"Hay hombres que luchan un dia y son buenos
Hay otros que luchan um año y son mejores
Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos
Pero hay los que luchan toda la vida
Esos son los imprescindibles"
(Bertolt Brecht)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"O Negrinho do Pastoreio", recontada por Moacir Scliar

, uma crítica de Runildo Pinto e Guilhermo Yuri M. Pinto

Reconhecemos o "Negrinho do Pastoreio", como uma lenda popular no Rio Grande do Sul. Só, que o tradicionalismo guasca, como tudo em que toca, inverte seu valor e significado, reduz tudo a um aliciamento aos interesses do latifúndio. Observem a formação do CTG: é a representação da Estância, da Fazenda. A estrutura não é republicana, mas escravista: patrão - capataz e o peão. Temos que resgatar a figura do "Negrinho do Pastoreio", como uma figura popular, do povo que foi oprimido e é oprimido na sociedade.


É manifesto que a história do Rio Grande do Sul não começou por um sentimento de legítima nacionalidade. Poucas pessoas empenharam-se em movimentar toda uma região para conquistar este grande estado, por puro interesse particular. O de obter terras e poder.

A lenda Negrinho do Pastoreio, mostra a mentalidade egoísta e raivosa dos latifundiários, que plantaram uma visão grosseira de mundo, baseada na prepotência sugerida pelo poder que tem o estancieiro. Dono de grande quantidade de terra, considera-se o “Senhor do Universo”, com direito à impunidade. Esta condição exacerbada ainda hoje dita o comportamento e a conduta moral dos gaúchos.

No texto do escritor Scliar, vê-se, que o estancieiro possuia tanta terra que os cavalos perdiam-se no campo. Isto dificultava ainda mais a vida do Negrinho. Segundo o autor, “...o Negrinho perde a grande querência como o lar acolhedor e hospitaleiro dos gaúchos”. Mas, o Negrinho, não perdeu nada! Este lar é seu desafeto, tudo o que o Negrinho nunca teve.

Na frase: ".....o Negrinho do Pastoreio mora para sempre na grande e acolhedora querência que é a bela tradição do Rio Grande do Sul....", demonstra a conivência do autor com a mentalidade bruta do latifundiário que baseia tudo na vida à imensidão das terras que possui. Uma visão de grandeza, que diminui a mentalidade e o ser humano rio-grandense, representa o atraso no desenvolvimento produtivo, desqualifica a cultura – reforça uma pseudocultura e, com base na doma, como educação, cria um homem truculento, pois tende a explicitar os interesses e modo de vida do fazendeiro e embrutecendo moralmente a população, além de causar exclusão social e submissão político-ideológica a esta oligarquia.

O que se conclui do texto, é que o autor entra em contradição, porque não teve a coragem de contar as reais condições do escravismo no Rio Grande do Sul. Mostrou todas as causas do sofrimento do Negrinho, como se fosse tudo muito bonito e acabou capitulando diante da tradição conservadora e reacionária da cultura guasca, dando uma interpretação que exalta a figura do estancieiro e dá reconhecimento definitivo de que a base dessa cultura do embrutecimento é uma cultura autêntica, conveniente. Reforça uma concepção de solidariedade totalmente deturpada para a formação da população gaúcha, prega a servidão. O Sr. Scliar não cansa de enfatizar a cada parágrafo que tudo é grande, sendo caudatário à cultura do latifúndio. Portanto, o Negrinho nunca teve Querência e muito menos laços de afeição. E sua alma continua vagando no além....

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