Em uma das inúmeras conversas que tive o prazer de ter com o “vôo livre” Deogar Soares, bem acomodados no “nosso” Cruz, ao comentarmos sobre alguma das tantas barbaridades deste mundo, que certamente não conseguirei lembrar, ele disse, daquele jeito que só quem o conheceu pode imaginar: “eu cada vez mais perco a capacidade de me surpreender com as coisas”.
Pois é, vivemos em uma sociedade em que, cada vez mais temos motivos para dizer que deixamos de nos surpreender, tal a quantidade de absurdos gerados por uma sociedade corrompida pelos ditames de uma lógica perversa e desumana.
Porém, a situação que vivemos atualmente no Rio Grande do Sul, capitaneados por uma governadora que já inscreveu seu nome na história como dirigente do governo mais corrupto já visto por estes pagos, tem dado motivos para que constantemente, nos surpreendamos com suas novas “peripécias”.
Como todo grupo que se organiza para praticar atos ilícitos, este, coordenado pela dona Yeda, não foge à regra: procura, através da força, da repressão e da mentira calar seus opositores e manter, pelo medo, seu poder.
No seu mandato, foram inúmeros os momentos em que seu braço armado agiu para reprimir manifestações do povo gaúcho, tão ao gosto de nosso “caubói dos pampas”, o famigerado e desequilibrado Coronel Mendes, que mais parece ter saído diretamente das catacumbas da Idade Média. Mas, este senhor, ao sair do comando da BM (pelo menos oficialmente), deixou em seu lugar gente com os quais não deve ter nenhum motivo para decepcionar-se.
Durante o (des) governo tucano, muitas manifestações foram e continuam a ser tratadas com cassetetes, bombas e safanões, vários dirigentes sindicais acabaram presos e agredidos e também processados judicialmente por quem deveria mesmo era correr da Justiça. Mas aqueles que mais sofreram durante este tempo, foram, como não poderia deixar de ser, os militantes do MST, que por negarem-se a correr da luta e optar por pelear sempre, foram várias vezes proibidos de manifestarem-se e de deslocarem-se pelo estado, tiveram acampamentos invadidos, lonas rasgadas, alimentos estragados ou “desaparecidos” e foram vítimas de uma campanha orquestrada pelo governo, por parte do judiciário gaúcho e, claro, pelo maior partido de direita do RS, o grupo RBS, que tentam a todo o momento incriminar o Movimento e orientaram ações no sentido de torná-lo ilegal.
Como parte de tudo isto, no dia 21 de agosto passado, o sem-terra Elton Brum da Silva foi assassinado pela Brigada Militar em uma ação de despejo que foi preparada pelo comando estadual da BM. Nesta ação, homens, mulheres e crianças foram agredidos por brigadianos e cães (não se sabe quais os mais raivosos) e humilhados de várias maneiras, resultando em mais de uma dezena de feridos.
Em todo o país, realizaram-se vários atos de protesto ao ocorrido, reunindo sem-terra, sindicalistas, intelectuais, artistas e todos aqueles comprometidos com a luta dos povos contra a opressão e pela justiça. Dentre estes, o cantador e grande companheiro de lutas Pedro Munhoz escreveu um poema em homenagem ao Elton, que tem sido divulgado em vários órgãos da imprensa alternativa.
Pois, para provar que os tiranos nunca têm limites em sua fúria contra as manifestações contrárias aos seus interesses, nos últimos dias o Pedro sofreu duas tentativas de prisão por parte da BM ao recitar o poema em apresentações realizadas em Alvorada e Porto Alegre, sendo esta última no Ato Fora Yeda.
Então tá! Se ainda havia alguma dúvida ... somos governados por sobras da ditadura militar, que reprimem, dão porrada e atentam contra o direito de livre manifestação, garantido pelo povo brasileiro através de muita luta e organização, enfrentando aqueles de quem parece que esse pessoal que está sendo processado por formação de quadrilha sente muita saudade!
Assim, quero pedir a todos os companheiros que solidarizam-se com as lutas do povo e contra todas as tiranias, que façam circular essa notícia e demonstrem sua solidariedade com todos aqueles que, de uma forma ou de outra, seja com cartazes, microfones, enxadas ou violões, estão na luta e gritam a todo o momento, como fizeram os irmãos cubanos na Sierra Maestra e agora fazem os hondurenhos em luta contra o golpe que sofreram: “Aqui no se rinde nadie!”.
MEU COMPANHEIRO E AMIGO PEDRO MUNHOZ, GRANDE ABRAÇO E TODA A FORÇA NA LUTA!!!
Porto Alegre, 15 de outubro de 2009.
Lauro Borges
Solidariedade: Runildo Pinto
“Solo hay una cosa más grande que el amor a la libertad: el odio a quien te la quita” (Ernesto Guevara de la Serna )
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