"Hay hombres que luchan un dia y son buenos
Hay otros que luchan um año y son mejores
Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos
Pero hay los que luchan toda la vida
Esos son los imprescindibles"
(Bertolt Brecht)

terça-feira, 24 de março de 2009

FECHAMENTO DAS ESCOLAS DO MST


Texto: Amália C. Leites


O Governo Yeda, junto com o Ministério Público, cancelou os convênios com o MST que mantinha escolas itinerantes em acampamentos de Sem-Terra, fechando desta forma as escolas, que funcionavam há 13 anos no estado. O MP argumenta que estas escolas não eram fiscalizadas pelo MEC, que seu currículo não estava de acordo e blábláblá. A questão aqui, além de mais um passo rumo à criminalização do MST, é o que afinal, é educação de “valor”, de “qualidade”. Porque o ensino dentro dos acampamentos, que realmente não passa por concursos públicos, mas ao invés disso, é feito por membros do movimento, é considerado pior que o que das escolas públicas em geral? Talvez porque as matérias não sejam as mesmas (nem estudadas do mesmo ângulo) que as matérias do currículo tradicional, mas nesse ponto é interessante analisar como está nosso ensino público e para onde ele está caminhando.

O que temos hoje em dia é uma evasão escolar que é relevante já nos primeiros anos da educação básica e que se torna extremamente preocupante nos anos finais (antes do vestibular). Os alunos precisam trabalhar, senão não comem. No meio disso está a escola. Sem muitas opções, eles acabam abandonando-a, em algum ponto entre o 1º ano do fundamental e o 3º do médio. Há grandes chances de que formarão a imensa massa de desempregados ou sub-empregados do nosso país. Aqueles que conseguem permanecer na escola encontram instituições sucateadas e professores frustrados pela baixa valorização e reconhecimento da sua profissão, de seu esforço diário. Como ninguém vive no País das Maravilhas, nada mais esperado que a escola pública brasileira não seja exatamente uma referência internacional em se tratando de qualidade de ensino. Nada mais esperado que estes alunos tenham dificuldade em passar no vestibular das universidades públicas, concorrendo com egressos de escolas particulares e de cursinhos pré-vestibular. Para isso temos as cotas, como tentativa de amenizar o problema. É uma reparação obrigatória, mínima, frente ao abismo social existente no Brasil. Mas ainda não é a solução, porque o buraco está beeeem mais embaixo. Mas isso é assunto pra outra hora, voltemos ao fechamento das escolas do MST.

Sendo a educação um ato político, como bem disse Paulo Freire, e por isso, nunca neutro, cabe questionar que tipo de cidadãos estamos formando com nosso currículo tradicional, onde a tabela periódica é exigida daqueles que precisam pedir esmola nos supermercados, onde a conjugação de verbos em inglês é ensinada para jovens que sequer compreendem o conceito de “pátria”. Do outro lado, temos iniciativas como o MOVA, em que os adultos são alfabetizados sem uma cartilha pré-concebida, mas sim de acordo com suas realidades. Temos as escolas itinerantes do MST, que buscam desenvolver a consciência crítica e ensinar a ler o mundo do ponto de vista da realidade dos acampados e assentados, que não é de forma alguma o mesmo ponto de vista que nós, frente aos monitores de nossos computadores na cidade, temos.

No fechamento das escolas, nem pais nem alunos foram ouvidos. Será que cabe realmente a nós dizermos que estas escolas são insatisfatórias e que não servem para educar estas crianças? O plano curricular das escolas municipais e estaduais é tão excelente, atual e superior em qualidade como cremos?

Fonte: Blog O PLANTADOR.

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