro, a
presidência da Província enviara na manhã seguinte, para aquela
vila, “vapor”, pelo rio Taquari, afluente da margem esquerda do
rio Jacuí, com um oficial, dez soldados, “armamentos e munição”
e o juiz de Direito interino da 2ª Vara Criminal, José Alves de
Azevedo Magalhães, para investigações. Este último informara que
o plano da “insurreição” seria “insensato e que nem poderia
ser levado a sério, sendo o susto dos habitantes mais imaginário do
que real”. Segundo o delegado de Polícia, as fazendas do distrito
teriam mais de oitocentos cativos. Não fora </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>falso
alarme</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Em ofício ao presidente da Província, de 20 de novembro, Azevedo
Magalhães declarava que, em interrogatórios feitos após a
descoberta da conspiração, soubera-se que os cativos “Boaventura,
Domingos, Carlos, Bento, João e Joaquim, aliciados pelo liberto João
Marçal”, convidaram “diversos parceiros” para se reunirem, em
um dia não marcado, no cemitério, para “dali marcharem” sobre a
vila e, após apoderarem-se de armas e dinheiro, “retirarem-se para
o Estado Oriental. Uma cativa, de propriedade de Francisco Caminha,
soubera do plano e o denunciara. Falava-se na região que chegara do
Uruguai, onde estivera “refugiado”, “um preto irmão de dois
escravos implicados”. Nos interrogatórios, o cativo Joaquim acusou
dois destacados cidadãos da vila como responsáveis pelos fatos</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">12</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
ofício de 25 de novembro, o delegado de Polícia da região
comunicava que os cativos Joaquim e Domingos, de Antônio José de
Oliveira; a escrava Ventura, de Damásia Joaquina da Silva; Antônio,
de Cândido d’Abril; Bento, de Manuel da Silva Pinto, e Carlos, de
José Mendes da Silva foram denunciados como implicados em crime de
tentativa de insurreição. Como hábito, os menos comprometidos
foram </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>apenas
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">açoitados,
com a anuência dos proprietários</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">13</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Tratava-se de plano insurrecional para fugir para o Estado Oriental,
onde as tropas imperiais haviam ingressado em setembro, agravando a
crise e ensejando, a seguir, o grande conflito de 1865-1870.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
dezembro de 1864, em Pelotas, o bacharel João Marcelino de Sousa
Gonzaga, presidente da Província [2.5.1864-20.06.1865] relatara ao
ministro da Justiça, na Corte, a descoberta de plano insurrecional
de cativos em Porto Alegre. Apesar de não dispor ainda de dados
precisos, descria da notícia, nascida do “espírito público da
província”, impressionado “com a gravidade da situação” no
Uruguai. Propôs igualmente que Porto Alegre teria “muita população
livre e poucos escravos” e pedia licença para proceder contra
“libertos”, entre eles ex-praças do Exército, possíveis
causadores dos “receios de insurreição”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">14</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Nos fatos, a população servil da capital não era diminuta, como
proposto. Mesmo exportando cativos para o Centro-Sul, 23% da
população porto-alegrense conhecia o cativeiro – sem contar os
libertos e negros livres</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">15</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Demi, serif;"><i>Os
Orientais e a Grande Conspiração de 1865</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Mais
do que vãs temores agitavam a província sulina em 1865. Em seu
Relatório sobre sua administração do Rio Grande, João Marcelino
escreveria: “No princípio do corrente ano [1865], houve um
estremecimento geral proveniente de suspeitas da existência de um
plano de insurreição servil”. Novamente, para ele, não </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>seria
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">“plano
combinado”, mesmo reconhecendo a agitação em “alguns termos da
Província”. Na ocasião, repreendeu as “autoridades locais”
que acionaram “ostensivamente” a Polícia e louvou o delegado de
Polícia de Pelotas, pelo “critério e discrição”, ao tomar,
“sem ostentação”, as medidas precaucionais. Registrou temer a
participação de orientais do Partido Blanco</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">16</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
agitação no Rio Grande agravara-se com o ingresso das tropas
imperiais no Uruguai, em setembro de 1864, com o apoio dos colorados.
Em fins daquele ano, as tropas do Império cercaram Paissandu,
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>ferrolho
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">oriental
sobre o rio Uruguai. Tentando reverter a difícil situação, à
espera do aliado paraguaio, em 27 de janeiro de 1865, a cavalaria
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blanca
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">atacou
Jaguarão, na fronteira com o Uruguai</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">17</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Em seu Relatório, João Marcelino acusou uruguaios vivendo no Rio
Grande de tentarem “desencaminhar” cativos para facilitarem a
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>invasão</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">18</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Porém, após o ataque a Jaguarão, Paissandu foi tomada, em 2 de
janeiro de 1865, e Montevidéu rendeu-se, em 20 fevereiro,
comprometendo a intervenção paraguaia e, talvez, as articulações
para a sublevação de cativos sulinos. Quando da </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>invasão
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">oriental,
os jornais sulinos não respeitaram as recomendações de discrição.
O </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
de 1º de fevereiro de 1865, informou:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
estafeta de Jaguarão chegou ontem de tarde, com cartas </i></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>de
29, às 7 horas da noite. Os blancos atacaram de fato</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>aquela
cidade, mas não a penetraram, e foram repelidos</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>com
toda a energia [...]. [...] O inimigo retirou-se com direção</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>a
Bagé, depois de 30 horas de resistência, arrebanhando</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>para
mais de três mil cavalos e muitos escravos [...]. Uma</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>carta
de Arroio Grande noticia que o número de escravos</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>arrebatados
pelos vândalos subia a cem.</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">19</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arroio
Grande encontra-se a uns cinquenta quilômetros a nordeste de
Jaguarão. O assalto da cavalaria </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blanca
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">criou
movimento de pânico. Em 31 do janeiro de 1865, o presidente da
Província escrevera ao conselheiro Pedro Carlos de Beaurepaire-Rohan
[1812-1894, ministro e secretário de Estado dos Negócios da Guerra:
</span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>No
dia 28 [de janeiro] [...] recebo a participação que me</i></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>fez
o comandante da fronteira de Jaguarão [...], de ter sido</i></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>invadido
o nosso território por uma força de – blancos –,</i></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>que
passara no passo da Armada, no rio Jaguarão, distante</i></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>da
cidade do mesmo nome quatro léguas; bem como que se</i></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>supunha
que igualmente tivessem invadido o nosso território</i></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>pelos
passos de São Diogo e Centurião [...].</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">20
</span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Os
exageros seriam corrigidos. As tropas uruguaias eram inferiores aos
dois mil homens propostos e o combate não fora renhido. Os invasores
teriam tido uns “quatro mortos e seis feridos”; os brasileiros,
“um morto e cinco feridos”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">21</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
O presidente da Província acreditava “haver muita exageração”
na afirmação de que levaram “três mil cavalos e um número muito
avultado de escravos” e “raptadas algumas mulheres”, pois não
haveria “pelas imediações das fronteiras, na zona por eles
percorrida, grande quantidade de cavalos” ou de “escravos”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">22</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
O que era uma inverdade, devido ao importante polo escravista
charqueador de Jaguarão.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>Alarmismo</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
imprensa refletia a intranquilidade dos escravistas. O </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">de
2 de janeiro de 1865, noticiava:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Consta-nos
que sua excelência o sr. presidente da Província</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>recebeu
ontem parte oficial de Jaguarão, que confirma tudo</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>quanto
dissemos [...]; com diferença porém que o inimigo</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>tomou
caminho de Santa Vitória, e não de Bagé. Constanos</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>também
que a maior parte dos escravos arrebatados</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>tem
fugido das fileiras blancas e procurado a casa de seus</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>senhores.</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">23</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Muito
logo, ao temor motivado pela invasão se acrescentaria o medo de
insurreição servil. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
Comercial</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
também de Rio Grande, em sua edição de 6/7 de fevereiro,
noticiaria, por primeiro, </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>problemas
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">com
os cativos na região: “Foi ontem [dia 5] recolhido à cadeia, por
ordem do sr. delegado de Polícia, o escravo do sr. Manoel Antonio
Lopes, por nome Bonfim, chefe dos sublevados de Santa Izabel.” A
revolta teria ramificações no distrito de Taim e suspeitava-se da
participação de uruguaios</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">24</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
A vila de Santa Izabel, no canal de São Gonçalo, que liga a lagoa
Mirim e dos Patos, sediava diversas charqueadas, com importante
escravaria. Em 7 de fevereiro, o delegado de Polícia de Jaguarão
notificara a presidência da Província: </span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Do
segundo distrito da freguesia do Arroio Grande [termo</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>de
Jaguarão], me foram remetidos oito escravos, sendo</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>ali
presos como suspeitos e convenientes na insurreição</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>da
escravatura que devia ter lugar na ocasião em que</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>fosse
invadida nossa fronteira pelas forças do governo de</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Montevidéu.
Pelo depoimento do preto Florêncio, escravo</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>de
Marcos José da Porciúncula, que parece ser o que se</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>encarregou
de falar aos outros escravos, e declara que foi</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>convidado
para isso pelo oriental José Benito Varella, que</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>muitos
dias antes da invasão o convidara para que passasse</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>para
o Estado Oriental, dizendo que seria esse início de</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>gozar
a liberdade</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">25</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">O
delegado acreditava que “algum plano” fora “combinado” e que
abortara por “circunstâncias, por ora desconhecida” e prometa
seguir “nas mais severas indagações”, pois tinha “denúncia
de alguns escravos moradores nesta cidade [Jaguarão], como
cúmplices” na conspiração</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">26</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Mais tarde, em ofício de 18 de fevereiro, o presidente da Província,
em Pelotas, comunicava ao ministro da Justiça, que seguia “para a
província de Santa Catarina o oriental Benito Varella,
ex-vice-cônsul de Jaguarão”. Ele fora preso, na freguesia de
Arroio Grande, por “suspeita de aliciador de escravos para
insurgirem-se” e que, devido à intranquilidade “geral na
província” causada pelas “suspeitas mais ou menos fundadas de
insurreições de escravos”, efetuaram-se “muitas prisões e
castigos”, já que a população “enxerga em cada oriental um
aliciador” exigindo “sua prisão e deportação”. O presidente
assinalara que indagações posteriores levavam a crer que as
suspeitas sobre oriental Benito Varella fosse infundadas</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">27</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Em 8 de fevereiro, o jornal </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
Comercial</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
de Rio Grande noticiava:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Segue
preso no vapor Guarani, o oriental José Benito</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Varella,
que foi remetido do Chasqueiro, pelo respectivo</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>subdelegado
do distrito, em conseqüência de andar</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>aliciando
escravos [...]. Se o sr. Varella assim procedia é</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>para
admirar, porque sendo casado com senhora brasileira</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>e
tendo filhos e netos brasileiros... Talvez que o sr. Varella</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>esteja
inocente, assim o cremos.</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">28</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Desde
que assumira como vice-cônsul uruguaio em Jaguarão, em 1857, Benito
Varella destacara-se pela em favor de afro-uruguaios escravizados
ilegalmente, o que motivara sérios atritos com os escravistas da
região</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">29</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>Medos
Fundados</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Pelotas,
Jaguarão e Santa Izabel, polos charqueadores, com importantes
concentrações de cativos, despertavam preocupações, em momento de
confronto com forças </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blancos
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">do
Uruguai, que abolira a escravidão, em inícios dos anos 1840. Porém,
a escravidão de fato ou velada, era praticada nos departamentos
setentrionais do Uruguai, nas estâncias pastoris de rio-grandenses.
Tal situação fora uma das razões da exigência, por aqueles
criadores, de intervenção imperial, já que o governo oriental
esforçava-se para fazer cumprir a abolição na região</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">30</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Ao saber do ataque a Jaguarão, o presidente da Província pensara
imediatamente nos cativos da pequena povoação de Santa Izabel:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>As
quatro horas da madrugada de 29 [de janeiro] saiu o</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>vapor
para Jaguarão. Expedi próprios [mensageiros] em</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>todas
direções, ativando a reunião de forças. Mandei intimar</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>a
todos os charqueadores residentes na povoação de Santa</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Izabel
(18 léguas distantes de Jaguarão), para nos iates,</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>transportarem
todos os seus escravos para a margem oposta</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>do
rio São Gonçalo.</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">31</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Ainda
em Pelotas, preocupado com a situação, o presidente da Província
mandara a escuna Bojuru para Santa Izabel, na manhã de 20 de
fevereiro. O tenente Jacinto Furtado de Mendonça Paes Sena,
comandante da companhia de Aprendizes de Marinheiro do Rio Grande do
Sul, a bordo da escuna, fundeada diante de Santa Izabel, anunciava
que chegara na madrugada de 23 à destinação, tendo falado apenas
no dia seguinte com o subdelegado da região, que morava a oito
léguas de Santa Izabel.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">O
tenente comunicava que os ânimos estavam sossegados e que já
retornavam as “famílias” que, temendo um levante servil, “se
haviam retirado”. Informava que o subdelegado, dispondo de “gentes
bastante”, não julgava necessário que “os presos” fossem
conservados a bordo da escuna Bujuru. Entretanto, as notícias sobre
a conspiração não se restringiam a Santa Isabel, Arroio Grande e,
talvez, Jaguarão</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">32</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>A
Conspiração de Piratini</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
8 de fevereiro, </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
Comercial </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">reproduzia
correspondência de 4 daquele mês, de Piratini, vila a uns oitenta
quilômetros a noroeste de Pelotas:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>[...]
estamos desde 29 do passado [janeiro], em alarme,</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>não
por medo dos blancos, mas sim pela escravatura e</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>emigrados
[...]. Anteontem [2 de fevereiro] apareceu a</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>notícia
de haverem convites entre os escravos para se</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>sublevarem;
isto foi descoberto e já se acham na cadeia</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>16
dos tais, entre eles o cabeça. O dia marcado dizem</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>seria
amanhã [5 de fevereiro]. Todas as famílias estão</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>muito
assustadas. Amanhã seguem para essa cidade sete</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>emigrados
que por aqui vagaram e trata-se de prender todos</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>os
mais que existem em grande número [...]; pois consta</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>até
que parte dos convites foram feitos por eles mesmos.</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">33</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
Comercial </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">seguia
informando: “Chegou ontem [dia 7] uma força conduzindo um número
considerável de presos, uns desertores do exército e outros
orientais matreiros, remetidos pelas autoridades de Piratini, os
quais foram recolhidos à cadeia civil”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">34</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Os uruguaios seriam a seguir enviados para a capital.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">No
dia 17 de fevereiro, o </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">publicava
longa carta de correspondente em Piratini, do dia 10. Com a notícia
da invasão de Jaguarão, 38 soldados da Companhia da Infantaria da
Guarda Nacional de Piratini, sob a chefia de seu capitão, Querubim
Candido, e demais oficiais, partiram em “socorro dos jaguarenses”,
em 31 de janeiro. Ao chegarem “no mesmo dia, à freguesia das
Cacimbinhas, a uns vinte quilômetros a sudoeste de Piratini, já com
mais de sessenta praças”, não encontraram a “reunião de
cavalaria” que já estava “para o lado de Candiota”, onde se
incorporariam às tropas de João da Silva Tavares, barão de Serro
Alegre. Tendo sido o capitão Querubim Candido informado por “cidadão
mui respeitável”, Manuel Luís d’Ávila, de “veementes
indícios” sobre uma “haitiada” no município, retrocedeu com
seus homens e acampou no passo de Manuel Lucas da Costa, onde lhe foi
entregue, à noite, por seu escravizador, o cativo Cassemiro, tido
como um dos líderes do movimento. Após mandar prender os
conspiradores, que, em muitos casos, foram encontrados armados,
Querubim Candido retornou a Piratini, levando também a João
Castelhano, tido como </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>sedutor
– </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">aliciador
– dos cativos, e um índio, talvez agregado na região. Os “dez
crioulos [da província] presos” se uniram aos “sete orientais
que estavam na cadeia”.</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Segundo
o </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
a delegacia de Polícia interrogou os detidos e “providenciou
energicamente”, o que resultou na prisão de mais de trinta
cativos. A insurreição eclodiria na noite de 4 de fevereiro, e os
“insurgidos, com divisa branca no chapéu” [do partido </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blanco</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">],
saqueariam Piratini e, com seus parentes, engrossariam as “fileiras
‘branquilhas’”. Na noite de 6 de fevereiro, teriam sido
remetidos para Pelotas oito desertores da infantaria da primeira
linha e sete orientais, entre eles o primeiro-sargento Ambrózio,
presunto “principal motor da projetada insurreição”. O </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">assinalava
o perigo de repetirem-se tragédias iguais às de “Spartacus em
Roma, e Tossaint-Louventure em São Domingos”, quando a fronteira
era “poluída” “por uma horda de vândalos”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">35</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>A
Insurreição da Capororoca</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Segundo
o “Mapa dos presos que frequentam a cadeia civil da vila de
Piratini”, durante 1865, de 3 de janeiro de 1866, três vagas
repressivas abateram-se sobre os cativos do município, com treze
suspeitos presos no dia 2; oito, no dia 3; nove, no dia 6 e,
finalmente, três, no dia 9 de fevereiro. Assim, 33 cativos foram
aprisionados e indiciados. Entre eles, não se encontra Cassemiro,
tido como cabeça do movimento. No mapa, encontram-se anotados os
nomes de seis homens livres, todos “indiciados na insurreição de
escravos”, apesar dos nomes aportuguesados, possivelmente orientais
acusados de insuflarem a revolta. Todos ingressaram no cárcere antes
da prisão de Cassemiro, em 2 de fevereiro. João José Romeiro foi
preso em 29 de janeiro, dois dias após o ataque oriental a Jaguarão;
Manoel Centurião, no dia 30; o primeiro-sargento Ambrózio Martinho,
Valentino Foppo, Santana Sabento [?] e São Gonçalves [?], no dia
31. Eles foram enviados para Pelotas, em 5 de fevereiro</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">36</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">O
inquérito aberto pelo delegado de Polícia de Piratini, em 6 de
março, arrola os cativos prisioneiros e seus proprietários:
Domenciano, de dona Carlota Vandin; Fortunato, de José de Brum de
Souza; Mateus, de dona Constância da Rosa; André, de Urbano da
Rosa; Guilherme, da viúva Euzébia Vandin; Antônio, de João
Correia de Souza; Damião, de João Correia de Souza; Cassemiro, de
João Antônio d’Avila; Antônio e Pedro, de José de Oliveira
Madeira; Lino, da viúva Maria d’Ávila; Tomé, de José Olino da
Rosa; Silvano e Alexandre, de José Pimentel de Mello; Fidelis e
Lívio, de Francisco de Lima Simões Pires. Apenas doze foram
interrogados e três, pronunciado como réus</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">37</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Segundo os autos do inquérito, a conspiração iniciara, no mínimo,
em meados de janeiro de 1865, possivelmente por iniciativa do
oriental Ambrózio </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>de
Tal</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
o primeiro-sargento citado pelo </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
que andava, “imigrado”, “vagabundeando” pelos campos do
município, visto em “convivência” com o cativo Tomé, de 36
anos. Os autos sugerem o envolvimento certo do cativo Tomé e,
bastante incerto, de André, da mesma idade. Interrogados, os dois
juraram terem rejeitado o convite para participarem da revolta. Tomé
disse ter sido aliciado pelo “preto André” e este, por
Cassemiro. O cativo Cassemiro, de 26 anos, teria tomado a frente da
iniciativa, levando a imprensa a apontá-lo como possível </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>cabeça</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Segundo os autos, convidara os cativos Alexandre, André, Antônio,
Demenciano, Felisberto, Guilherme, José, Lino, Pedro, Silvano e
Tomé. Dentre estes, José, de 27 anos, declarara que fora convidado,
inicialmente, pelo oriental Ambrózio, em meados de janeiro, que
prometera levá-lo ao Estado Oriental, “pois assim ficaria livre do
cativeiro e que seu senhor não o poderia ir [lá] buscá-lo.” O
mesmo convite que o oriental José Benito Varella teria feito a
Florêncio, em Arroio Grande, talvez na mesma época.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>O
Orgulho da Revolta</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Sem
negar participação destacada, Cassemiro declarou que fora convidado
por Tomé, o “cabeça ou o influente” da conspiração. Afirmou
que Tomé ficara responsável pelos convites na parte norte do
município, e ele, na parte sul. Declarou que, após reunirem os
arrolados por ambos, assaltariam, na noite de domingo, 5 de
fevereiro, Piratini, para roubarem “armamento, roupa e tudo o mais
que pudessem levar, assim como moças brancas”. Cassemiro propôs
que, “todos, no dia da reunião”, se apresentariam “com uma</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">fita
branca no chapéu para serem conhecidos” e que os conspiradores
seriam entre “vinte e tantos ou trinta”, que declarou, quase
orgulhoso, “prontos para marcharem”. No total, foram interrogados
doze cativo, que confirmaram os convites para “fugarem para o
Estado Oriental”, após o saque de Piratini, e jurarem, à exceção
de Cassemiro, terem rejeitado a proposta. Teria sido forte a pressão
dos proprietários pela libertação dos seus cativos, após a
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>correção
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">que
certamente receberam. A maioria dos 33 cativos aprisionados
permaneceu poucos dias na prisão. Dois, foram libertados após um
dia de cárcere; oito, após dois dias; cinco, após quatro dias;
dois, após cinco dias; dois, após seis dias; um, após oito dias;
três, após onze dias; um, após dezessete dias; dois, após</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">dezoito
dias; dois, após dezenove dias e um, após 24 dias.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Era
grande a </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>dispersão
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">dos
cativos envolvidos na conspiração. Entre os proprietários de
cativos arrolados pelo “Mapa” da prisão de Piratini, apenas José
Dutra de Andrade possuía três </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>conspiradores</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">;
todos os outros, possuíam dois ou um. Piratini era região dedicada
à produção pastoril, na qual, em geral, as unidades produtivas
possuíam em torno de meia dúzia de cativos campeiros. Dos 34
suspeitos, apenas três foram declarados réus. Com os
interrogatórios e depoimentos realizados em Piratini, a Justiça
instruiu processo, por crime de insurreição, contra Tomé, André e
Cassemiro. Os autos reafirmam o plano insurrecional, com envolvimento
de oriental ou orientais </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blancos</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>Moças
Brancas</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
conspiração previa reunião, na estrada que ia para Bagé, no
“lugar denominado Capororoca” [nome de árvore], no sábado, dia
4, para assalto, na noite de domingo, dia 5, venda de Piratini, para
obter o armamento necessário à rapina da vila. Os cativos
pretendiam apropriar-se de “armamento”, de “roupas” e do “que
pudessem encontrar”. Outra localidade menor, a capela da Luz, seria
atacada. Antes da fuga para o Uruguai, sequestrariam as “moças
brancas”, como declarara Cassemiro, e matariam os “homens
brancos”.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Os
conspiradores eram solteiros e campeiros, atividade à qual
associavam, segundo parece, a função menos digna de “lavradores”.
Em geral, os cativos campeiros conheciam condições de existência
superiores aos assenzalados. Por razões próprias à produção, o
trabalhador pastoril, cativo ou livre, raramente se casava, realidade
que se manteve no mínimo até os anos 1970</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">38</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Os conspiradores contavam com a participação inicial de vinte a
trinta cativos, certamente montados, pois a conspiração envolveu
cativos campeiros. Os chefes do movimento pensavam engrossar o
movimento convidando durante a “marcha” outros cativos e levando,
“amarrados”, os que resistissem. Tomé, André e Cassemiro haviam
nascido e crescido em Piratini. Interrogados, os proprietários
afirmaram que os conheciam desde o nascimento, ou quase, e que tinham
tido, sempre, “bons precedentes” e servido como “bons
escravos”. Os sedutores e </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>principais
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">da
insurreição seriam, segundo voz corrente, os orientais Ambrózio </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>de
Tal </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">e
João Materina [?]. A referência direta do cativo José, de 27 anos,
ao convite do primeiro-sargento oriental Ambrózio e a concordância
sobre a “fita branca no chapéu”, como distintivo da conspiração,
não deixa dúvidas sobre a influência oriental </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blanca
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">direta
no plano.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Ao
serem interrogados, os cativos explicaram a [pretensa] rejeição a
participarem na revolta na </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>fidelidade
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">aos
escravizadores </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>complacentes</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
retomando discurso escravista: Alexandre não queria sair “da casa
de seu senhor”; Domenciano disse que “sua senhora o tratava bem”;
Lino “vivia bem” “em companhia de sua senhora velha”; Pedro
afirmou que “seu senhor nunca lhe dera motivo para fugir”, etc.
Ao contrário, Tomé declarou que declinara do convite que André lhe
fizera porque “vinham os Blancos para cá e que [de] toda a
maneira”, ele e seu </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>sedutor</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>estariam
mal. </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Tratando-se
ou não de erro de transcrição [</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>mal
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">por
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>bem</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">]
a inesperada reflexão do cativo corroborava sua ligação com o
sargento Ambrózio, sua participação na conspiração e
conhecimento da situação conflituosa no Uruguai.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>Silêncio
Absoluto</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">As
autoridades perguntaram aos interrogados por que não denunciaram a
conspiração. As respostas variadas registraram a dificuldade em
superar a contradição entre a proposta de </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>terem
rejeitado participar no mote </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">e
o silêncio absoluto mantido sobre o projeto de saque à cidade, de
sequestro das sinhazinhas, de morte dos sinhozinhos e de fuga para o
Uruguai. Demenciano disse que o convite era “mísera sassoada”.
Lino, que silenciara por medo de Cassemiro. Silvano não fizera
“cargo do convite louco”. José fora ameaçado de morte pelo
oriental. Pedro não quisera ser chamado de “inverdadeiro”, nem
“comprometer-se” a si e a Cassemiro. André fizera pouco “caso
do convite”. Antonio obedecera à ordem de silêncio da “crioula
Antônia”. Felisberto não quisera “saber [de] semelhante
asneira”, etc.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
documentação não revela como a conspiração fora denunciada.
Segundo a cronologia das prisões, registrada no “Mapa” dos
presos da cadeia pública de Piratini, o plano poderia ter sido
revelado por algum uruguaio, preso nos últimos dias de janeiro.
Cassemiro, apresentado por parente de seu proprietário, fora preso
apenas em 2 de fevereiro. O certo é que a conspiração circulara
entre a escravaria, por talvez mais de um mês, sem transpirar.
Cumplicidade nascida talvez das relações interpessoais dos
envolvidos, todos campeiros e, possivelmente, crioulos do município.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
4 de julho de 1865, o promotor público de Jaguarão, João Franco de
Oliveira Souza, declarava que não encontrara nos autos matéria para
“um despacho de pronuncia contra” os réus. Portanto, em teoria,
no final do mês, após quase cinco meses de prisão, Tomé, André e
Cassemiro seriam devolvidos aos escravizadores. Os proprietários
foram </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>absolvidos
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">das
custas do processo. O Mapa da prisão de Piratini registra a
libertação de André, em 27 de julho de 1865, enquanto Tomé teria
sido </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>libertado
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">apenas
em 2 de novembro. Não temos registro positivo sobre o destino de
Cassemiro</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">39</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
condenação a longos anos de prisão por insurreição punia mais os
proprietários do que os cativos que, não raro, cometiam atos
imputados como crimes e se apresentavam, buscando na prisão uma
quase liberação. Nesses anos, um cativo campeiro valia uma boiada!
Longas condenações de três dezenas de cativos significariam sério
golpe na economia de Piratini. A justiça escravista </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>privada
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">tinha
suas regras e recursos. Como punição, os cativos podiam e foram
castigados fisicamente, em forma mais ou menos rígida. Era comum que
após serem libertados, perdessem </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>privilégios
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">e
fossem vendidos para longe de suas relações e da terra em que
nasceram. Talvez, muito logo, Tomé, André, Cassemiro e outros
envolvidos na tentativa insurrecional da Capororoca tenham sido
alforriados, sob pagamento, como milhares de outros cativos, para
partirem, não raro algemados, para os campos de guerra do Paraguai. </span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>O
Perigo Negro</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">O
pânico vivido pelos escravizadores levou-os a pequenos “</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>pogrouns</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">”
contra cativos, libertos e negros livres. Segundo o </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
de 17 de fevereiro, na vizinha vila de São José do Norte, a polícia
seguia averiguando e castigando “aos pretinhos crioulos do 1°.
Distrito” tido como “insolentes ‘capadócios’” e “amigos
da vadiação.” Entre os “surrados” estavam o “célebre
Manuel Cambão e Adão, de Mostardas” e “Maximiano, escravo do
Jerônimo Marinho Falcão”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">40</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Segundo o jornal, de 19 de fevereiro, espiões orientais eram vistos
em todos os cantos e “patrulhas de particulares, a cavalo”
secundavam a polícia, em Rio Grande, São José do Norte e Canguçu.
Em 15 de março, o jornal publicava carta de seu correspondente em
Canguçu, de 26 de fevereiro, que temendo escrever explicitamente
sobre os fatos, registrava o medo, ódio e desprezo para com os
libertos e cativos:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>[...]
os moradores [...] desta vila, não tendo aqui uma</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>força
qualquer armada, que pusesse a coberto suas vidas,</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>honra
de suas famílias e propriedade, de algum assalto de</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>ladrões,
assassinos, ou de algum atentado da parte de nossos</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>AMIGOS
(invertido) de cor BRANCA (invertido) ou dos</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blancos;
de seu motu próprio [...] formaram uma companhia</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>de
voluntários [...] se apresentavam todas as noites dezoito</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>homens,
fazendo patrulha, e outros aquartelados [...]. Esta</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>medida
era útil e proveitosa em vários sentidos. 1° era um</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>respeito
que impunha e em que as famílias confiavam [...].</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>2°.
Impunha respeito aos tais pretinhos [sic], no caso de</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>quererem
– batucar – e tanto receavam que ninguém já via</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>um
passeador noturno desta laia [sic]</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">41</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
18 de fevereiro, o </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">noticiara
a descoberta de uruguaio em uma senzala:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Em
Pelotas foi encontrado, na noite de anteontem, um</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;">‘</span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>oriental’
dentro da senzala dos escravos da xarqueada</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>do
sr. Heleodoro da Azevedo e Souza; que ‘não sabendo’</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>como
ali fora transportado, foi conduzido para a cadeia</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>por
‘inocente’.</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">42</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Crescia
o medo de “emissários” e “espiões” estrangeiros. Lia-se no
mesmo jornal, de 19 de fevereiro de 1865, quando o domínio imperial
sobre o Uruguai transformava Francisco Solano López e o Paraguai nos
inimigos temidos: “Constanos que temos na província espiões do
selvagem Lopez do Paraguai e que aí pelo Rio Grande vagueia um de
tantos, que tendo recebido daquele tirano porção de onças [...].
Olho vivo com ele”</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">43</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>O
Que Aconteceu?</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
documentação sugere projeto articulado por enviados do Uruguai, que
associaria o ataque da cavalaria </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blanca
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">a
Jaguarão com o abandono das senzalas em Cacimbinhas, Santa Izabel,
Arroio Grande e Piratini e, talvez, em outras regiões do sudeste
sulino, com datas em torno do dia 4 e 5 de fevereiro. A prisão de
uruguaios </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blancos
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">acusados
de </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>seduzirem
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">os
cativos e um registro indiscutível de tal ação, em Piratini,
reforçam a hipótese. É também crível que parte da agitação nas
senzalas nascesse do ataque </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blanco
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">a
Jaguarão e da esperança de possível derrota imperial, que
facilitaria fugas individuais ou coletivas.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
“Proclamação” do general Basilio Munhoz, escrita no Uruguai, em
20 de janeiro de 1865, portanto, alguns dias após os primeiros
convites do uruguaio Ambrózio aos cativos de Piratini, registra que
as forças </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>blancas
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">contavam,
ao assaltar Jaguarão, com a possibilidade da revolta servil na
fronteira:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Proclamação.
O general em chefe do exército da vanguarda</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>da
República Oriental do Uruguai. Soldados! Vamos pisar</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>o
território que o império do Brasil nos há usurpado, é</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>necessário
que com vosso patriotismo reconquistemos</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>seu
domínio, fazendo tremular nele nossa bandeira, e dar</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>a
liberdade aos desgraçados homens de cor que gemem</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>debaixo
do jugo da escravidão, que a humanidade reprova</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">[...].</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">44</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Demi, serif;"><i>Porto
Alegre: Cativos & Paraguaios na Luta pela Liberdade</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
novembro de 1865, uma carta anônima denunciava conspiração servil
em Porto Alegre. Ela teria sido enviada ao ministro da Guerra, na
Corte, que a passara ao presidente da Província, que a expedira ao
comandante das Armas do Rio Grande que a entregara ao chefe de
Polícia da Província. Finalmente, este último determinara ao
subdelegado do segundo distrito de Porto Alegre que investigasse a
denúncia, que se comprovou como falsa. O cativo Manoel, “de
Lourenço de tal, alemão”, citado como conspirador, havia muito
fora vendido para fora da província. O preto Augusto, de José
Inocêncio Pereira, também denunciado, vigiado, comportara-se
corretamente, ao igual que Pompeu, de Maria Joaquina Corte Real. O
vice delegado acreditava que a “denúncia anônima” não teria
“fundamento”. Também foram vigiados sem resultados os cativos
Martinho e Clemente.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Em
junho de 1868, foi descoberta em Porto Alegre importante conspiração.
Os cativos Dionísio, Patrício e Teodoro, do negociante Francisco
Ferreira Porto, arregimentaram importante escravaria para rebelar-se,
à noite, quando das festado do Espírito Santo. A data fora
transferida para a noite de São João, 24 de junho, por Patrício,
cabeça do movimento, que crera que “desgraças desnecessárias se
poderiam dar nessa noite, com mortes de mulheres e crianças”, pois
reinaria “grande confusão”, quando os “insurgentes” tomassem
a “praça do palácio [atual praça da Matriz]”, que estaria
“cheia de povo a assistir aos fogos e festas”. Temia-se também
que a confusão malograsse o plano</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">45</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Patrício encomendara a um cativo do capitão Manoel Joaquim, morador
do Caminho do Meio [av. Osvaldo Aranha], “doze dúzias de cabos de
lança para neles encravar-se facas e quaisquer outros instrumentos”,
para servirem de lanças. Os sublevados se reuniriam na chácara do
Caminho Novo, do </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>proprietário
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">dos
conspiradores, para partir, a uma da madrugada, em divisões, para
tomarem o quartel da Guarda Nacional, onde sabiam “que dormia pouca
gente”, o “Laboratório Pirotécnico” e do “Arsenal de
Guerra”. Pretendiam assim apoderar-se de armas, entre elas, “dois
rodízios”, no Laboratório Pirotécnico. Um grupo de rebeldes
assaltaria e libertaria os presos da Cadeia, para que aderissem ao
movimento. Os cativos planejavam entrar na cidade dando “vivias”,
que seria obtida com a revolta.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
conspiração ultrapassou os marcos da população escravizada
porto-alegrense. Sob interrogatório, Patrício confessou que os
conspiradores aliciaram para o movimento os “prisioneiros
paraguaios” que, transferidos para Porto Alegre, perambulavam com a
grande liberdade na capital. Para a revolta, fora contatado o
paraguaio Gabino Flores, que comunicara o plano, no mínimo, aos seus
patrícios Toribio Palácios, Julião [sic] Flores e Miguel Cacere
que, interrogados foram obrigados a confessar que estavam cientes da
conspiração. Defenderam-se apenas dizendo que haviam acreditado que
o “escravo estava embriagado”. Entretanto, por “prevenção”,
segundo parece, ao menos parte dos soldados prisioneiros dormira no
quartel, na noite do Espírito Santo. O que permitiria, certamente,
que participassem do entrevero. Sem maiores resultados, as
autoridades investigaram os soldados, através de “dois paraguaios
de toda a confiança”, sem maiores resultados, o que não impediu
que tomassem medidas precatórias contra os quatro indigitados.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-DemiItalic, serif;"><i>Plano
Detalhado</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
conspiração de junho de 1868 destaca-se pela coerência do plano
articulado e pelo inteligente e oportuno envolvimento dos
prisioneiros paraguaios. O ataque e a captura de armas, nos
principais centros militares da capital, era projeto arriscado mas
factível, ao menos em parte. O movimento dos cativos
porto-alegrenses explicita também as limitações objetivas dos
trabalhadores escravizados nesse momento histórico. Em processo de
queda de peso absoluto e relativo na população brasileira, tendo
diante de si proprietários escravistas unificados e bem armados, sem
poderem articular projeto alternativo de sociedade, em momento em que
superar as fronteiras não lhe garantiriam a liberdade, pretendiam,
com as armas na mão, exigir a liberdade.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">O
envolvimento dos prisioneiros paraguaios sugere talvez eventual plano
de fuga para o Paraguai, ainda que, nesse momento, a estrela guarani
estive já em queda livre.Como em muitos outros casos, o movimento
foi denunciado por um cativo, Antônio Maria, de Gabriel Francisco de
Oliveira, morador “no lugar denominado Mato Grosso do Distrito de
Belém”, que convidado para participar da revolta pelo “pardo
Dionísio”, denunciara o plano ao seu escravizador, que o comunicou
ao chefe de Polícia, Belarmino Peregrino da Gama e Melo, em 9 de
junho. O alcaguete Antônio Maria aceitou buscar maiores informações
junto os conspiradores, principalmente sobre depósitos de armas, sem
resultados. Os organizadores da revolta tinham consciência da pouca
confiança que podiam depositar em muitos de seus companheiros de
cativeiro. Obrigados a ampliar a adesão ao complô, conchavavam “sem
reserva” os cativos confiáveis e convidaram, os incertos,
confiáveis “para um baile”, no local de onde partiriam para
assaltar a cidade. O cativo Antônio Maria foi recompensado com a
liberdade. A presidência da Província pagou a elevada soma de
1:400$000 réis ao seu proprietário e comprometeu-se em não
obrigá-lo a assentar praça para partir para o Paraguai, destino
talvez pior do que a vida sob a escravidão. O proprietário do
alcaguete comunicara às autoridades que não o venderia, se fosse
mandado para a guerra, já que, “para semelhante” Antônio Maria
“não queria” “ser liberto”. Depoimento inarredável sobre
sentimento entre os escravizados sobre aquele conflito, em meados de
1868. </span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">A
alforria certamente foi divulgada entre a população cativa da
capital. As autoridades provinciais destacaram, ao aprovarem a
libertação, que ela serviria “para tornar vigilantes outros
escravos, denunciando ao “Governo iguais atentados”. Não foi
porém aberto processo de “insurreição” contra os
conspiradores, castigados fisicamente, “de acordo com os seus
senhores”, pois “não chegara a haver tentativa, e só preparo,
do plano”. O historiador Rui Vieira da Cunha, que retirou esses
importantes sucessos do olvido, lembra que, a pesar da sua
importância, o presidente da Província achara por bem não os
incluir no seu relatório oficial, sobre os principais acontecimentos
de 1868.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Demi, serif;">RESUMO</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Nos
anos 1863-68, com população escravizada crioula e </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>ladinizada</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
o Rio Grande do Sul conheceu importante ciclo de agitações e
conspirações de trabalhadores escravizados. A eventual participação
de libertos e, sobretudo, de homens livres, deveu-se em grande parte
à crise então em curso na bacia do Prata – intervenção do
Império no Uruguai, em 1864, e Guerra da Tríplice Aliança, em
1865-70. Esses movimentos destinavam-se a reivindicar a liberdade de
posição de força ou promover fugas para o Uruguai, sob governo do
Partido Blanco, que lutava para fazer respeitar a abolição da
escravatura no norte do país.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Demi, serif;">Palavras
Chave: </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Insurreições
escravas; Insurreição urbana; Escravidão Rio-Grandense.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Demi, serif;">ABSTRACT</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">During
the 1863-68’s, with its creole and </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>ladinizada
</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">slave
population, Rio Grande do Sul experienced an important cycle of
unrest and slaves conspirations. Emancipated slaves’ and,
particularly, free men’s participation was mostly due to the crisis
in Plata region – 1864’s Empire intervention in Uruguay and
1865-70’s Paraguay War. These movements’ aim was to claim liberty
or promote flights to Uruguay, governed by </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Partido
Blanco</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
which fighted to make slave abolition be respected in the north of
the country.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Demi, serif;">Keywords:
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Slaves
Insurrections; Urban Insurrection; Rio Grande’s Slavery.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">1
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Doutor
em Ciências Históricas pela Université Catholique de Louvain,
Bélgica. Professor titular do<span style="font-size: small;"> </span>Programa
de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo.
E-Mail: maestri@via-rs.net.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">2
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
CONRAD, Robert. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Os
últimos anos da escravatura no Brasil: </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">1850-1888.
Rio de Janeiro:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Civilização
Brasileira; Brasília, INL, 1975; ISOLA, Ema. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>La
esclavitud en el Uruguay desde sus</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>comienzos
hosta su extinción </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">(1743-1852).
Montevidéu: Facultad de Humanidades y Ciencias,</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">1975.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">3
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
MAESTRI, Mário. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
escravo no Rio Grande do Sul. </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Porto
Alegre: EST; Caxias do Sul, EDUCS,</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">1984.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">4
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arquivo
Nacional, série IJ (1) 585; Arquivo Histórico do RGS (AHRGS),
códice B.1.112.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">5
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
GUTIERREZ, Ester J. B. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Negros,
charqueadas e olarias: </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">um
estudo sobre o espaço pelotense.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Pelotas:
UFPEL; Mundial, 1993.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">6
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">AHRGS,
Códices A.5.110. Correspondência do presidente da Província a
diversas autoridades.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">7
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
CONRAD. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Os
últimos anos..., </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">p.57
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>et
seq.</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">8
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
SEVERAL, Rejane da Silveira. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>A
Guerra Guaranítica. </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Porto
Alegre: Martins Livreiro, 1995.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">9
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
CASAL, Pe. Manuel Aires de. “Província do Rio Grande do Sul, ou de
São Pedro”. In:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">__________.
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Corografia
brasílica ou relação histórico-geográfica do Reino do Brasil </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">–
Tomo I. São</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Paulo:
Cultura, 1943, p. 101.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">0
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arquivo
Nacional, Série IJ (1) 585.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">11
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arquivo
Nacional, Série IJ (1) 585.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">12
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arquivo
Nacional, série IJ (1) 586, Correspondência do presidente da
Província ao ministro e</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">secretário
de Estado de Negócios da Justiça, 29 de novembro de 1864.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">13
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arquivo
Nacional, série IJ (1)586.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">14
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arquivo
Histórico do Rio Grande do Sul [AHRGS], Porto Alegre, Caixa 74,
correspondência do</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">presidente
da Província com o Ministro da Justiça, ofícios 286 e 287.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">15
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
ZANETTI, Valéria. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Calabouço
urbano</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">:
escravos e libertos em Porto Alegre (1840-1860). Passo</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Fundo:
UPF, 2002, p. 64.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">16
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">GONZAGA,
João Marcelino de Souza. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Relatório
com que o Bacharel João [...] entregou a</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>administração
da Província de São Pedro do Rio Grande ao Ilmo. e Exmo. Sr.
Visconde de Boa</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Vista</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Porto Alegre, Typ. do Rio-Grandense 1865, p. 20 </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>et
seq.</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">17
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
BANDEIRA, L. A. Moniz. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
expansionismo brasileiro e a formação dos Estados na bacia do</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Plata</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">:
Argentina, Uruguai e Paraguai – Da colonização à guerra da
Tríplice Aliança. 2. ed. Brasília:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Editora
da UnB, 1995; BARÁN, José Pedro. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Apogeo
y crisis del Uruguay pastoril y caudillesco.</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">[1839-1875]
Montevideo: Banda Oriental, 2007.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">18
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">GONZAGA,
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Relatório
com que o Bacharel João...</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">19
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
Rio Grande, 1º fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">20
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Correspondência
[Anno 1865]. Typografia Nacional: Rio de Janeiro, 1865, p. 10.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">21
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Correspondência
[Anno 1865], p. 13.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">22
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Correspondência
[Anno 1865], p. 13.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">23
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
Rio Grande, 2 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">24
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
Commercial</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
Rio Grande, segunda e terça-feira, 6/7 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">25
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">AHRGS,
Delegacia de Polícia, Jaguarão, 1865, pasta III.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">26
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">AHRGS,
Delegacia de Polícia, Jaguarão, 1865, pasta III.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">27
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arquivo
Nacional, série IJ (1) 585, Correspondência do presidente da
Província ao ministro e</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">secretário
de Estado de Negócios da Justiça, 18 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">28
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
Commercial, </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Rio
Gande, quarta-feira, 8 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">29
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">LIMA,
R. Peter de.‘</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>A
nefanda pirataria de carne humana’: </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">escravizações
ilegais e relações políticas</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">na
fronteira do Brasil meridional. Dissertação (Mestrado em História).
Universidade Federal do Rio</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Grande
do Sul. Porto Alegre, 2010, p. 117 </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>et
seq.</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">30
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Cf.
PALERMO, Eduardo Ramón Lopez. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Tierra
esclavizada: el norte uruguaio en la primera mitad</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>del
siglo 19</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">.
Dissertação (Mestrado em História). Universidade de Passo Fundo.
Passo Fundo, 2008.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">31
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Correspondência
[Anno 1865], p. 10.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">32
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">AHRGS,
Marinha, Lata 536, maço 72.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">33
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
Comercial, </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Rio
Grande, 8 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">34
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>O
Comercial, </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Rio
Grande, 8 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">35
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
Rio Grande, 17 fev. 1865; APERGS, Piratini, 1ª Vara civil e de
crime,</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">1.1.1863-31.12.1869.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">36
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">MAPPA
dos presos que frequentarão a cadeia civil da villa de Piratiny,
durante o anno de 1865,</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">com
declaração de nome, crime e data das entradas e saídas na prisão.
Piratini, 3 de janeiro de</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">1866.
AHRGS. Documentação judiciária, Piratini, 1866.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">37
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Arquivo
Público do Estado do Rio Grande do Sul [APERGS], Piratini 1ª Vara
civil e de crime,</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">01.01.1863-31.12.1869.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">38
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">MAESTRI,
Mário. “O cativo, o gaúcho e o peão: considerações sobre a
fazenda pastoril riograndense</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">(1680-1964)”.
In: __________ & LIMA, Solimar Oliveira (orgs.). </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Peões,
vaqueiros &</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>cativos
campeiros</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">:
estudos sobre a economia pastoril no Brasil. Passo Fundo: UPF
Editora/ CNPpq,</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">2010,
p. 212-300.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">39
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">APERGS,
Piratini, 1ª Vara civil e de crime, 01.01.1863-31.12.1869.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">40
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
sexta-feira, 17 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">41
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">,
15 mar. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">42
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
de Rio Grande, </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Rio
Grande, sábado, 18 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">43
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>Diário
do Rio Grande, </i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Rio
Grande, domingo, 19 fev. 1865.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">44
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Correspondência
[Anno 1865], p. 13; destacamos.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">45
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">CUNHA,
Rui Vieira da. “Escravos Rebeldes em Porto Alegre”. In: MENSÁRIO
do Arquivo Nacional</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-LightItalic, serif;"><i>.</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">Rio
de Janeiro, ago. 1978, p.11-15; Correspondência do Presidente da
província de São Pedro do</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: SouvenirITCbyBT-Light, serif;">RS
ao Ministro da Justiça. AN, série IJ 591.</span></span></div>
</div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-66245557786898304652012-09-27T13:19:00.001-07:002012-09-27T13:19:15.277-07:00A Guerra dos Fazendeiros<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<h2 class="Titulo">
</h2>
Farroupilha: A Revolução dos Fazendeiros
<br />
Por Mário Maestri (*) - setembro de 2005
<br />
<br /><div style="text-align: justify;">
A Guerra Farroupilha [1835-45] foi um entre os muitos movimentos
liberais provinciais contra o centralismo do Império e, a seguir, as
tímidas concessões regenciais. A crise que abalava o Brasil era
alimentada pelas dificuldades da economia escravista. Movimentos como a
Balaiada e a Cabanagem radicalizaram-se com a participação das classes
subalternizadas, levando os liberais regionais a abandonarem a luta.
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O movimento farrapo interpretou as reivindicações dos criadores do
meridião do RS. Sua longevidade deveu-se também à capacidade dos seus
chefes de manterem as classes infames na sujeição. A revolta não
galvanizou todo o RS. Os comerciantes, a população urbana, os colonos
alemães mantiveram-se neutros ou optaram pelo Império, pois o programa
farroupilha opunha-se aos seus interesses. Charqueadores e comerciantes
escravistas temiam que a separação comprometesse o tráfico negreiro.
</div>
<br />
<img alt="" border="0" src="http://www.historianet.com.br/imagens/conteudo/Guerra_Fazendeiros_Farrapos.jpg" />
<br />
Batalha de Farrapos. José Wasth Rodrigues, PMSP.
<br />
<br /><div style="text-align: justify;">
Essas defecções facilitaram a perda das grandes cidades e do litoral.
Porto Alegre sublevou-se e resistiu aos farroupilhas, recebendo do
Império o título de "Mui leal e valorosa". Em 1835, os farroupilhas
dominavam a província. Em 1845, apenas as bordas da fronteira.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Propõe-se caráter progressista ao movimento porque parte das suas tropas
era formada por peões, nativos e ex-cativos. Os gaúchos eram em geral
descendentes de nativos que haviam perdido as terras comunitárias para
os criadores. Eles acompanhavam os caudilhos nos combates como o faziam
nas lides campeiras. O gaúcho buscava na guerra churrasco, saque e
soldo. A política era monopólio dos proprietários.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Era antigo direito do homem livre substituir-se por, em geral, um
liberto, quando arrolado. Os libertos eram obrigados a combater nas
tropas farroupilhas; preferiam a guerra à escravidão; criam na promessa
da liberdade. Os chefes farroupilhas reforçavam as tropas com cativos
comprados.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Não houve democracia racial farroupilha. Negros e brancos marchavam,
acampavam e morriam separados. Eram brancos os oficiais dos soldados
negros. Em suas Memórias, Garibaldi lembrava: "[...] todos negros,
exceto os oficiais [...]." Para a Constituição republicana eram cidadãos
apenas os "homens livres".
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
A República apoiava-se no latifúndio e na escravatura. Os chefes
farroupilhas jamais prometeram terras aos gaúchos e liberdade aos
cativos, como Artigas. Eles dependiam dos cativos para explorar as
fazendas. Terra e liberdade eram conquistas que deviam nascer das
reivindicações das então frágeis classes sociais.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Não foi por democratismo que os farroupilhas exigiram do Império
respeito à liberdade dos soldados negros. Eles receavam que se formasse
guerrilha negra e que os ex-cativos se homiziassem no Uruguai. O Império
não aceitava que negros gozassem da liberdade por combaterem a
monarquia.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
A solução encontrada foi o massacre do serro de Porongos, quando o
general David Canabarro, chefe militar republicano, em conluio com o
barão de Caxias, entregou os soldados negros aos inimigos, no mais vil
fato de armas da história militar do Brasil. Carta do barão elucidou as
razões da falsa surpresa militar.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Caxias ordenou ao coronel Francisco de Abreu que não temesse surpreender
os rebeldes. A infantaria farrapa estaria desarmada, devido à "ordem de
um ministro e do General-em-Chefe". Ele esperava que o "negócio
secreto" levasse em "poucos dias ao fim da revolta" e solucionasse o
caso dos soldados negros.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Caxias ordenava: "[...] poupe o sangue brasileiro quando puder,
particularmente de gente branca da província ou índios, [...] esta pobre
gente ainda nos pode ser útil no futuro." Preparava já a intervenção no
Prata, na qual os ex-farrapos marcharam com o Império, em defesa das
suas fazendas no Uruguai.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Na madrugada de 14 de novembro de 1844, as tropas imperiais caíram sobre
os 1.200 soldados farroupilhas. Cem combatentes foram mortos e 333
presos. Eram sobretudo negros.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
A infâmia abriu as portas à rendição acertada em Ponche Verde. O Império
pagaria as contas republicanas e manteria os postos dos oficiais. Os
rebeldes aceitariam a anistia e entregariam os soldados negros
restantes.
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Em novembro de 1844, 220 lanceiros, aprisionados em Porongos e no Arroio
Grande, foram remetidos ao Rio de Janeiro. Em início de 1845, 120
soldados negros foram entregues aos imperiais. Na Corte, em 1848, eles
trabalhavam como cativos no Arsenal e na fazenda de Santa Cruz, como
assinala Moacyr Flores em Negros na Revolução Farroupilha [Porto Alegre:
EST, 2004]
</div>
<br /><div style="text-align: justify;">
Neste 20 de setembro, merece celebração sobretudo a vontade libertária
dos milhares de cativos que aproveitaram o confronto senhorial para
aquilombar-se e fugir sobretudo para o Uruguai, seguindo a sábia
lembrança de que, se "deus é grande, o mato é maior!"
</div>
<br />
<br />
(*) Mário Maestri, 57, historiador, é professor do PPGH da UPF.
</div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-87360069472079690772012-01-02T10:30:00.000-08:002012-01-02T10:50:15.637-08:00Guia Politicamente Incorreto da Velha História<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 13.5pt;"></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt;">
<div style="text-align: right;">
Por <b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Hemerson
Ferreira*</span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Depois de <i>Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil</i>, um sucesso de vendas lançado pelo então desconhecido Leandro Narloch, chegou a vez de <i>Guia Politicamente Incorreto da América Latina</i>, do
mesmo autor, agora unido ao jornalista Duda Teixeira. Provavelmente
também venderá como batata em fim de feira, sobretudo depois de ser
propagandeado nos programas do Jô, Faustão e Ana Maria Braga.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; color: white; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-burv78Zn_YM/TwH3eZ0qw0I/AAAAAAAAAKU/cuLZReY4qgQ/s1600/macacos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://3.bp.blogspot.com/-burv78Zn_YM/TwH3eZ0qw0I/AAAAAAAAAKU/cuLZReY4qgQ/s320/macacos.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<br /></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">“Politicamente
incorreto” virou termo da moda, arranjado para substituir tudo quanto é
tipo de besteirol, preconceito e ignorância. Ninguém é “politicamente
incorreto” ao dizer, por exemplo, que “mulher gosta de apanhar”, “judeu
ou palestino tem que morrer”, “negro é tudo macaco” ou que “veado (ou
bicha) merece uma bela surra”. Sem eufemismos, o nome correto para isso é
machismo, anti-semitismo, racismo e homofobia, respectivamente. É o que
existe de mais velho em nossa sociedade, apresentado com “sarcasmo
inteligente” e como sendo novidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<br /></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Os
dois livros de Narloch e Teixeira tiveram por objetivo atacar
personagens históricos que, segundo seus autores, seriam figuras
“caricatas” e “desprezíveis” só que “sacralizadas” por “historiadores e
professores marxistas” ao longo dos anos. “Mitos” maldosa e
trapaceiramente inventados por “comunistas”, com finalidade de
“doutrinar” com suas idéias nefastas estudantes inocentes e indefesos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<br /></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"> Confunde-se
aqui teoria historiográfica com militância política. Muitos
historiadores marxistas realmente foram ou são ligados a partidos
políticos, social-democratas, socialistas ou comunistas, um direito de
todos. Certamente existiram mais historiadores conservadores e ligados à
direita que historiadores de esquerda, mas desconhecemos estudos
estatísticos neste sentido. Para alguns, a produção historiográfica teve
uma finalidade muito além das questões partidárias, sendo, sim,
pessoalmente, uma obrigação profissional, moral e social. Já outros
certamente mais fizeram uso desta ou daquela corrente h
istoriográfica com fins apenas carreiristas e burocráticos. Muitos
nunca militaram em partido político algum, seja de esquerda, centro
ou de direita, mas enfocaram suas pesquisas em conflitos sociais,
influenciados ou não pelo marxismo. Além do mais, faz algum tempo que o
culturalismo, o relativismo e a verborragia “pós-moderna” roubaram a
cena nas academias. As razões disso, a chamada “crise de paradigmas”,
são extensas demais para serem tratadas aqui. Falar hoje em modo de
produção, exploração, imperialismo, burguesia, proletários, classes,
luta de classes e demais conceitos marxistas atrai olhares esnobes, de
quem vê essas questões como superadas e démodé.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Os
“politicamente incorretos” Narloch e Teixeira reconhecem e até elogiam
este “novo” cenário historiográfico, que, segundo dizem, “nos últimos 15
ou 20 anos vem produzindo” livros “bem melhores” e “menos politizados”.
Os <i>Guias politicamente Incorretos...</i> são apresentados assim
porque, a despeito de todo o esforço da “nova-história” da qual julgam
fazer parte, “alguns velhos mitos esquerdistas” ainda persistem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<br /></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Zumbi
dos Palmares, Antônio Conselheiro, Lampião, Luís Carlos Prestes, Simón
Bolívar, Salvador Allende e Che Guevara, entre outros, são alguns nomes
tratados na versão I e II dos “politicamente incorretos”. Não teríamos
espaço aqui para tratar e rebater cada uma das besteiras escritas a
respeito dos mesmos. A maioria delas já foi publicada há algum tempo, em
outros livros mais sérios e específicos. Os <i>Guias</i>, portanto,
não apresentam praticamente nada de novo. São apenas versões caricatas e
resumidas do que já foi dito antes. Mostram assim, por exemplo, um
Zumbi dos Palmares como sendo também “um senhor de escravos”
. Só não nos dizem por que trabalhadores escravizados do século 17
assim que podiam fugiam imediatamente dos engenhos escravistas alagoanos
e pernambucanos para o quilombo dos Palmares, que era um refúgio de
cativos e não o inverso. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<br /></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">As
críticas a Símon Bolívar, por sua vez, visam mais atacar o atual
presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que falar de História da
colonização, dos processos de independência ou do liberalismo na América
Latina no séc. XIX. Não tem nada de “história isenta” ali. É puro
proselitismo político-ideológico, mas os “politicamente incorretos”
pensam que apenas os historiadores de esquerda é que tem ideologias. </span></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Che
Guevara é novamente tratado como um “frio assassino” e “mau
estrategista”. Mas seguindo matéria já apresentada pela revista Veja
recentemente, acrescentam que o guerrilheiro seria também “fedorento”
por “não gostar de tomar banho”. Ora, eles queriam que o argentino
fizesse uma revolução nas selvas e serras cubanas levando consigo
chuveiro portátil na mochila e exalando perfumes franceses. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<br /></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Não
existe nada mais antigo na História que atacar tais personagens
latino-americanos. A própria “História da América Latina”, em si, já foi
taxada como “coisa de comunista” por certa corrente mais conservadora. O
profissional de história seria sinônimo de “perigoso subversivo
esquerdista”. História “boa”, para essa gente, é aquela que destaca
apenas datas e “homens de bem” das classes dominantes, iniciando na
Grécia e terminando nos EUA. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<br /></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify; text-indent: 30.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Como
lembrou o escritor L. Fernando Veríssimo, não bastou aos assassinos
matarem Zapata. Eles tinham que capturar e tentar matar também seu
cavalo, que galopava sozinho pelos campos e fazia com que os camponeses
pensassem que seu fantasma o conduzisse, mantendo vivas as suas causas.
Zapata, Zumbi, Conselheiro, Lampião, Bolívar, Prestes, Salvador Allende
ou Che Guevara morreram (a maioria assassinada porque ousou lutar) e
estão enterrados há muito tempo na América Latina. Entretanto, continuam
sendo símbolos populares da luta contra a exploração deste continente
por impérios, governos, cartéis e banqueiros estrangeiros no plano
internacional, e das classes pobres e trabalhadoras exploradas por parasitas
ricos, poderosos, autoritários e corruptos, dentro de cada um de seus
respectivos países. Os “espíritos” (isto é, o que simbolizam e
representam os atacados pelos “politicamente incorretos”) ainda inspiram
e percorrem a imaginação, os sonhos, os anseios e as necessidades reais
de imensas camadas sociais na América Latina. São lendas vivas,
bandeiras de liberdade e igualdade que percorrem nossos campos e
cidades. É isto que incomoda os “politicamente incorretos”.</span></div>
<div style="color: white; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="color: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br />*Hemerson
Ferreira, é Mestre em História e professor municipal desta disciplina
no Ensino Médio na cidade de Pelotas, RS-Brasil. E-mail: <a href="mailto:hemersonfer@bol.com.br" target="_blank">hemersonfer@bol.com.br</a></span></b></div>
</div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-58315593489999379282011-09-30T05:36:00.000-07:002011-09-30T05:39:28.209-07:00Por que o RS optou pelo pior<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<h3 class="yiv33786140post-title yiv33786140entry-title">
<a href="http://diariogauche.blogspot.com/2010/09/rs-mais-para-bento-goncalves-da-silva.html" rel="nofollow" target="_blank"></a>
</h3>
<div class="yiv33786140post-header">
</div>
<div class="yiv33786140separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK9npGnejJj5i4qfOUJzEhr8kivlpVWyThV9sh44Pg5mNfu-2yInJI-56Uw53hCb1bIkhxb_aieIVlOEwMSV7pY0dzoE8hGR88xB00855Jj1Xrz9_c-u2D8VwbjnOMa2ENtvbzUALjJ_M/s1600/7527557.jpg" rel="nofollow" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK9npGnejJj5i4qfOUJzEhr8kivlpVWyThV9sh44Pg5mNfu-2yInJI-56Uw53hCb1bIkhxb_aieIVlOEwMSV7pY0dzoE8hGR88xB00855Jj1Xrz9_c-u2D8VwbjnOMa2ENtvbzUALjJ_M/s640/7527557.jpg" width="448" /></a></div>
<br />
<span class="yiv33786140Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><b><br />
</b></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="yiv33786140Apple-style-span" style="color: red;">O Rio Grande do Sul porta uma riqueza cultural única no Brasil</span></b>,
que resulta da contribuição de múltiplas nacionalidades e etnias -
algumas autóctones, como as diversas nações etnolinguísticas que tivemos
e temos (sem jamais esquecer o holocausto do bravo povo Charrua, que
preferiu o sacrifício da vida a se deixar evangelizar pelos jesuítas);
outras, exóticas, como europeus, asiáticos e africanos. Temos
comunidades representativas de todos os continentes, que aqui se
expressam, se miscigenam, e de alguma maneira contribuem para o nosso
vasto painel cultural chamado Rio Grande do Sul.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Todavia, somos conhecidos como "gaúchos". Ou melhor, o pensamento
político hegemônico achou cômodo e funcional adequar um velho vocábulo
marginal e desprestigiado - o gaúcho - para identificar de forma
grosseira e imperfeita o tipo humano mais meridional do Brasil. Logo,
mesmo a muque, somos gaúchos. Um gentílico reciclado e remodelado para
representar o povo sulino, portanto, um locativo arbitrário e
insuficiente - reducionista e ficcional.</div>
<br />
<div class="yiv33786140separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy9RBgXRcERCOSILFyQKjZdtyZiASGxVgz6f1r8Kmisr2iDCHsnAukCOhchrS8Sc2X4g3NztETYWUuymruV5seaZ4A1oz98ArlRsAE6eTKujq3FGTp-W57YB_X6WgTaNsRONvbSixTnbY/s1600/zcamoes.jpg" rel="nofollow" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy9RBgXRcERCOSILFyQKjZdtyZiASGxVgz6f1r8Kmisr2iDCHsnAukCOhchrS8Sc2X4g3NztETYWUuymruV5seaZ4A1oz98ArlRsAE6eTKujq3FGTp-W57YB_X6WgTaNsRONvbSixTnbY/s200/zcamoes.jpg" width="192" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O
significado das palavras é histórico, porque muda conforme as
ondulações do tempo e das vontades. Camões (ao lado) dizia que mudam-se
os tempos e mudam-se as vontades. Gaúcho já foi o tipo marginal, uma
espécie de andarilho em busca de um porto seguro, e que desconhecia as
normas sociais estabelecidas. É, inclusive, uma expressão multinacional,
comum à região platino-pampeana. "Gauchos" (pronuncia-se <i>gáu-tchos</i>) são os uruguaios e grande parte dos argentinos.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Assim, se a imprecisão avulta, cresce também a necessidade de emprestar
mais atributos identitários ao gentílico, a fim de definir os contornos
de uma personalidade singular e exclusiva.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Que tal trazer do passado recortes plásticos para dar-lhe espessura e
densidade histórica? A guerra civil de 1835-1845 contra o Império da
família Bragança pode ser uma boa ideia. Tem muitos ingredientes épicos,
tintas republicanas, espírito indômito, traços libertários, uma
subjetividade não contaminada pela cultura etnocêntrica, etcetera, que
podem formar um nexo neste constructo mítico que se está moldando meio
às cegas.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Como em toda mitologia, foram sendo costurados elementos portadores de
significado e que representam a realidade. É a bricolagem de Claude
Lévi-Strauss. Uma vasta colcha de retalhos do real, improvisados de
forma a combinar um todo que guarda coerência com o passado, mesmo que
parte deles seja ficção, parte metalinguagem, parte historiografia,
parte contingência, parte realidade transfigurada, parte ideologia,
parte má consciência, parte fetichismo, parte gabolice, e por aí vai. O
gaúcho, portanto, é uma obra em aberto, e por isso, em disputa. Uma obra
que flutua, uma "ideia feita" (Flaubert) e refeita constantemente pelos
seus sustentadores (ou mesmo adversários, por que não?).</div>
<br />
<div class="yiv33786140separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNakgigbznJLHBLOoqifXwYjUrRfLw5DJno8r1A_5Pj6q-aq3aIaVSdGYfXt7f4DVUaYhlvcZT8FA1xUeo3Q5WyOJuoAz0esmF6uytgSi6NeYTz8-K3zrr3OrQzMYe6ZF6ofjGkJEqLz8/s1600/zmosca.jpg" rel="nofollow" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="172" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNakgigbznJLHBLOoqifXwYjUrRfLw5DJno8r1A_5Pj6q-aq3aIaVSdGYfXt7f4DVUaYhlvcZT8FA1xUeo3Q5WyOJuoAz0esmF6uytgSi6NeYTz8-K3zrr3OrQzMYe6ZF6ofjGkJEqLz8/s200/zmosca.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Brincando um pouco, é possível dizer que o gaúcho (à moda de Michel Foucault no prefácio de <i>As palavras e as coisas,</i> onde cita Jorge Luis Borges) está catalogado como “uma certa enciclopédia chinesa onde está escrito que os animais [os <i>gaúchos</i>] se dividem em: <b>a</b>) pertencentes ao imperador, <b>b</b>) embalsamados, <b>c</b>) domesticados, <b>d</b>) leitões, <b>e</b>) sereias,<b> f</b>) fabulosos,<b> g</b>) cães em liberdade,<b> h</b>) incluídos na presente classificação,<b> i</b>) que se agitam
como loucos,<b> j</b>) inumeráveis,
<b>k</b>) desenhados com um pincel muito fino de pelo de camelo, <b>l</b>) etcetera,<b> m</b>) que acabam de quebrar a bilha, <b>n</b>) que de longe parecem moscas”.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Quer dizer, cabe qualquer disparate para identificar esse "tipo ideal" (Weber) do bloco no poder sul-rio-grandense.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Semanas atrás, uma empresa midiática familial sulina, de grande
influência no poder e no senso comum local, achou por bem em consultar
os seus leitores/consumidores sobre quais seriam os principais
personagens históricos do Estado, como se o senso comum dominasse de
forma segura esse universo historiográfico e a partir disso pudesse
fazer a classificação do panteão pretendido pela empresa de
entretenimento. Por óbvio, havia uma cartela de nomes passíveis de
representarem a farsa midiática, quase todos de ficção, alguns de ficção
romanesca mesmo, como uma certa namorada do mercenário italiano
Giuseppe Garibaldi, que hoje está entronizada como figura fundante da
nossa "pequena pátria" (Comte).</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Já se vê, pois, que há permissão para que qualquer indivíduo ou grupo
incida nessa bricolagem mítica que é o constructo do gaúcho. É evidente
que o pensamento hegemônico tira vantagem nessa disputa, afinal, detém a
quase absoluta totalidade das mídias conhecidas, o Parlamento, o
Executivo, o Judiciário, as Universidades, a publicidade, e uma
formidável capilaridade no meio social, através da escola formal,
clubes, associações, igrejas, entidades patronais, e mesmo sindicatos de
empregados, etc.</div>
<br />
<div class="yiv33786140separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfKfeCCjYC2U9ntPdf282SqZJC0So10bcg9wPfCljwZ5Z-ihyphenhyphenFOFeCV72ILVfmiG6A9nwLu5i5_Mo-JZHhGeLE-nW9nFLLs2Qkf732xLuANmI9Fe4fb8NejNQasgXpnCZ0pKZm680_o3Y/s1600/zjulio+de+castilhos.jpg" rel="nofollow" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfKfeCCjYC2U9ntPdf282SqZJC0So10bcg9wPfCljwZ5Z-ihyphenhyphenFOFeCV72ILVfmiG6A9nwLu5i5_Mo-JZHhGeLE-nW9nFLLs2Qkf732xLuANmI9Fe4fb8NejNQasgXpnCZ0pKZm680_o3Y/s200/zjulio+de+castilhos.jpg" width="151" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas
tem um componente neurótico nessa opção pelo tradicionalismo. Sim,
porque entre dois tradicionalismos, escolheu-se o mais rústico e
rasteiro. A que tradicionalismo nos referimos? Ora, o tradicionalismo
vencedor é aquele filiado à corrente farroupilha de Bento Gonçalves da
Silva, a tradição hegemonizada, portanto subalterna, é a de Julio Prates
de Castilhos (ao lado), o responsável por um movimento político burguês
que ainda no século 19 projetou o Rio Grande do Sul no século 20.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Hoje, predomina um ethos que corresponde à tradição imposta por um
antigo ladrão de equínos e bovinos, Bento Gonçalves da Silva. São esses
traços psicossociais que estão no poder no Estado, agora. A tradição
representada pelo burguês modernizador, revolucionário (no estrito senso
do vocábulo), austero e incorruptível, que foi Castilhos, está
subordinada ao pragmatismo mais rebaixado e deletério. Informe-se que
Julio de Castilhos preferiu as dificuldades materiais e contingentes do
que advogar para sobreviver, depois que foi alijado do poder. Alegava
que não poderia - moralmente - sequer peticionar a um magistrado que
fora nomeado por ele quando chefe do Executivo estadual.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Esse modelo político-moral está arquivado no Rio Grande, em favor de um
padrão inspirado no abigeato e na apropriação indébita do público e do
privado.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Se o Rio Grande chegou primeiro ao século 20 (antes mesmo do resto do
País), hoje, sai por último do mesmo século. O Brasil, aos trancos e
barrancos, e de forma parcial, já chegou ao século 21, mas o RS se
arrasta e se enxovalha no pântano a que foi conduzido pela hipertrofia
do pragmatismo maragato, cuja matriz político-ideológica foi forjada
durante o século 19, depois da guerra civil de 1835, e se estendeu até
1891, no dia 14 de julho quando é proclamada a Constituição castilhista
que induz a modernização burguesa e a promoção geral e complexa da
província fronteiriça sulina.</div>
<br />
<div class="yiv33786140separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRHUy1I7x27b7c2owNADDphZSs2QxU5nZ88x4wDL_qp0sZpwDSWbIPIiOtnBdzBmObhuiPlcKc9KMFkZbbF2QnGndHJap9OZSVaFzP7ihbhosRtLyKv0QC0kXfbPodZZkFs0tEWPvFyDw/s1600/zget_charuto.jpg" rel="nofollow" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="165" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRHUy1I7x27b7c2owNADDphZSs2QxU5nZ88x4wDL_qp0sZpwDSWbIPIiOtnBdzBmObhuiPlcKc9KMFkZbbF2QnGndHJap9OZSVaFzP7ihbhosRtLyKv0QC0kXfbPodZZkFs0tEWPvFyDw/s200/zget_charuto.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O
castilhismo-borgismo promoveu uma autêntica revolução burguesa no
Estado. Algo que o próprio Brasil experimentaria somente depois de 1930,
com a chegada de Getúlio Vargas (ao lado) ao poder. Se nós tivemos uma
revolução burguesa do tipo clássica, cruenta, que modificou radicalmente
o poder regional, modernizando-o e aportando valores republicanos,
ainda que não-democráticos, o Brasil não a teve. A modernização do País e
a institucionalização do Estado, bem como o processo de
industrialização, foram conquistas, não da burguesia, mas da iniciativa
do próprio Vargas - forjado e projetado no sistema castilhista
sul-rio-grandense.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, festejamos o 20 de Setembro, por um capricho rançoso dos
perdedores de 1893 (e que estiveram no poder durante toda a segunda
metade do século 19 e só souberam se apropriar de terras devolutas do
Estado monárquico, especialmente na região da Campanha).</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Por que não festejamos o 14 de Julho de 1891? Justo a data da
proclamação da Constituição republicana. Esta data é o dia fundante da
verdadeira república rio-grandense. Por que festejamos a outra, a
república farrapa, que admitia o escravagismo e tolerava todas as
religiões, desde que fosse a católica romana? Uma falsa república
fundada por falsos líderes, os mesmos que assinam o vergonhoso pacto de
Ponche Verde com o Império dos Bragança, e de quebra recebem uma polpuda
"indenização". É caso único no mundo, o vencido receber indenização do
vencedor. A rigor, o Império comprou a "rebeldia" dos farroupilhas, e
estes se venderam pelo vil metal.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="yiv33786140Apple-style-span" style="color: #444444; font-family: sans-serif;">Artigo de <b>Cristóvão Feil</b> publicado neste blog DG em 20 de setembro de 2009. Estamos republicando-o a pedido de leitores.</span></div>
<span class="yiv33786140Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: sans-serif;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="yiv33786140Apple-style-span" style="color: #444444; font-family: sans-serif;"><i>Foto do alto</i></span><span class="yiv33786140Apple-style-span" style="color: #444444; font-family: sans-serif;">:
no dia 2 de janeiro de 2009, um anônimo montou em pelo sobre o belo
monumento positivista que homenageia Júlio Prates de Castilhos, na Praça
da Matriz, centro de Porto Alegre. O sujeito, por acaso nascido em Bagé
(RS) principal cidadela maragata na revolução de 1893, foi preso e não
soube explicar o gesto e a intenção. Foto de Fernando Gomes/<i>ZH</i>. </span></div>
</div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-5146189460229095702011-09-22T06:48:00.000-07:002011-09-22T06:48:47.478-07:00A maldição conservadora e a invenção do guasca<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="yiv1824228770post-header" style="text-align: justify;">
</div>
<div>
</div>
<div class="yiv1824228770post-body yiv1824228770entry-content" id="yiv1824228770post-body-4687486469203580024" style="text-align: justify;">
<div class="yiv1824228770separator" style="clear: both;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbYa5lab3k3Id-tVn0rVsNG1Txeo7iUwZlkgxX4IuB4jYnvlP0eevsWO5XEd5FW0rY8hgIQO4k_Wq7_bkItCf1bN5nzQIL92wfOPNN6OyS9Gdp1hw_c7T-K_H5TcOz7BCx8UWLJnNF6_8/s1600/DSC0643.jpg" rel="nofollow" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="427" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbYa5lab3k3Id-tVn0rVsNG1Txeo7iUwZlkgxX4IuB4jYnvlP0eevsWO5XEd5FW0rY8hgIQO4k_Wq7_bkItCf1bN5nzQIL92wfOPNN6OyS9Gdp1hw_c7T-K_H5TcOz7BCx8UWLJnNF6_8/s640/DSC0643.jpg" width="640" /></a></div>
<a href="http://diariogauche.blogspot.com/2011/09/maldicao-conservadora-e-invencao-do.html">http://diariogauche.blogspot.com/2011/09/maldicao-conservadora-e-invencao-do.html</a><br />
<br />
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<b><span class="yiv1824228770Apple-style-span" style="color: red;">Antes de entrar no tema que quero comentar</span></b>,
chamo a atenção para o “Desfile Cívico-Militar do Vinte de Setembro”
(conforme consta da programação dos seus organizadores, os dirigentes do
MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho) que está se desenrolando hoje,
precisamente 20 de setembro de 2011. </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
Quero sublinhar a ênfase na expressão
“cívico-militar” dado pelo MTG, em pleno século 21. Me explico. Ninguém
desconhece a filiação positivista-comtiana dos republicanos brasileiros,
na segunda metade do século 19. No Rio Grande do Sul, onde a República
aconteceu depois de uma revolução cruenta que durou de 1893 a 1895, os
positivistas foram mais radicais e, por isso, mais exitosos do que no
resto do Brasil. Julio de Castilhos e os militantes do Partido
Republicano Rio-Grandense (PRR) modificaram completamente o cenário
político e social do estado mais meridional do País. No RS não houve a
chamada troca de placa: sai a Monarquia dos Bragança, entra a República
constitucional. Aqui, houve a mais completa e absoluta troca da elite no
poder. Saem os velhos estancieiros pecuaristas da Campanha, entra uma
composição de classes formada por uma pequena burguesia urbana, uma
classe média rural, profissionais liberais e colonos de origem europeia
da região serrana. </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
Os positivistas sulinos, fiéis aos
ensinamentos dogmáticos de Auguste Comte, propugnavam – como o mestre –
pela superação das fases pregressas da Humanidade. À fase militar-feudal
deve seguir-se a fase industrial da Humanidade. Ou seja, à fase militar
corresponderia a insurreição farroupilha de 1835-45 contra o Império do
Brasil, agora – com o advento republicano – estávamos, pois, na hora de
criar condições para o desenvolvimento e o progresso material que se
daria por um processo intensivo de industrialização manufatureira. </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
Vejam,
pois, que os tradicionalistas do século 21 continuam com os olhos fixos
num passado praticamente feudal, marcadamente militarista, embora não
tenhamos experimentado, de forma hegemônica e total, esse modo de
produção pré-capitalista no Brasil. </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
Um dos formuladores intelectuais do que
chamamos de ordem delirante do atraso – o pensamento tradicionalista da
estância – foi Ramiro Frota Barcellos. Na obra “Rio Grande, tradição e
cultura” (1915), o santiaguense é de uma clareza solar quanto aos
propósitos enfermiços do tradicionalismo estancieiro: “O que agora se
verifica, mercê do atual movimento tradicionalista, é a transposição
simbólica dos remanescentes dos ‘grupos locais’, com suas estâncias e
seus galpões para o coração das cidades. Transposição simbólica, mas que
fará sobreviver, na mais singular aculturação de todos os tempos, o Rio
Grande latifundiário e pecuarista”.</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
Qualquer semelhança com o enclave da
bombacha e da fumaça que anualmente acampa, no mês de Setembro, no
Parque da Harmonia, em plena área central de Porto Alegre, não é mera
coincidência. A “mais singular aculturação de todos os tempos”, como
premonitoriamente afirma Barcellos. Neste caso, “aculturação” é sinônimo
de regressismo e estagnação. </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
É sobre isso que eu quero comentar brevemente. </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
Quando estudantes em São Paulo, Júlio de
Castilhos e Assis Brasil chegaram a fundar um chamado “Clube 20 de
Setembro”, que promoveu estudos – com algumas publicações - sobre o
movimento farroupilha da primeira metade do século 19. Curiosamente,
Castilhos abandonou as pesquisas sobre a guerra civil que varreu o Rio
Grande por dez longos anos. Assis, em 1882, publicou a obra “História da
República Rio-Grandense”. Por algum motivo, carente de melhores
investigações, tanto os positivistas do PRR, quanto os liberais sulinos
não foram muito enfáticos no culto farrapo. Tal fenômeno veio a ocorrer
somente depois da Segunda Guerra, em Porto Alegre, no meio estudantil
secundarista urbano do Colégio Estadual Julio de Castilhos. Daí se
difundiu como rastilho de pólvora sob a forma dos onipresentes Centro de
Tradição Gaúcho – CTG, que são clubes de convivência social onde se
cultua o passado sob a forma fixa da mitologia farrapa, tendo como
matriz formal a estética e o ethos do latifúndio da pecuária extensiva
de exportação – subordinado à cadeia mercantil dos interesses
hegemônicos ingleses na América do Sul. Quando os tradicionalistas se
ufanam do pretensioso espírito autônomo e emancipado do chamado 'gaúcho'<i> tout court</i>,
se referem ao Império dos Bragança, mas esquecem a dependência
econômica e subordinação negocial estrita com os interesses ingleses,
via portos de escoamento no Prata (Montevideo e Buenos Aires). </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
[Das relevantes realizações modernizantes
do castilhismo-borgismo foram a estatização e incremento do porto de Rio
Grande, bem como a encampação das ferrovias controladas por capitais
europeus, de forma a dotar o estado de infraestrutura e fomentar o
desenvolvimento, sem depender do Rio ou do Prata.] </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
A grande data a comemorar no Rio Grande do
Sul, pelo lado do senso comum, é o 20 de Setembro, que marca o início da
insurreição farroupilha (é um equívoco chamá-la de “revolução”, uma vez
que os rebeldes foram derrotados pelo Império e não ocorreu nenhuma
modificação política, social ou econômica na província sulina depois de
1º de março de 1845, na chamada Paz de Ponche Verde). No entanto, se
houve <b>revolução</b> no sentido rigoroso e clássico do termo, esta
ocorreu a partir da promulgação da Constituição Rio-Grandense, e da
posse do governador (então, presidente do Estado) Julio de Castilhos, no
dia 14 de julho de 1891. Meses depois, os conservadores e
latifundiários alijados do poder, eternos aliados e sustentáculos da
Monarquia, deram início à luta armada contra os jovens que governavam o
Rio Grande (Castilhos tinha 30 anos quando assume a presidência do
estado). A partir da revolução cruenta, se inicia um processo de grandes
modificações e modernizações no RS. Em 1902, já com Borges de Medeiros
no poder, depois da morte precoce de Castilhos, o estado passou a
tributar com impostos progressivos as terras privadas, bem como reaver
dos estancieiros as imensas glebas públicas apropriadas ilegalmente
durante todo o século 19.<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
A hegemonia política do
castilhismo-borgismo perdura até a década de 1930. Getúlio Vargas foi
presidente do estado de 1928 a 1930, quando sai para o Catete, e já
deixa um governo mais conciliador com os conservadores da Campanha.<br />
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
É intrigante, pois, que a apropriação do
imaginário social tenha se dado pelo lado dos conservadores, através do
simbolismo inventado do 20 de Setembro, e não pelas forças burguesas,
progressistas e renovadoras do Rio Grande do Sul, que seria pelo 14 de
Julho.</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal" id="yui_3_2_0_1_131669883477392">
Eric
Hobsbawn e Terence Ranger que estudaram o fenômeno da chamada “invenção
das tradições” suspeitam que quando ocorrem mudanças sociais muito
bruscas e profundas, produzindo novos padrões com os quais essas
tradições são incompatíveis, inventam-se novas tradições e novos
imaginários de identidade social e cultural. Para os dois autores
britânicos, a teoria da modernização pode sim conceber que as mudanças
operadas pela infraestrutura da sociedade demandem tradições inventadas
no plano da superestrutura.</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
Neste sentido, a revolução burguesa
positivista-castilhista de inspiração saint-simoniana, introdutora do
Estado-Providência, mobilizou somente as instâncias da infraestrutura
(base material e econômica), deixando uma vasta lacuna, um boqueirão
ideológico, diríamos, na esfera da superestrutura. </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
Assim, teria restado um formidável vácuo em
distintos setores da vida social e no espírito dos indivíduos, como nas
artes, no pensamento político, no Direito, na identidade, nas
subjetividades individuais e de grupos, na cultura e no imaginário como
um todo. O homem é, antes de tudo, um animal simbólico, e este domínio
da razão e da cultura foi deixado vago, motivado, talvez, pelas duras
urgências da vida real, mas também – suspeito eu – pelo próprio
autoritarismo do poder estendido do castilhismo-borgismo. </div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
<br />
</div>
<div class="yiv1824228770MsoNormal">
O tradicionalismo seria, assim, um
desagravo mítico-ideológico dos derrotados de 1893/95, os mesmos
derrotados de Ponche Verde. Uma vingança de classe – a do latifúndio
subalterno e associado – contra a modernização burguesa do positivismo
pampeiro, seria isso? Uma maldição contra o futuro do Rio Grande? “Vocês
estarão condenados a viver no passado, em meio à fumaça e o cheiro de
esterco, festejando derrotas, e considerando heróico, cavalgando durezas
e incomodidades, e considerando genuíno, fruindo uma arte primária e
mambembe, e considerando autêntico, cultuando velhos ressentimentos e
considerando lúcido, ignorando o rico mosaico cultural da província e
considerando o tradicionalismo de matriz latifundiária como a síntese de
tudo. Vocês são os gaúchos, velhos vagabundos redimidos, são os heróis
de um passado que nunca existiu” – foi a sentença de fogo dos que
trouxeram o tradicionalismo como vanguarda do atraso no pensamento
guasca. </div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="yiv1824228770post-author yiv1824228770vcard">
Redator:
<span class="yiv1824228770fn">Cristóvão Feil</span>
</span>
<span class="yiv1824228770post-timestamp">
- Data:
<a class="yiv1824228770timestamp-link" href="http://diariogauche.blogspot.com/2011/09/maldicao-conservadora-e-invencao-do.html" rel="nofollow" target="_blank" title="permanent link"> 20.9.11</a></span> </div>
</div>
RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-52903933296496971502011-09-20T06:26:00.000-07:002011-09-20T06:29:56.264-07:00A Guerra dos Farrapos e seus Lanceiros Negros Traídos<div style="text-align: justify;" class="post-header"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><b>HEMERSON FERREIRA</b><br /><i>Professor de História - <a href="mailto:hemersonfer@bol.com.br">hemersonfer@bol.com.br</a></i><br /><div style="text-align: justify;"><br /><b>Um breve resumo de como os Farroupilhas sulistas recrutaram e depois descartaram seus soldados negros</b><br /></div><b><br /></b><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY2OLsNmTsNgmVSnMbPhc1rHBO4T_TGl78Sw9Dz4yNd1ciCczBsYePEMn6m1F7A8ZTqorKTD4ZAGOmDdnIroU3d_hJgPtYdzD_OdDYCtdG6Pf4RZ-L-C7hsDmjL9x99cf9Ynq6i_T7w0w/s1600/Porongos.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY2OLsNmTsNgmVSnMbPhc1rHBO4T_TGl78Sw9Dz4yNd1ciCczBsYePEMn6m1F7A8ZTqorKTD4ZAGOmDdnIroU3d_hJgPtYdzD_OdDYCtdG6Pf4RZ-L-C7hsDmjL9x99cf9Ynq6i_T7w0w/s320/Porongos.jpg" height="197" border="0" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;">Durante a chamada Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul (1835-45), quando um homem livre era chamado a servir tanto nas forças rebeldes quanto nas imperiais, podia enviar em seu lugar (ou no lugar de um filho seu) um de seus trabalhadores escravizados. Em alguns casos, o alforriavam e alistavam. Também foi prática comum buscar atrair ou tomar cativos das tropas inimigas, trazendo-os para seu lado. O primeiro exército a utilizar negros escravizados como soldados foram os imperiais. Precisando também formar uma infantaria e sobretudo preferindo enviá-los como bucha-de-canhão, morrendo na frente em seu lugar, farrapos também os alistaram: eram os famosos Lanceiros Negros. Ambos, farrapos ou imperiais, prometiam também liberdade aqueles que desertassem das tropas rivais, mudando de lado.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> A maioria dos cativos que combateu nesta guerra foi obrigada a fazê-lo diante das condições impostas. Por outro lado, apesar da guerra ser horrível e violenta, era até preferível a vida militar, com seus esporádicos combates, do que as agruras diárias da escravidão. A promessa de liberdade após o fim da luta certamente pode ter influenciado em muito o recrutamento daqueles homens. Uma promessa, aliás e como veremos, jamais cumprida.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> Não havia igualdade nas tropas farroupilhas, muito menos democracia racial. Negros e brancos marchavam, comiam, dormiam, lutavam e morriam separadamente. Os oficiais dos combatentes negros eram brancos, e jamais um negro chegou a um posto significante, mesmo que intermediário, de comando. Aos Lanceiros Negros era vedado o uso de espadas e armas de fogo de grande porte. Não lutavam a cavalo, como costumam mostrar nos filmes e mini-séries de TV, mas sim a pé, pois havia o risco de se rebelar ou fugir. Sua arma principal era a grande lança de madeira que lhes deu nome e fama, algumas facas, facões, pequenas garruchas, os pés descalços, a bravura e o anseio pela liberdade prometida.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> Seria anacronismo se quiséssemos que líderes farroupilhas tivessem um comportamento ou posições políticas avançadas e assim diferentes das existentes em seu tempo, mas defesa da Abolição da escravidão era bem conhecida e nada alienígena na época. Uma Abolição começou a ser decretada em Portugal em 1767, proibindo que fossem enviados para o reino mais cativos vindos da África, e em 1773 foi decretada uma Lei do Ventre Livre naquele país. Na Dinamarca, isso se deu em 1792. Na França, em 1794 (ainda que Napoleão tenha tentado restabelecer a escravidão no Haiti em 1802). No México, uma primeira tentativa de Abolição foi feita em 1810, mas foi finalmente vitoriosa em 1829. Bolívar libertou cativos em 1816-7, durante suas lutas por independência, e finalmente aboliu a escravatura em 1821. A Inglaterra, que havia findado a escravidão pouco antes da Revolta dos Farrapos, pressionava o Brasil pelo fim do tráfico negreiro desde 1808. Willian Wilbeforce, um dos maiores abolicionistas da história, morreu em 1833, ou seja, dois anos antes da guerra no Sul do Brasil. Farrapos, portanto, conheciam, sim, e muito bem o abolicionismo.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> Entretanto,os principais chefes farrapos, Bento Gonçalves, Canabarro, Gomes Jardim e até Netto, dentre outros, eram todos ferrenhos escravistas. Quando aprisionado e enviado para a Corte no Rio de Janeiro, Bento Gonçalves teve o direito de levar consigo um de seus cativos para lhe servir. Ao morrer, o mais conhecido líder farroupilha deixou terras, gado e quase cinqüenta trabalhadores escravizados de herança aos seus familiares. Bem diferente do que fizera Artigas no Uruguai anos antes, os farrapos jamais propuseram uma reforma agrária ou mesmo uma distribuição de terras entre seus soldados, mesmo os brancos pobres, que dirá os negros. A defesa da escravidão era tão clara entre os chefes farrapos a ponto deles jamais sequer terem mencionado o fim do tráfico negreiro.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> Ao fim da guerra e já quase totalmente derrotados, os farrapos incluíram entre suas exigências para o Império o cumprimento da promessa de liberdade que haviam feitos aos Lanceiros (principalmente porque temiam que eles formassem uma guerrilha negra na província já que a quebra da promessa os faria se rebelar ou fugir para o Uruguai, destino comum de diversos cativos fugitivos na época). Queriam entregar-se ao Império, acabar a guerra, voltar à normalidade, mas tinham os Lanceiros e a promessa que lhes haviam feito, e o Império, escravista até a medula, não queria cumprir essa parte do acordo.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> Que fazer então? A questão foi resolvida na madrugada de 14 de novembro de 1844, quando o general farrapo David Canabarro entregou seus Lanceiros desarmados ao inimigo, tudo previamente combinado com Caxias. E no serro de Porongos, hoje região de Pinheiro Machado (interior do Rio Grande do Sul), foi dizimada quase toda a infantaria negra, enterrando de vez a preocupação dos farrapos e acelerando assim a paz com o Império. A instrução de Caxias a um de seus comandados foi clara e objetiva: a batalha teria que ser conduzida de forma tal que poupar apenas e dentro do possível o sangue de brasileiros (e o negro era então tratado como africano, mesmo que já nascido no Brasil).<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> Alguns historiadores apologistas ou folcloristas de CTGs consideraram aquela traição como Surpresa, já que pela primeira vez que o então vigilante Davi Canabarro teria sido surpreendido pelo inimigo. Conversa fiada! Enquanto dispôs suas tropas negras de tal maneira que ficassem desarmadas e descobertas, algo que até então nunca havia feito, Canabarro se encontrava bem longe e seguro do local, nos braços de Papagaia, alcunha de uma amante sua.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> Após o combate, um relato oficial avisou a Caxias que pelo menos 80% dos corpos caídos no campo de Porongos eram de homens negros. Calcula-se que, nos últimos anos daquela conflito, os farrapos ao todo somavam uns cinco mil homens, sendo que algo em torno de mil eram Lanceiros Negros. Após o Massacre de Porongos, porém, restaram apenas uns 120 deles, feridos, alguns mutilados, e que foram primeiramente enviados para uma prisão no centro do país e depois dispersados para outras províncias, ainda mantidos como cativos.<br /></div><br />Feito isso, deu-se a chamada rendição e paz do Poncho Verde, onde senhores escravistas dos dois lados trocaram abraços e promessas de lealdade e, logo depois, marcharam juntos e sob a mesma bandeira imperial contra o Uruguai, Argentina e Paraguai.<br /><br /><b>Bibliografia</b><br /><br /><div style="text-align: justify;"> FACHEL, José Plínio Guimarães. <b>Revolução Farroupilha</b>. Pelotas: EGUFPEL, 2002.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> FERREIRA, Hemerson. <b>Da Revolta à Semana Farroupilha</b>: entre tradição e a história. <img src="http://brasil.indymedia.org/img/extlink.gif" border="0" /> <a href="http://prod.midiaindependente.org/en/blue/2009/08/451359.shtml">http://prod.midiaindependente.org/en/blue/2009/08/451359.shtml</a><br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> FLORES, Moacyr & FLORES, Hilda Agnes. <b>Rio Grande do Sul</b>: aspectos da Revolução de 1893. Porto Alegre: Martins-Livreiro, 1993.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> GOLIN, Tau. <b>Bento Gonçalves, o herói ladrão</b>. Santa Maria: LGR, 1983.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> LEITMAN, Spencer. <b>Raízes sócioeconómicas da Guerra dos Farrapos</b>: um capítulo da história do Brasil no século XIX. Rio de Janeiro: Graal, 1979.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> MAESTRI, Mário. "O negro escravizado e a Revolução Farroupilha". In: <b>O escravo gaúcho</b>: resistência e trabalho. Porto Alegre: UFRGS, 1993, pp76-82. </div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-52527612204568001992011-05-01T07:30:00.000-07:002011-05-02T05:50:41.036-07:00O tradicionalismo guasca que esterca as cidades na primavera: a imaterialidade da coisa<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjcJBm8pC7zZLaLl8on6iI5z1PCZJguVBcVy3VxyuF_gTE49FHpwcYbjtxYp3tl2Q-4CelormApLWULhK8S1SPc5dAdrLbASx6uZuPEBG0HV8yeFObYHbZ68Y8A75FNvdOF0Nb3d4rGvxn/s1600/image0013_thumb%255B4%255D.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjcJBm8pC7zZLaLl8on6iI5z1PCZJguVBcVy3VxyuF_gTE49FHpwcYbjtxYp3tl2Q-4CelormApLWULhK8S1SPc5dAdrLbASx6uZuPEBG0HV8yeFObYHbZ68Y8A75FNvdOF0Nb3d4rGvxn/s320/image0013_thumb%255B4%255D.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5602099496609142722" border="0" /></a><div style="text-align: justify;"><b>TAU GOLIN</b><br /><i>Jornalista e historiador</i><br /><br /></div><div style="text-align: justify;">Algo assustador vem ocorrendo gradativamente no Rio Grande do Sul. Um movimento de pressão política e cultural está em vias de subverter completamente o princípio do patrimônio imaterial.<br /><br />O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) deseja ser o elemento dessa aberração.<br /><br />Por óbvio, se poderia considerar “patrimônio imaterial” manifestações culturais, mas não a “entidade” que as promove. Considerar o tradicionalismo, que é uma sociedade privada, organizada na sociedade civil, como “patrimônio imaterial” seria a mesma coisa que reconhecer o Grêmio ou o Internacional como únicas manifestações genuínas e autênticas do futebol. Certamente, se um clube sumir isso não afetará a existência do esporte.<br /><br />O tradicionalismo é um movimento cívico-cultural organizado em rede, de forma associativa, e de caráter de massa, articulado pela indústria cultural e diversos interesses comerciais, políticos, etc., que, além de milhares de posturas sinceras, especulam com hábitos, costumes e elementos da tradição. Não existe imaterialidade no tradicionalismo. Duvidosamente, a imaterialidade poderia ser encontrada em algumas manifestações utilizadas pelo movimento, entretanto reinterpretadas, agregadas por sentidos contemporâneos, sem sustentação metodológica. Portanto, ainda assim, de forçosa “imaterialidade”. A seleção, a reinterpretação, a reorganização, e o novo sentido agregado, adequado aos interesses do movimento, retiram a sua “imaterialidade”. O motivo: não é mais autêntico; foi tradicionalizada.<br /><br />Desde os anos 1940, o tradicionalismo vem privatizando uma série de manifestações culturais, hábitos e costumes rio-grandenses. Muitos existiam isolados em regiões remotas. Da tradição foram retirados e reelaborados em uma engrenagem de rede. Um eficiente marketing e práticas de adestramento comportamental encarregaram-se de “educar” os contingentes como se pertencessem a todos os grupos humanos. E o que é pior: como se o RS tivesse um único gentílico formatador gauchesco.<br /><br />Praticamente todas as manifestações adotadas pelo tradicionalismo já existiam antes do seu aparecimento como entidade privada. Se o tradicionalismo, por sua vez, desaparecer, as realmente importantes continuarão existindo. Patrimônio imaterial é o mate (legado indígena), a culinária, determinadas músicas e danças regionais, etc., e não o tradicionalismo.<br /><br />Com o sucesso de se transformar em “patrimônio imaterial”, o tradicionalismo chegou ao extremo de sua usurpação da riqueza cultural regional. Ele se converte em “único”, “legítimo” portador dos eventos da identidade. Ele passou a ser o próprio fenômeno. Parece evidente que esta nova expropriação não resiste à História e ao contrato republicano da sociedade contemporânea. A imanência tradicionalista o conduziu à crença de que ele é, em essência, a coisa...<br /><br />Nessa lógica, a “cidadania” ainda será acusada de crime contra o patrimônio se realizar qualquer crítica a um tradicionalista (em essência, a coisa imaterial), protestar contra seus hábitos de estercar as cidades nos meses de setembro; espancar animais nos rodeios; ou o poder público ficará impossibilitado de realizar alguma reforma urbana porque em determinado lugar existe um galpão com uma placa tosca na fachada escrito CTG, cujas atividades são de duvidoso interesse público.<br /><br />Passando à imaterialidade, só falta agora o tradicionalismo almejar ser o espírito do rio-grandense. </div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-52457195407083977942010-11-25T06:05:00.000-08:002010-11-25T06:13:02.946-08:00CUBA ATUALIZA O SOCIALISMO<div style="text-align: justify;"> </div> <p style="text-align: justify;" class="yiv1375544299olho">I Brigada Mundial contra o Terrorismo Midiático reúne 64 ativistas de 20 países, dos quais 11 riograndenses. <table style="text-align: left; margin-left: 0px; margin-right: 0px;" class="yiv1375544299imagem imagem_ imgcenter"> <tbody> <tr> <td> <div class="yiv1375544299galAut"> <p class="yiv1375544299imgAutor">Stela Pastore</p></div> </td></tr><tr> <td class="yiv1375544299galImg"><img class="yiv1375544299imagem" title="Brigada reúne delegações de 56 países Autor: Stela Pastore" alt="Brigada reúne delegações de 56 países Autor: Stela Pastore" src="http://www.josemarti.com.br/img/galeria/898_Cuba-participantes_.jpg" align="center" /> <div class="yiv1375544299galLeg"> <p class="yiv1375544299imgLegenda">Brigada reúne delegações de 56 países</p></div></td></tr></tbody></table> </p> <p style="text-align: justify;" class="yiv1375544299lit lit1">A revolução é mudança permanente, disse o professor de história Javier Domingues, no encontro de abertura da I Brigada Mundial contra o Terrorismo Midiático que iniciou na quarta-feira (16), em Cuba. Domingues integra o Instituto Cubano de Amizade com os Povos - ICAP - entidade organizadora da atividade que reúne 64 ativistas de 20 países, dos quais 11 riograndenses. Argentina, Austrália, Alemanha, Correia do Sul, El Salvador, Espanha, Ucrânia, Turquia, França, Honduras, México, Peru, Tchecoslováquia, Suíça, Irã, Irlanda, Sri Lanka, Venezuela, e Canadá têm delegações. </p> <p style="text-align: justify;" class="yiv1375544299lit">“Disseminar a verdade sobre o que se passa em Cuba é o propósito desta atividade”, reforçou o professor. Integrante do ICAP há 38 anos, Domingues pontuou que Cuba vive um momento de transformação e é um país em dificuldades. “Estamos atualizando o Socialismo, como diz o presidente Raul Castro”, observou aos participantes. </p> <p style="text-align: justify;" class="yiv1375544299lit">O bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos desde 1962 causa problemas e prejuízos nas mais diferentes áreas. “O presidente Barak Obama não modificou a postura imperialista de destruir o exemplo revolucionário cubano para o mundo”, ressaltou o dirigente. <table style="text-align: left; margin-left: 0px; margin-right: 0px;" class="yiv1375544299imagem imagem_ imgleft"> <tbody> <tr> <td> <br /></td></tr><tr> <td class="yiv1375544299galImg"><img class="yiv1375544299imagem" title="Delegação gaúcha" alt="Delegação gaúcha" src="http://www.josemarti.com.br/img/galeria/897_Cuba-delegacao_.jpg" align="center" /> <div class="yiv1375544299galLeg"> <p class="yiv1375544299imgLegenda">Delegação riograndense<br /></p></div></td></tr></tbody></table> </p> <p style="text-align: justify;" class="yiv1375544299lit">Nos dois primeiros dias em Cuba, a delegação riograndense realizou visitas e contatos em Havana e outros municípios próximos. As impressões são unânimes e altamente positivas. As estradas estão em ótimas condições, a limpeza pública é excepcional, as casas são muito bem cuidadas e arrumadas interna e externamente, há máquinas realizando serviços públicos permanentemente, a frota de veículos, mesmo os antigos que existem em profusão, são muito bem conservados. A educação e a prestimosidade dos cubanos é notável. Há segurança e tranquilidade. Andar pelas ruas da capital cubana é uma experiência incomum - não há apelo comercial. O consumo não pauta o cotidiano. </p> <p style="text-align: justify;" class="yiv1375544299lit">Reportagem e texto: Stela Pastore</p>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-48099259603409607182010-11-20T04:57:00.000-08:002010-11-20T05:02:34.990-08:00PORTOS E “REVITALIZAÇÕES DA ORLA”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGeiinaRoK6bo5D52w6ZnHqbdm1Xsu_L0Cva2DIsSimnr7niCFoWQBn-vZZk4HAAjiswAXElrB-M9jVY940WCYkVU5XluCQEMTGGcjVcLUNdRw0T193uavUsW9Z6DPJ9Wnyjxif-QyKHQP/s1600/cais-do-porto-porto-alegre.jpg"><img style="float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer; width: 300px; height: 206px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGeiinaRoK6bo5D52w6ZnHqbdm1Xsu_L0Cva2DIsSimnr7niCFoWQBn-vZZk4HAAjiswAXElrB-M9jVY940WCYkVU5XluCQEMTGGcjVcLUNdRw0T193uavUsW9Z6DPJ9Wnyjxif-QyKHQP/s320/cais-do-porto-porto-alegre.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5541616047335781170" border="0" /></a><br /> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">A arquiteta Adriana Schönhofen Garcia, mestre em Engenharia, radicada em Miami, embora natural do Rio Grande do Sul, participou do 54º. Congresso Mundial de Arquitetura na PUC neste mês de novembro, promovido pela Federação Internacional de Habitação e Planejamento.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Foi depois convidada a uma palestra no Instituto dos Arquitetos do Brasil abordando o tema “revitalizações” em áreas portuárias desativadas, numa abordagem comparativa entre a proposta que vem sendo insistentemente apresentada pelo advogado Edmar Tutikian para o cais Mauá, e o cais de Miami River.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Logo de início, ficou patente que a arquiteta havia sido abastecida com informações falseadas sobre o cais Mauá, o projeto Tutikian, e a própria cidade de Porto Alegre, na atualidade.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Não surpreende a difusão e divulgação de notícias e informações incorretas ou incompletas por parte dos promotores da “revitalização”, pois esta tem sido a tática usual dos mega-projetos, em Porto Alegre, que interessam ao poder econômico e trazem prejuízo para a população, os bairros, o meio ambiente, e à própria noção de planejamento.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">O que surpreendeu foi a falta de civilidade com uma visitante de prestígio internacional, visando levá-la a apoiar indiretamente o tal projeto. A arquiteta, porém, não é inexperiente, e logo se deu conta de que havia coisas subjacentes, de que não havia sido informada. Ou, certamente, não teria escolhido Miami como seu parâmetro comparativo.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Assim, enquanto a palestrante, já em sobreaviso contra armadilhas com objetivos políticos, discorria sobre o que poderia ser revitalizado em Porto Alegre, tratava também de colocar claramente as informações de que dispunha (errôneas) sobre uma espécie de morte do Centro, do cais, dos parques de Porto Alegre. Informações que deixaram de lado a questão dos moradores de rua, e as dezenas de prédios desocupados e em deterioração nesse bairro.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Além desse procedimento ser extremamente descortês com a palestrante, que não dispôs de quem a informasse devidamente sobre a polêmica existente, e as ilegalidades cometidas, – hoje subjudice na Justiça Federal, – perdeu-se uma grande oportunidade de discutir objetivamente o tema com uma pessoa tão experiente e conhecedora das contradições existentes entre a vontade do poder público e a cultura e vontade de uma população.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;"> </span></p> <p style="text-align: center; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal" align="center"><b style=""><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;">O FRACASSO DE SOLUÇÕES IMPOSTAS</span></span></b></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Parece que, no mundo atual, ao invés de se perguntar às pessoas que cidade elas querem, do que sentem falta, do que gostariam e atenderia a suas necessidades, e do que as perturba, incomoda, e não desejam, – os governos neoliberais se caracterizam por impor suas criações e imaginações a todo um povo, pouco ligando para sua adequação. Em nada, pois, se diferenciam dos governos autoritários tradicionais, fardados ou não. </span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Na análise da arquiteta, – apesar do esforço dos gestores de Miami e suas parcerias público privadas, – não foi possível povoar e revitalizar de fato os ambientes “revitalizados”, porque as pessoas não os freqüentam. </span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Qualquer publicitário principiante sabe que, antes de lançar-se um produto novo, faz falta uma pesquisa de mercado. E que cada mercado tem características próprias e não se podem importar soluções.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">O GT da Orla, coordenado pelo arq. Marcelo Allet, da Secretaria Municipal de Planejamento, não gosta de árvores nem da paisagem natural. Propõe amplos espaços sem sombras, com palmeiras desérticas e muito e muito concreto. Não aceita que as pessoas possam preferir um piquenique ou um bate-bola numa faixa livre de areia, ao invés de participar de um jogo formal numa quadra formal, possivelmente com taxa de arrendamento, e fila de espera.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Vêm daí, talvez, as propostas assombrosas para descaracterizar os parques Gasômetro e Marinha, e também a destruição promovida na Praça da Alfândega, acabando com suas árvores frondosas, que refrescavam o ambiente, para permitir uma visão sem entraves do portão do cais do porto, sob o sol senegalesco de Porto Alegre no verão.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">No caso de Miami, o fracasso em impor autoritariamente uma visão única do que seria um espaço de lazer, isso fica claro. As pessoas, se não gostam dos ambientes, se se sentem tolhidas em sua espontaneidade, se os julgam caros e pouco acessíveis, se não se sentem felizes nem seguras neles, simplesmente não os freqüentam, por mais que as autoridades tentem dar-lhes um ar de espetáculo ou cenário teatral.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">O artificialismo cansa.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Como exemplo, a cortina dágua proposta para o dique da Mauá, baseia-se numa pequena cortina que existe em Miami, e à qual os moradores da cidade não ligam o mínimo, conforme foto batida pela palestrante, onde aparece apenas uma pessoa, de passagem, sem olhar para a cortina. Não lhe perguntaram o que pensava dela, ao que parece. </span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: center; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal" align="center"><b style=""><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;">REFORMULAÇÃO PAISAGÍSTICA</span></span></b></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">A questão das reformulações paisagísticas da cidade, pois, não é uma questão técnica, mas política, cultural e afetiva.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Havendo respeito à tradição cultural da população e a seus hábitos, havendo participação plena dessa população na tomada de decisões, não é um bicho-de-sete-cabeças realizá-las, de maneira tecnicamente correta, através de coleta de sugestões, e posteriormente, concurso público de projetos.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Foi o que sugerimos, em 2008, em relação à idéia do parque ecológico contínuo ao longo da orla do Guaíba (respeitando-se as situações consolidadas). Tendo por norte os objetivos discutidos abertamente e votados pela população, traçam-se as diretrizes que nortearão o projeto, o qual será concebido e executado por equipes multidisciplinares. </span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Se o objetivo, porém, for ganhar dinheiro a qualquer custo... bom, é inevitável que se busquem soluções requintadas, custosas e sofisticadas, com muitas obras e construções, muitas despesas que devem ser ressarcidas, alterações que considerem obsoletas a natureza e os hábitos tradicionais e espontâneos da população, ou "lembrança passadista", e fora de moda.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;"> </span></p> <p style="text-align: center; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal" align="center"><b style=""><span style="font-family:Times New Roman;"><span style="font-size:100%;">INTERMODALIDADE VERSUS RODOVIARISMO EXCLUSIVO</span></span></b></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;">No caso do cais, o furo é mais embaixo.</span><span style="font-family:Arial;"> </span><span style="font-family:Times New Roman;">Quando o observamos, considerando também as irregularidades da licitação da RS-010, vemos que a proposta objetiva desativar por etapas todo o porto, do Mauá ao Navegantes, para consolidar o exclusivismo rodoviário e o pagamento de pedágios, mostrando-se os gestores indiferentes ao irracionalismo do transporte único, e ao efeito inflacionário dessa política, que encarece fretes e mercadorias.</span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Começa-se por impedir a reativação portuária do cais Mauá (muito bem situado para o transporte aquaviário de passageiros, por exemplo, mesmo em navios de longo curso), e avança-se nos cais seguintes, que têm menor capacidade de tonelagem, e dispõem de sistemas operacionais extremamente poluentes, por permitirem o embarque e desembarque de granéis.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Navegantes não é um bairro fantasma, o qual não importa poluir. Aliás, mesmo que o porto se instalasse em área erma, a qualquer altura da orla, com o embarque/desembarque mal resolvidos, – os produtos contaminantes serão absorvidos pelos pontos de captação da água, e serão absorvidos pelas canalizações, além de se infiltrarem pelos terrenos e os lençóis freáticos.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;"> </span></p> <p style="text-align: center; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal" align="center"><span style="font-family:Times New Roman;"><b style=""><span style="font-size:100%;">NATUREZA OU NATUREZA MAQUIADA </span></b><b style=""><span style="font-size:8pt;"><span style=""> </span></span></b></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Quanto à mania pós-pós moderna de querer enfeitar a natureza, com produtos pastichados em concreto, equivale a botar maquiagem numa vaca ou num pássaro... resultado redundante e ridículo, e absolutamente não-funcional.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Onde se formaliza um parque a la Versailles, começam as proibições e as regras repressoras. E o que era lazer livre transforma-se na obrigação cultural de apreciar os projetados edifícios de 100 metros junto à rodovia Castelo Branco e à Estação Rodoviária, o gigantesco parque de estacionamento adjacente e os engarrafamentos daí decorrentes; ou<span style=""> </span>os estacionamentos sobre palafitas dentro do rio, como quer o GT da Orla; mais a obrigação de ostentar status, não andando a pé nem de ônibus para chegar aos locais de lazer, muito menos comer cachorro-quente de barraquinha <span style=""> </span>– porque isso não é suficientemente chique, como nos ficou subentendido durante a exposição do projeto da orla faz algumas semanas, na RP1.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Banheiros, limpeza, cuidados de jardinagem com a vegetação, segurança, acessibilidade... significando isso, a desnecessidade de atravessar vias de alta velocidade para deslocar-se nos locais de lazer e recreação, são os itens a atender no caso da orla, acrescidos de vestiários e chuveiros nos pontos em que a balneabilidade for possível . E menos estacionamentos, por favor. Não há rio, paisagem, nem pôr do sol, nem cais romântico, que resista a um estacionamento de automóveis. Poderia, ao invés, haver um transporte seletivo circular, que fizesse a recorrida entre as terminais de ônibus e os principais parques centrais.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Também fazemos reparo em que os locais de lazer são preferentemente ocupados em horários de lazer. Locais de lazer muito ocupados em dias úteis e horário comercial é um indicativo alarmante de desemprego e subocupação, e deveria preocupar ao invés de alegrar.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Quanto ao turismo sem finalidade comercial, convencional, cultural, ou ecológica, não esqueçamos que, na atualidade, ele está intimamente ligado à indústria orgiástica (droga, jogo, prostituição) e seus ingressos financeiros são descompensados pela degradação social e cultural das comunidades.</span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-size:8pt;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: center; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal" align="center"><b style=""><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;">FIHP</span></span></b></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Com relação à Federação Internacional de Habitação e Planejamento, promotora do congresso antes referido, e sediada em Haia, Holanda, ela se dedica a promover congressos, conferências, viagens de estudos e cursos. Oferece documentação sobre lançamentos e novidades em relação à habitação e à organização urbana, cursos de férias gratuitos e abertos a estudantes de todo o mundo, com foco no desenvolvimento sustentável. Não se sabe, porém, quem são seus patrocinadores. </span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style=";font-size:8pt;color:black;" ><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="color:black;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;">Atualmente, é seu presidente o arquiteto espanhol Francesc Ventura i Teixidor, também membro das comissões de Planejamento de Barcelona, Girana Lleida e Tarragona, e presidente do Conselho da Comissão Executiva e Diretor Geralda Autoridade de transporte Metropolitano de Barcelona. </span></span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" width="100%"> <tbody> <tr> <td style="border: medium none rgb(212, 208, 200); background-color: transparent;"> <div> <p style="margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></p></div></td></tr></tbody></table><span style="font-size:8pt;"><span style="color:black;"><span style="font-family:Times New Roman;"> </span></span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="color:black;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;">É interessante destacar que justamente um empresário de Barcelona é/era o grande parceiro dos portais do Clóvis Magalhães, para quem lembra a reunião havida com o secretário em 2008. O empresariado de Barcelona era secundado por uma uma ONG internacional de projetos formada por Shell e Catterpillar.</span></span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="color:black;"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;"> </span></span></p> <p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;" class="MsoNormal"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;">Tania Jamardo Faillace</span></p> <span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;">delegada Forum Regional de Planejamento 1</span></span>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8919327668799580555.post-89555894122988744562010-10-17T18:28:00.000-07:002010-10-17T18:46:42.621-07:00O caluniador, figura da barbárie<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje78gZXzwkaS6s2o-hbLARSCulM-7zrkOqRpRgIyIB8r6EFB5BepMyqymWYdfNl-W-1PmeFbKflPWjn76t-h7AC-StegLsGfU3NyxXeSjnr1cFGX3jKMoZ4vwRdpBgq8huYGVjpk8pGFYD/s1600/serra-e-pig.jpg"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 320px; height: 210px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje78gZXzwkaS6s2o-hbLARSCulM-7zrkOqRpRgIyIB8r6EFB5BepMyqymWYdfNl-W-1PmeFbKflPWjn76t-h7AC-StegLsGfU3NyxXeSjnr1cFGX3jKMoZ4vwRdpBgq8huYGVjpk8pGFYD/s320/serra-e-pig.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5529195803669586882" border="0" /></a><br /><br /><div style="text-align: justify;">Vocês lembram há quanto tempo eu venho alertando contra a guinada para a direita explícita e o risco de golpe?<br /><br /></div> <div> </div> <div style="text-align: justify;">E por que isso agora? Por que, quando os liberais bem comportados já se asseguraram um lugar na pessoa de Temmer e de muitos dos ministros que desfiguraram vezes sem conta o governo de Lula, que não pôde avançar além de suas modestas propostas de uma certa assistência social, sem tocar em reivindicações básicas e seculares, como a Reforma Agrária e a Urbana, a Participação nos Lucros e na Gestão das Empresas, e o controle estrito da Remessa de Lucros, propostas defendidas institucionalmente antes de 1964, e que seriam demasiado ofensivas para a burguesia brasileira e os terratenentes?<br /><br /></div> <div> </div> <div style="text-align: justify;">Olhem, eu vou dar uma esfregadinha na minha bola de cristal e arriscar a dizer o que estou percebendo entre brumas: não conseguiram dobrar o Lula como desejavam (e ainda menos dobrarão a Dilma, que é dura de obstinada, como eu sei), então tudo é válido para assustar, intimidar, conspurcar, ameaçar, não há limites para a canalha arruaceira das gangues fascistas a serviço da direita oficial.<br /><br /></div> <div> </div> <div style="text-align: justify;">Serra nunca foi o candidato. Tanto assim que lhe impingiram o tal Índio, de triste figura. O candidato era mesmo a candidata de Lula, devidamente secundada por uma raposinha peemedebista, DESDE QUE SE COMPORTASSE BEM e possivelmente assumisse alguns outros compromissos fora das luzes do palco.<br /><br /></div> <div> </div> <div style="text-align: justify;">E aí, alguma coisa deu errado, isto é, Mr. X, que confiava conduzir a seu gosto e discretamente a continuidade governamental, e levar o Brasil a defender seus interesses, como aconteceu durante os anos da Operação Condor - de repente perdeu essa segurança. Ou o mandaram plantar batatas abertamente, ou ele percebeu que não tinha a todos sob seu cabresto, como esperava.<br /><br /></div> <div> </div> <div style="text-align: justify;">A partir de então, o pobre Serra ao qual Mr. X não dava a menor bola , passou a lhe servir, porque é dócil e não reclama quando o mandam fazer de palhaço (o santinho político-religioso está demais, nem Casseta e Planeta pensaria numa <em>gag</em> dessas). Mr. X sentiu-se feito de bobo, que lhe atiraram areia nos olhos, e que apoiava estrategicamente a quem, na verdade, poderia vir a ser seu adversário em termos de continente, e fechar alianças, para ele escandalosas, com o "bolivarianismo", o "nacionalismo", a independência regional.<br /><br /></div> <div> </div> <div>Não há fúria maior neste mundo... etc., etc.<br /><br /></div> <div> </div> <div style="text-align: justify;">Na minha bolinha de cristal, eu avanço ainda mais... Dilma ganhando e agregando outros compromissos até agora deixados de lado - com a agenda ambiental, por exemplo, e com a justiça agrária - é coisa encarada como um desafio por Mr. X (nosso Grande Irmão do Norte) e seus aliados. Há grande possibilidade, pois, de vermos surgir uma turbamalta de agitadores e subversivos da linha nazista e tefepista (os mais eficientes sapadores do mundo, lembrem, são ligados aos órgãos de segurança dos EUA e seus cupinchas, formados na Escola das Américas).<br /><br /></div> <div> </div> <div style="text-align: justify;">Mas não se iludam de que estes agitadors se opositores serão arcanjos da pureza celestial - todos os grupos de extrema direita do mundo através da história, estão íntimamente ligados com todas as forças da corrupção e da indústria orgiástica que conhecemos ou ainda não, e que <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjczItVoVz0FXdbB0ftlI_Rs9EOAnLjTGKMA233WQzdRjCiW_Fv7rLtFP_x2Ab_v-lgZ_6TiRtsOrOTKkua-_ggBPzG31FfoOZ5DmkHtSZXpSzewV-_XsNeJpkumdm3FzhQnWvrNRBTwNFX/s1600/DITADOR.jpg"><img style="float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer; width: 247px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjczItVoVz0FXdbB0ftlI_Rs9EOAnLjTGKMA233WQzdRjCiW_Fv7rLtFP_x2Ab_v-lgZ_6TiRtsOrOTKkua-_ggBPzG31FfoOZ5DmkHtSZXpSzewV-_XsNeJpkumdm3FzhQnWvrNRBTwNFX/s320/DITADOR.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5529194714523200402" border="0" /></a>recompensa suas tropelias (lembrem os antecedentes da Noite dos Punhais na Alemanha nazista, e as orgias sádicas de qualquer porão de ditadura de direita, e as tentativas de baixar a idade da responsabilidade criminal para descriminalizar a prostituição de menores e facilitar o uso de drogas por crianças - 150 mil doentes mentais vítimas do crack, só no RS, sem leitos e sem tratamento e ainda há os engraçadinhos que se arvoram em defensores da "liberdade" de drogar-se e comerciar com drogas e sexo).<br /><br /></div> <div> </div> <div style="text-align: justify;">Calúnia, violência, vício, delírio, desmonte da solidariedade social e familiar, crime organizado e política de guerra permanente, andam juntos. Está na hora de encarar no olho o que quer dizer Imperialismo pós-moderno. E preparar-se para uma luta que não será fácil, a fim de recuperar os valores humanistas e chegar à democracia real. Que não se presta para ser slogan de marqueteiros mercantilistas, mas será conquista histórica de gerações.<br /><br /></div> <div> </div> <div>Tania Jamardo Faillace</div> <div>jornalista e escritora de Porto Alegre, RS - Brasil</div> <div> </div>RS INSURGENTEhttp://www.blogger.com/profile/14102958172401322652noreply@blogger.com0