"Hay hombres que luchan un dia y son buenos
Hay otros que luchan um año y son mejores
Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos
Pero hay los que luchan toda la vida
Esos son los imprescindibles"
(Bertolt Brecht)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Construtores de uma Farsa: gauchismo urbano




São eles: Paixão Cortes, Barbosa Lessa, Glauco Sariava....Ideólogos da burguesia guasca, criaram o MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) e o clubinho preconceituoso do CTG (Centro de Tradições Gaúchas).

Algumas Caracterisitcas do MTG e do CTG:

- estrutura do latifúndio-, patrão, capataz, peão, prenda.

- o "gaúcho" não possui um lugar na estrutura do CTG.

- herdeiro de uma ordem ditatorial e transformou-se no desaguadouro do pensamento e das práticas de caserna.

- O tradicionalista é um ser fragmentado.

- Sempre tem um piquete de estúpidos para agredir pessoas "fora do padrão".

- usam o método da estupidez para converter à obediência – a chamada pedagogia da doma usada com animais.

- tradicionalismo assumiu oficialmente um caráter “oficialista”, cívico-fundamentalista.

- Paixão Cortês fora tocado pelos rodeios e estilo de vida dos caubóis norte-americanos.

- o Tradicionalismo acabou se transformando em uma cultura de caserna, de inspiração de um positivismo desilustrado, dominado, em especial, pelos oficiais brigadianos, funcionários públicos e pela direita culturalmente limitada, líderes de legiões de "artistas" do lumpesinato.

-Na fase espontânea, lúdica e telúrica do Tradicionalismo foi colocada uma canga disciplinadora, controladora, de obediência.

- o Tradicionalismo expressou a sua hegemonia na instituição do MTG como instrumento da Ditadura Militar.Nessa arreada, o Tradicionalismo transformou-se na "cultura oficial" do Rio Grande do Sul como expressão do poder e assumiu seu aspecto militantemente ideológico. Terminava qualquer inocência em seu interior.

- A trilha sonora da tortura foi a música tradicionalista. Todo preposto da ditadura no Piratini teve um lacaio pilchado para servir o mate, assar o churrasco e animar a tertúlia. Cada quartel construiu seu galpão crioulo como eco desse tempo obscurantista, de tortura, de morte, de repressão e de controle popular, especialmente da alma e da sensibilidade.

-O núcleo fundamental do Tradicionalismo, do qual deve emanar o comportamento e a cultura, é a estância simbólica. A arte da elite era preferencialmente palaciana. Admitiam-se somente as expressões "aceitas". Na verdade, a oligarquia real era universal. O Tradicionalismo não é sequer uma extensão cultural da oligarquia, de cuja propriedade retirou seu ícone fundante. Ele é uma leitura equivocada, uma adoção ilusória de sua rusticidade. Sequer abagualada e xucra, pois isso poderia remeter para a insubmissão.

- No CTG se encontram o peão, o agregado, o posteiro, o capataz, todas as figuras obedientes, atreladas ao mando da sede, do núcleo inquestionável do poder do patrão.

- MTG é um movimento de defesa de uma moralidade conservadora, de uma idéia pastoril cristã de família.

- CTG não é lugar de gaúcho; é lugar de patrão e peão, de gente obediente, conformada e militante da ordem, mesmo que o sistema trate o povo como gaúcho e excluído.

- MTG é uma entidade privada, mas que, colocando-se como "cultura oficial", invadiu instituições, domina espaços do governo e possui reservas vitalícias nos órgãos públicos. Além disso, arrecada considerável verba pública para os seus eventos. Invadiu a escola para converter os alunos ao seu culto, quando a educação republicanamente é o espaço do saber, do estudo.

- MTG é um movimento militante ideológico-cultural, cada vez mais fundamentalista e intolerante, que procura converter-se em um poder dentro do Estado, invariavelmente pressionando, quando não elegendo governantes.

- O "orgulho gaúcho" é completamente inútil para protagonizar a modernidade, apesar do próprio tradicionalista ser um ente pós-moderno, no sentido que postula uma identidade pela imagem e pelo culto ritualístico. A sua energia e militância, no entanto, cria um cenário dogmático.

- a missa crioula é uma ode ao mundo estancieiro. A propriedade foi sacralizada. O latifúndio, por sua extensão, é ressignificando como a "estância do Céu"; Deus, como o "Patrão celestial"; São Pedro, como o "capataz"; Jesus Cristo, como o "tropeiro" que andou pela terra mangueirando o rebanho; e, Nossa Senhora, como a "prenda" disso tudo.

- MTG fortalece o dogmatismo. Essa "dureza" de pensamento se evidencia na sala de aula, na política, na cultura. Não existe nada pior do que o ignorante com "certezas" imutáveis. Praticamente é um insensível com o outro. O mundo é uma pirâmide, com o patrão no topo; e ele, psicologicamente, junto... O fundamentalismo é uma totalidade. No seu último congresso, o MTG adotou o projeto de fundar as suas próprias escolas de ensino fundamental e médio, além de uma universidade. É simplesmente assustador para a vida republicana.

- o MTG, ao menos no Rio Grande do Sul, possui um forte impulso militaresco; as pilchas já não são mais expressões da vestimenta civil, pois os CTGs andam uniformizados; e os piquetes parecem grupos militares ou de milicianos, invariavelmente ocorrendo escaramuças entre eles, em disputas inócuas, mas de intensa mobilização.

- O autoritarismo castilhista colocou-se, por fim, como herdeiro dessa tradição, e, por meio da difusão educacional, disseminou-se a falsa visão de que os farrapos eram republicados e que o povo lutou ao seu lado contra o Império.

- O auge do processo de colaboração entre a Ditadura e o MTG foi a instituição do IGTF - Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, em 1974, consagrando uma ação que vinha em operação desde 1954. A missão era aparentemente nobre: pesquisar e difundir o folclore e a tradição. Mas do papel para a realidade existe grande diferença. Havia um interesse perverso e não revelado.

- A lei que instituiu a "Semana Farroupilha" é de dezembro de 1964, determinando que os festejos e comemorações fossem realizados através da fusão estatal e civil, pela organização de secretarias governamentais (Cultura, Desportos, Turismo, Educação, etc.) e de particulares (CTGs, mídia, comércio, etc.).

- Durante a Ditadura Militar, o Tradicionalismo foi praticamente a única "representação" com origem na sociedade civil que fez desfiles juntamente com as forças da repressão.

- o Tradicionalismo engrossou os piquetes da ditadura - seus serviçais pilchados animaram as solenidades oficiais, chulearam pelos gabinetes e se responsabilizaram pelas churrasqueadas do poder. Esse processo de oficialização dos tradicionalistas resultou na "federalização" autoritária, com um centro dominador (ao estilo do positivismo), com a fundação do Movimento Tradicionalista Gaúcho, em 1967. Autoritário, ao estilo do espírito de caserna dos donos do poder, nasceu como órgão de coordenação e representação.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito de teu blog. Se tivesse mais tempo, iria agora ao Zurdo-Zurdo. Amanhã, vou linkar no meu.

Sou o Milton Ribeiro que ontem esteve na UFRGS bem na tua frente, do outro lado mesa.

Grande abraço.

Bruno Philippsen disse...

Olá! Sou formado em Letras pela UPF e conheci os professores Mario Maestri, Tau Golin e Florence Carboni (com quem tive aula). Descobri o blog por acaso e já vou colocá-lo como link em meu site pessoal www.antipalavras.webcindario.com
Parabéns pela iniciativa!
É mais do que necessário desconstruir essa visão histórica que o MTG prega! Muito bom!

Unknown disse...

Caro Raoul, a foto postada de cabeça para baixo no post "Construtores de uma farsa: gauchismo urbano" é de minha autoria. Tem inclusive uma assinatura com meu apelido "Jac". Provavelmente você retirou ela do meu flickr. Como não pediu autorização para utilizá-la em seu blog, estou pedindo que a retire desta página. Mesmo que esteja na internet, a foto tem autoria e eu possuo os direitos sobre ela. Você não pode utilizar uma foto sem a autorização do autor. Dito isso, conto com tua colaboração.