"Hay hombres que luchan un dia y son buenos
Hay otros que luchan um año y son mejores
Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos
Pero hay los que luchan toda la vida
Esos son los imprescindibles"
(Bertolt Brecht)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mário Maestri: A erosão da ética republicano-castilhista

“A crescente subjunção da economia sulina ao grande capital global, e a dissolução do tecido socioeconômico tradicional rio-grandense, no contexto de grande fragilidade do movimento social, erodiram objetiva e subjetivamente o que poderíamos chamar de ética republicano-castilhista, equiparando as práticas políticas regionais às do resto do Brasil. Agora, faz-se política para enriquecer, legal ou, mais e mais, ilegalmente.” A opinião é do historiador gaúcho Mário Maestri, em entrevista por e-mail à IHU On-Line. Ele ainda afirma que a “identidade inventada” do gaúcho “sufoca as identidades nascidas das experiências sociais profundas, como as do mundo do trabalho urbano, rural, servil etc.”.
Mário Maestri é graduado em Ciências Históricas, pela Université Catholique de Louvain, na Bélgica, onde também realizou mestrado e doutorado na mesma área. Em 1991, fez o pós-doutorado na mesma universidade. Atualmente, é professor da Universidade de Passo Fundo. É autor de Uma história do Rio Grande do Sul: a ocupação do território (Passo Fundo: UPF Editora, 2006), O escravo no Rio Grande do Sul: trabalho, resistência, sociedade (Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006) e Antonio Gramsci: vida e obra de um comunista revolucionário (São Paulo: Expressão Popular, 2007), entre outros.

Por: Graziela Wolfart, 30/06/2008 - revista IHU On-Line

IHU On-Line - Podemos perceber elementos da trajetória histórica da política gaúcha na crise do governo do estado rio-grandense?
Mário Maestri
- Ao contrário do resto do Brasil, no Rio Grande do Sul, a República promoveu o defenestramento das oligarquias pastoris por um novo bloco pró-capitalista castilhista-borgista que literalmente refundou o estado regional, em um processo já definido como verdadeira “revolução passiva”, no sentido gramsciano. Ou seja, realizou reforma democrático-burguesa – controlada, conservadora e limitada – da sociedade, à margem da participação popular. Um processo possível devido à diversificação crescente, desde 1824, do perfil socioeconômico latifundiário-pastoril, devido à ação de dinâmica colonização de pequenos camponeses proprietários. Este processo ensejou uma gestão político-administrativa regional diferenciada dos estados dominados pela oligarquia agrária.

IHU On-Line – Qual é o espaço e o papel da ética política no Rio Grande do Sul de hoje?
Mário Maestri
- Como assinalado, ao contrário da maior parte do Brasil, o Sul conheceu verdadeira brecha colonial-camponesa na ordem latifundiária. O que ensejou sociedade, ao menos no início, tendencialmente democrática, onde praticamente todos os colonos-camponeses possuíam terra para trabalhar com seus braços. A economia, a disciplina e o respeito ao cidadão eram valores dessa sociedade apoiada na produção familiar, que valorizava o trabalho individual, abominado pelo escravismo oligárquico. A própria industrialização sulina nasceu, sobretudo, de pequenas unidades familiares. Esses valores plebeus determinaram e influenciaram o comportamento político. Grandes políticos republicanos, como Júlio de Castilhos , Borges de Medeiros , Getúlio Vargas e Leonel Brizola , foram acusados – e não sem razão – de enorme apego ao poder, mas jamais foram taxados de desonestos. A crescente subjunção da economia sulina ao grande capital global, e a dissolução do tecido socioeconômico tradicional rio-grandense, no contexto de grande fragilidade do movimento social, erodiram objetiva e subjetivamente o que poderíamos chamar de ética republicano-castilhista, equiparando as práticas políticas regionais às do resto do Brasil. Agora, faz-se política para enriquecer, legal ou, mais e mais, ilegalmente.

IHU On-Line - Os movimentos sociais estariam fragilizados, hoje, em relação aos anos 1980?
Mário Maestri
- Após a grande derrota de 1964 e quinze anos de ditadura militar, o movimento social sulino e brasileiro conheceu, em 1979, verdadeira explosão das lutas sindicais e pela democratização da posse da terra. Apenas muito parcialmente vitorioso nas suas reivindicações materiais, esse movimento ensejou grande vitória política com a fundação do PT (1980), da CUT (1983), então com orientações socialistas e classistas, e do MST (1984). Esses foram também os anos da luta pela anistia e pelas eleições diretas, que não conseguiram, entretanto, impor a punição dos criminosos da ditadura e as eleições diretas. Nos anos seguintes, o mundo do trabalho conheceu duas décadas de depressão econômica tendencial, agravada pela vitória da contra-revolução neoliberal em fins dos anos 1980, desastre de proporções históricas. Esse processo determinou enorme desorganização do movimento popular e cooptação dos partidos e das direções políticas, sindicais e sociais populares para a colaboração com o capital. Como assinalado, a política passou a ser simples meio de progressão social individual, lícita ou ilícita. Destaque-se que essa forma de enriquecimento se espraiou horizontalmente na esfera do executivo e legislativo, municipal, estadual e federal, garantindo ganhos pequenos, médios e literalmente abismais.

IHU On-Line - Como avalia a postura do governo do Rio Grande do Sul em relação aos movimentos sociais? O que essa repressão significa?
Mário Maestri
- Yeda Crusius elegeu-se com a conjunção da votação conservadora sulina com parte do eleitorado popular desgostoso com o governo Olívio Dutra, do PT, e Germano Rigotto, do PMDB. Sem projeto autonômico para o estado, propõe-se simplesmente facilitar a transferência para privados de recursos públicos; privatizar empresas estaduais e atrelar mais estreitamente a sociedade regional ao grande capital. Todos esses objetivos (liliputização do estado; corte de investimentos; alienação acionária do Banrisul; facilitação selvagem do agronegócio etc.) exigem a quebra da resistência do professorado, do funcionalismo público, do movimento dos camponeses sem terra. Com a exposição da corrupção do governo, reconhecida como prática normal por Cézar Busatto , chefe da Casa Civil, e acusações diretas à probidade pessoal da governadora, para o governo Yeda Crusius, destruir o movimento social, de projeto estratégico, tornou-se meio para a rápida reconstrução-consolidação de apoio, sobretudo pelo latifúndio e grandes capitais interessados na celulose e bioenergia. Segmentos que sabem remunerar em forma magnânima seus prepostos.

IHU On-Line - A sociedade gaúcha sempre foi politizada. Como agiram suas chamadas elites?
Mário Maestri
- O Rio Grande do Sul já foi região econômica e socialmente poderosa. Suas classes proprietárias desempenharam papel determinante na Independência, participando desde o início do “Conselho de Procuradores Provinciais”; os grandes criadores do meridião sustentaram longa guerra contra a Corte; na República Velha, o Rio Grande do Sul jamais conheceu intervenção federal, liderando a Revolução de 1930. Porém, nos últimos oitenta anos, o estado conheceu depressão tendencial, relativa ou absoluta, já que à margem de desenvolvimento capitalista, primeiro nacional, a seguir mundial, centrado no RJ-SP. Hoje, o Rio Grande do Sul é um arremedo do que foi no passado. Nesse longo período, apenas dois governantes ensaiaram projeto de desenvolvimento autonômico regional: Flores da Cunha , em 1930-37, defenestrado por Vargas, representante do capital nacional hegemônico do RJ-SP; e Leonel Brizola, em 1959-63, rejeitado pelas próprias classes proprietárias sulinas que, após 1937 e 1964, adaptaram-se sem pruridos ao papel de gestores subordinados ao centro hegemônico, registrando assim incapacidade histórica de acaudilhar a região. O grande problema é que as classes trabalhadoras mostraram-se até agora incapazes de levantar projeto alternativo para o Rio Grande do Sul e o Brasil.

IHU On-Line - Como o gaúcho contemporâneo se relaciona com a política?
Mário Maestri
- A politização da população sulina insere-se no processo apenas assinalado de crise regional. Na Colônia e no Império, a ação social coletiva das classes subalternizadas foi quase nula, já que se mostraram incapazes de articular-se em forma autônoma. Na República Velha, um importante ativismo operário, capitaneado pela gloriosa FORGS , centrado, sobretudo, em Porto Alegre, não conseguiu espraiar-se para as regiões coloniais e para a Campanha, região que jamais conheceu movimentos coletivos. A população pobre e trabalhadora jamais conseguiu servir-se dos confrontos de 1835-45, 1893-5, 1923, 1930, 1932, para fazer avançar seus interesses. O que não quer dizer que a solução daqueles conflitos não lhes dissesse respeito. Talvez à exceção de 1961, a politização rio-grandense expressou-se, sobretudo, no plano político-eleitoral. A partir de 1969, o Sul conheceu ativismo sindical, sobretudo metalúrgico, bancário, dos trabalhadores rurais sem-terra e, com destaque, dos professores públicos estaduais. Atualmente, apenas os dois últimos setores mostram vitalidade.

IHU On-Line - Considerando a identidade gaúcha, como o povo do Rio Grande do Sul se define hoje? Quem é o gaúcho contemporâneo?
Mário Maestri
- As identidades nacionais e regionais são geralmente construções das classes dominantes para a gestão política, ideológica, social e econômica dos subalternizados de um território. O gaúcho foi trabalhador pastoril nascido da dispersão das comunidades guaranis, charruas etc., devido à privatização dos territórios comunitários. Em relação à Argentina e ao Uruguai, o gaúcho desempenhou papel menor na economia pastoril sulina, devido ao forte desempenho do cativo campeiro. Porém, foi no Rio Grande do Sul onde se entranhou mais profundamente a identidade gaúcha entre comunidades sem relações com gaúcho histórico e o mundo latifundiário-pastoril, como os operários, classes médias urbanas e, sobretudo, descendentes de camponeses alemães, italianos, poloneses etc. Essa identidade inventada sufoca as identidades nascidas das experiências sociais profundas, como as do mundo do trabalho urbano, rural, servil etc.

IHU On-Line - Que tipo de reflexão a atual crise política gaúcha lhe desperta?
Mário Maestri
- O Rio Grande do Sul vive hoje sob o signo da banalização da corrupção pública e da literal criminalização da oposição popular, através de ataque direto ao direito de manifestação dos trabalhadores sem-terra, registros indiscutíveis da decomposição estrutural das práticas tradicionais da política republicana sulina. Realidade que não enseja resposta substantiva da chamada sociedade civil ou do mundo político regional, preocupado este último essencialmente com as próximas eleições. Trata-se de processos subjetivos nascidos das transformações substanciais e perversas da organização social rio-grandense, parte do processo de literal barbarização social do Brasil, que tende a pôr em xeque o próprio ordenamento democrático e institucional formal que ainda conhecemos. Processo perverso exemplificado paradigmaticamente no tratamento militar criminoso da população trabalhadora do morro da Providência no Rio de Janeiro.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

CTGay Faca na bota ou flor na boca?


CTGayFaca na bota ou flor na boca? Qual o comportamento de um macho genuíno no âmbito do MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho)?
A polêmica em torno da representação da masculinidade nos CTG’s reacendeu em função de um artigo assinado pelo tradicionalista Ademir Canabarro, que, dentre outros laivos de insensatez, registra o “avanço assustador da homossexualidade”. Polêmico, mal redigido, impregnado de clichês e de anomalias conceituais, o artigo do citado tradicionalista é o retrato fiel do retrocesso numa época em que tanto se fala nas igualdades sociais, no direito à expressão dos gêneros sexuais e na diversidade cultural como pontos saudáveis à vida humana. O Movimento Tradicionalista Gaúcho sabe que, enquanto existir, terá que lutar com unhas e dentes para impor a adesão ou a simpatia à sua causa, já que seu referencial ideológico é fascista, sexista, teologal, patriarcal, reprodutivista, racista e eugenista. Qualquer pessoa com o mínimo de esclarecimento sobre a história do Rio Grande do Sul sabe que o MTG, mediante acordos oriundos de uma facção de extrema direita, implantou no Rio Grande do Sul práticas culturais inventadas e se infiltrou nas estruturas do poder político através da militância dos CTG’s que, ainda hoje, são verdadeiras arenas políticas disfarçadas sob o manto dócil da tradição, uma tradição que nunca existiu.
Na época do regime militar brasileiro, a proximidade entre os militares e os CTG’s foi crucial porque serviu a ambas instituições. Os CTG’s administravam aos seus integrantes o discurso do ordenamento e da subserviência ao militarismo e a aceitação passiva da política sanguinária das décadas de 1960 e 1970; os militares, por sua vez, permitiam que os CTG’s fossem os únicos clubes a manter atividades “culturais” longe dos olhos do sistema. Homossexualismo existe em todos os lugares do mundo, em quartéis, igrejas, no futebol, em empresas e escolas. Por que não existiria nos CTG’s? Será que o Sr.Canabarro pensa que, pelo fato de terem sido criados alegórica e fantasiosamente, os CTG’s não podem apresentar situações vividas no mundo real?Certos trechos do artigo escrito pelo tradicionalista revelam um barbarismo de pensamento que deixariam perplexos até os xiitas mais ortodoxos. É o caso desta pérola: “Homem acasala com mulher e mulher acasala com homem! Da mesma maneira que cavalo cobre égua e não cavalo”. Belíssima comparação! Só faltou o Sr.Canabarro dizer – mediante um reducionismo que perpassa cada palavra do seuartigo – que homens pensam como cavalos e mulheres como éguas! A comparação até poderia virar letra de alguma música apologética (do tipo que os cetegistas tanto prezam), as quais exaltam o heroísmo, a bravura e a hombridade como os únicos atributos que alguém deve possuir para não ser confundido com esterco.
Não pretendo aqui fazer a defesa dos agredidos. Sou completamente antissexista, do tipo que acabaria com a divisão entre banheiros masculinos e femininos. Assim, encaro como uma pobreza de espírito e de presença humana criar clivagens sociais que levem em conta o que as pessoas fazem com seu corpo na intimidade de suas práticas sexuais. Com seu retrógrado artigo, o Sr. Canabarro pretende referendar a idéia de que se adote, no âmbito dos CTG’s, uma expressão simulada da masculinidade, simplesmente porque ela convém à manutenção do estereótipodo “macho”. Do alto de um intelecto formado por dois neurônios heterossexuais, o Sr. Canabarro revela-se um desconhecedor das teorias mais atualizadas sobre questões relativas ao gênero e às performances sexuais, as quais privilegiam o caráter interacional, social e psicológico da construção de uma identidade sexual. Erroneamente, e sem qualquer fundamento tolerável, o Sr. Canabarro acredita que a “macheza” do ambiente dos CTG’s é um legado histórico da cultura do RS. Que grande bobagem! Que aviltante constatar que muitas pessoas ligadas aos CTG’s (as quais pensam que cultivam as raízes da cultura sulina) são as que mais desconhecem a história do Rio Grande do Sul. É inadmissível, segundo expressa o Sr. Canabarro, que os peões cetegistas homossexuais se expressem feito dóceis corcéis numa cavalgada graciosa, pois, segundo manda o protocolo do macho exemplar, eles devem agir feito machos bufalos eretos, machúfalos de peito estufado que não comem o mel pois mastigam a abelha. O temor do citado tradicionalista é que a presença de homossexuais nos CTG’s imploda o modelo autoritário, esquemático e medieval que estrutura essas irmandades fundamentalistas que, além de cultivarem aparências, agem mediante o patrulhamento da intimidade das pessoas e impedem que apareça uma história e uma tradição gaúchas que não estejam sob suas rédeas. Tomem cuidado, portanto, os machúfalos de plantão, pois bagos de touro costumam ser muito apreciados até mesmo por cetegistas.
Clóvis Da Rolt

terça-feira, 31 de março de 2009

Ponto de Vista - Um blog sem liberdade de imprensa, enquanto a RBS manipula, manipula e manipula...

Wladimir Ungaretti, estamos contigo. A RBS, a famigerada RBS tem o respaldo da burguesia guasca, representada pela desgovenadora Yeda Crusius. Quanto a nós, não nos acostumamos com os mediocres!

terça-feira, 24 de março de 2009

FECHAMENTO DAS ESCOLAS DO MST


Texto: Amália C. Leites


O Governo Yeda, junto com o Ministério Público, cancelou os convênios com o MST que mantinha escolas itinerantes em acampamentos de Sem-Terra, fechando desta forma as escolas, que funcionavam há 13 anos no estado. O MP argumenta que estas escolas não eram fiscalizadas pelo MEC, que seu currículo não estava de acordo e blábláblá. A questão aqui, além de mais um passo rumo à criminalização do MST, é o que afinal, é educação de “valor”, de “qualidade”. Porque o ensino dentro dos acampamentos, que realmente não passa por concursos públicos, mas ao invés disso, é feito por membros do movimento, é considerado pior que o que das escolas públicas em geral? Talvez porque as matérias não sejam as mesmas (nem estudadas do mesmo ângulo) que as matérias do currículo tradicional, mas nesse ponto é interessante analisar como está nosso ensino público e para onde ele está caminhando.

O que temos hoje em dia é uma evasão escolar que é relevante já nos primeiros anos da educação básica e que se torna extremamente preocupante nos anos finais (antes do vestibular). Os alunos precisam trabalhar, senão não comem. No meio disso está a escola. Sem muitas opções, eles acabam abandonando-a, em algum ponto entre o 1º ano do fundamental e o 3º do médio. Há grandes chances de que formarão a imensa massa de desempregados ou sub-empregados do nosso país. Aqueles que conseguem permanecer na escola encontram instituições sucateadas e professores frustrados pela baixa valorização e reconhecimento da sua profissão, de seu esforço diário. Como ninguém vive no País das Maravilhas, nada mais esperado que a escola pública brasileira não seja exatamente uma referência internacional em se tratando de qualidade de ensino. Nada mais esperado que estes alunos tenham dificuldade em passar no vestibular das universidades públicas, concorrendo com egressos de escolas particulares e de cursinhos pré-vestibular. Para isso temos as cotas, como tentativa de amenizar o problema. É uma reparação obrigatória, mínima, frente ao abismo social existente no Brasil. Mas ainda não é a solução, porque o buraco está beeeem mais embaixo. Mas isso é assunto pra outra hora, voltemos ao fechamento das escolas do MST.

Sendo a educação um ato político, como bem disse Paulo Freire, e por isso, nunca neutro, cabe questionar que tipo de cidadãos estamos formando com nosso currículo tradicional, onde a tabela periódica é exigida daqueles que precisam pedir esmola nos supermercados, onde a conjugação de verbos em inglês é ensinada para jovens que sequer compreendem o conceito de “pátria”. Do outro lado, temos iniciativas como o MOVA, em que os adultos são alfabetizados sem uma cartilha pré-concebida, mas sim de acordo com suas realidades. Temos as escolas itinerantes do MST, que buscam desenvolver a consciência crítica e ensinar a ler o mundo do ponto de vista da realidade dos acampados e assentados, que não é de forma alguma o mesmo ponto de vista que nós, frente aos monitores de nossos computadores na cidade, temos.

No fechamento das escolas, nem pais nem alunos foram ouvidos. Será que cabe realmente a nós dizermos que estas escolas são insatisfatórias e que não servem para educar estas crianças? O plano curricular das escolas municipais e estaduais é tão excelente, atual e superior em qualidade como cremos?

Fonte: Blog O PLANTADOR.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Retorno da Ilha Revolucionária

Prezados Leitores e Camaradas!

Retornei de Cuba no dia 09/02, cheguei ao Brasil no dia 10/02. Estou em processo de organização do material coletado em "La Isla Revolucionaria" e estarei aos poucos colocando minha impressão sobre aquela sociedade que constrói o Socialismo com sacrifício e muita garra. O bloqueio imposto pelos EUA é de uma crueldade inimaginável. Há problemas vários, mas todas aquelas restrições atribuída a Cuba, em relação as liberdades, não são geradas por lei cubana, mas sim, são as ações do império sobre o povo cubano. As mídias capitalistas divulgam como se fossem restrições institucionalizadas pelo governo Cubano. Há uma vida simples, alegre, solidária e amável entre os cubanos e isto eles também fazem com os estrangeiros. O direto de ir e vir, o livre arbítrio e a unidade do povo é preservada como fonte de manifestação da diversidade dentro de um espírito de união e respeito. A sociedade cubana adora o pluralismo, a diversidade, a abundância de pensamento e da praticidade gerada pelo raciocínio das pessoas, por isto a participação popular garante a revolução que resiste ao império. Suportaram a queda da Urss, que dava um suporte econômico importante e fundamental para a Ilha, hoje, resite ao assédio da globalização e o enrijecimento dos governos norte-americanos, em seu turno bloqueou a contas de Cuba no exterior. Mas Cuba caminha para algumas conquistas, como a auto-suficiência em petróleo e energia.

Indo a Cuba perde-se aquele romantismo infantil. Mas Cuba tem Socialismo, sem dúvida! Viva o Socialismo!

Assim, com o decorrer do tempo, as reflexões sobre a Ilha Revolucionária serão postadas, de acordo com a elaboração e ordenação dos argumentos que possam clarear os conhecimentos adquiridos nessa experiência.

Abraço fraterno

Raoul José Pinto

Viva a Revolução Cubana!
Viva os 50 anos da Revolução em Cuba!
Viva Fidel! Viva Raúl!
Viva a XVI Brigada Sul-Americana de Solidariedade a Cuba!
Até a Vitória! Venceremos!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Passagem à Ilha Revolucionária


Prezados Leitores e Camaradas!


" Socialismo é o nome político do Amor" (Frei Betto)

Domingo, dia 25 de janeiro, estarei embarcando para Cuba. É a primeira viagem que faço para a ilha revolucionária do Caribe e a expectativa é de apreender a dinâmica de uma sociedade estruturada em outras bases, e a partir dela ampliar a avaliação sobre o que acontece no mundo hoje, qual a perspectiva da Revolução Cubana e quais os caminhos que devemos começar a trilhar para a revolução em outros países. Clarear a situação vivida pela esquerda no mundo, pois a realidade se diversifica e muitas vezes, a esquerda, se exclui da luta refugiando-se em velhos dogmas, ou se ajusta a institucionalidade capitalista, ou ainda, não enxerga sua dinâmica.


Novas e ricas experiências têm surgido no mundo, como o Exercito Zapatista de Libertação Nacional - EZLN, no México; na Venezuela, com Chávez; na Bolívia, com Evo Morales; no Equador, com Rafael Correa. Experiência como a da Bolívia é hoje, a meu ver, o laboratório da luta revolucionária no mundo pela sua diversidade em relação a sua sociabilidade coletiva. A dificuldade do capitalismo em ser hegemônico naquele país, resgata sua identidade e não nega os avanços da tecnologia,. É uma sociedade que quer combinar a tecnologia e a produtividade pelo usufruto coletivo. Não pela relação de troca, mas pela necessidade da sociedade de preservar a cultura e o meio ambiente, construindo uma sociedade que se despe do egoísmo e da alienação; desenvolvendo a magnífica capacidade criadora do ser humano.


Cuba é o coração vivo da Revolução permanente. Resistiu às vicissitudes que advieram pelo fim do bloco do socialismo real no leste europeu. Continua resistindo ao bloqueio e aos ataques terroristas do império norte-americano. Essa perícia, dignidade e rebeldia fazem de Cuba uma nação em luta continua para manter os ideais revolucionários e avançar em suas conquistas diante do mundo. Cuba é o exemplo de soberania, convicção e tem autoestima que lhe garantem o morla alto para continuar no caminho escolhido. Sabe que, embora as dificuldades, conseguirá triunfar diante de todas as ameaças e ações destrutivas dos capitalistas. Enxergamos a sociedade cubana como aquela que se empenha, dia-a-dia, por justiça social. Dentro dessa postura extrapola suas divisas pelo seu internacionalismo, e pela sua solidariedade para com outros povos.


Neste momento, estou despedindo-me de todos vocês e, dentro do tempo disponível, estarei atualizando o blog diretamente de Cuba. Ao mesmo tempo, estarei escrevendo e priorizando um diário sobre as experiências vividas na ilha revolucionária.


E, para finalizar, expresso a honra que sinto em participar da XVI BRIGADA SUL-AMERICANA DE SOLIDARIEDADE A CUBA – ANO 50 DA REVOLUÇÃO-, na qual o trabalho voluntário como dizia o Cmte. Che Guevara é uma atitude genuína dos comunistas. Entrego-me, com fervor e alegria, nesta missão. Deixo claro que não medirei esforços na realização deste intento.


Dedico esta "Passagem à Ilha Revolucionária" a minha mulher Maristela, aos 25 anos do MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Brasil, aos Camaradas José Ernesto Grisa, João Pedro Fernandes e, em especial, ao Cmte. Fidel Castro Ruz.


Abraço-lhes com toda fraternidade revolucionária,


Brigadista Raoul José Pinto


Viva a Revolução Cubana!

Viva a Revolução Mundial!

Viva todos os Brigadistas!

Pátria ou Morte!

Até a Vitória!

Venceremos!