"Hay hombres que luchan un dia y son buenos
Hay otros que luchan um año y son mejores
Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos
Pero hay los que luchan toda la vida
Esos son los imprescindibles"
(Bertolt Brecht)

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

📜Contos Históricos do RS: De paulista ganhando terras, estancieiros milicianos e até plantação de maconha (CONTO II)*

Reflexão do Dia... Semana Gaúcha!!
O QUE NÃO TE CONTAM!!

O Rio Grande do Sul a após matar seus índios: latifundiário nunca nos levou ao progresso!
Após as Guerras Guaraníticas o território missioneiro começou a ser ocupado por grandes lotes, sesmarias, doados pela coroa portuguesa à tropeiros paulistas e curitibanos que usavam mão de obra escrava ou semi escrava os indígenas Guaranis, minuanos e até Charruas sobreviventes (sendo que os charruas eram arredios e trabalhadores sazonais que por vezes levavam o gado das estâncias sesmeiras). As disputas territoriais com os espanhóis fez com que surgissem entrepostos/povoados militarizados. Os sesmeiros tratavam suas estâncias como bases militares, com posteiros nos limites sempre armados e patrões e peões sempre em patrulha. Mas a coroa portuguesa precisava de mais gente e, além de subsequente vinda de levas de escravospara atender os estancieiros, vieram colonos açorianos (do arquipelado de Açores no Atlântico Norte). Alguns chegaram em plena Guerra Guaranítica e não puderam seguir, por via fluvial, à região missioneira e se estabeleceram no chamado Porto de Dorneles (na verdade era Ornelas) nas margens do Lago Guaíba. Mas ali eram terras de um dos estancieiros milicianos, Jerônimo de Ornelas (depois ficou como Dorneles mesmo!) que mataram o líder dos açorianos sem terra que mesmo assim fundaram ali o vilarejo de Porto dos Casais, atual Porto Alegre. (Pois é, o primeiro sem terra no RS foi morto por um estancieiro Dorneles!). Até aí a única atividade econômica lucrativa no RS era a courama, ato de caçar bois selvagens que eram das criações indígenas e tirar o couro e abandonar a carcaça no campo! Logo a coroa portuguesa criou as chamadas Reais Feitorias do Linho-Cânhamo em Cânguçu e a outra no Faxinal do Courita (Hoje São Leopoldo). Plantaram campos de Cannabis para cordame de barcos e quem sabe outros usos...

Até as charqueadas, símbolo da riqueza advinda do latifúndio agropecuário veio pelas mãos de um cearense, José Pinto Martins, que montou a primeira charqueada para fins comerciais em 1780 na beira do arroio Pelotas. Em 1824, após a independência do Brasil e o fim das doações de sesmarias, vieram os primeiros imigrantes alemães ao RS. Estes ganhavam só 77hectares enquanto estancieiros ganhavam 3,6 milhas de cumprimento por uma de largura (1 milha terrestre equivale à 1,6km) e ainda mais outras em nome da mulher, cada parente agregado e até filho de colo. Colonos alemães ocuparam regiões de São Leopoldo até a Serra Gaúcha. Seguiram os açorianos (que já plantavam trigo) e iniciaram o plantio de diversificadas culturas que abasteciam tanto as cidades locais quando o resto do país. Enquanto nos latifundios da metade Sul do RS só escravos cuidavam de pomares e hortas, na metade Norte o desenvolvimento veio pela dinâmica do trabalho livre e produção para o consumo local. Em 1860 o RS já era chamado de "celeiro do Brasil" por culpa dos imigrantes açorianos, alemães, italianos, que também desmataram e mataram índios nas ocupações da serra gaúcha e catarinense com seus "bugreiros" caçadores dos últimos indígenas, os caiguangues ("povo do mato" em tupi. Mistura de etnias perseguidas nas outras regiões).

E assim o RS se constituía: assassinou seus índios, tinha uma metade norte multicultural pela imigração que trazia também dinamismo econômico enquanto a metade sul tinha um polo de riqueza no charque e grandes vazios populacionais (criou estas distâncias gigantes entre as cidades nas regiões do Pampa) que pelo trabalho escravo só reproduz até hoje seu autoritarismo e impõe sua visão de mundo via aculturação do MTG. Foram estes escravistas atrasados que fizeram a "Revolta Farroupilha". Por isso a metade norte os ignorou e ficou com o Império!

: professor de História e Filosofia da rede pública estadual do RS.

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