Vocês lembram há quanto tempo eu venho alertando contra a guinada para a direita explícita e o risco de golpe?
E por que isso agora? Por que, quando os liberais bem comportados já se asseguraram um lugar na pessoa de Temmer e de muitos dos ministros que desfiguraram vezes sem conta o governo de Lula, que não pôde avançar além de suas modestas propostas de uma certa assistência social, sem tocar em reivindicações básicas e seculares, como a Reforma Agrária e a Urbana, a Participação nos Lucros e na Gestão das Empresas, e o controle estrito da Remessa de Lucros, propostas defendidas institucionalmente antes de 1964, e que seriam demasiado ofensivas para a burguesia brasileira e os terratenentes?
Olhem, eu vou dar uma esfregadinha na minha bola de cristal e arriscar a dizer o que estou percebendo entre brumas: não conseguiram dobrar o Lula como desejavam (e ainda menos dobrarão a Dilma, que é dura de obstinada, como eu sei), então tudo é válido para assustar, intimidar, conspurcar, ameaçar, não há limites para a canalha arruaceira das gangues fascistas a serviço da direita oficial.
Serra nunca foi o candidato. Tanto assim que lhe impingiram o tal Índio, de triste figura. O candidato era mesmo a candidata de Lula, devidamente secundada por uma raposinha peemedebista, DESDE QUE SE COMPORTASSE BEM e possivelmente assumisse alguns outros compromissos fora das luzes do palco.
E aí, alguma coisa deu errado, isto é, Mr. X, que confiava conduzir a seu gosto e discretamente a continuidade governamental, e levar o Brasil a defender seus interesses, como aconteceu durante os anos da Operação Condor - de repente perdeu essa segurança. Ou o mandaram plantar batatas abertamente, ou ele percebeu que não tinha a todos sob seu cabresto, como esperava.
A partir de então, o pobre Serra ao qual Mr. X não dava a menor bola , passou a lhe servir, porque é dócil e não reclama quando o mandam fazer de palhaço (o santinho político-religioso está demais, nem Casseta e Planeta pensaria numa gag dessas). Mr. X sentiu-se feito de bobo, que lhe atiraram areia nos olhos, e que apoiava estrategicamente a quem, na verdade, poderia vir a ser seu adversário em termos de continente, e fechar alianças, para ele escandalosas, com o "bolivarianismo", o "nacionalismo", a independência regional.
Não há fúria maior neste mundo... etc., etc.
Na minha bolinha de cristal, eu avanço ainda mais... Dilma ganhando e agregando outros compromissos até agora deixados de lado - com a agenda ambiental, por exemplo, e com a justiça agrária - é coisa encarada como um desafio por Mr. X (nosso Grande Irmão do Norte) e seus aliados. Há grande possibilidade, pois, de vermos surgir uma turbamalta de agitadores e subversivos da linha nazista e tefepista (os mais eficientes sapadores do mundo, lembrem, são ligados aos órgãos de segurança dos EUA e seus cupinchas, formados na Escola das Américas).
Mas não se iludam de que estes agitadors se opositores serão arcanjos da pureza celestial - todos os grupos de extrema direita do mundo através da história, estão íntimamente ligados com todas as forças da corrupção e da indústria orgiástica que conhecemos ou ainda não, e que recompensa suas tropelias (lembrem os antecedentes da Noite dos Punhais na Alemanha nazista, e as orgias sádicas de qualquer porão de ditadura de direita, e as tentativas de baixar a idade da responsabilidade criminal para descriminalizar a prostituição de menores e facilitar o uso de drogas por crianças - 150 mil doentes mentais vítimas do crack, só no RS, sem leitos e sem tratamento e ainda há os engraçadinhos que se arvoram em defensores da "liberdade" de drogar-se e comerciar com drogas e sexo).
Calúnia, violência, vício, delírio, desmonte da solidariedade social e familiar, crime organizado e política de guerra permanente, andam juntos. Está na hora de encarar no olho o que quer dizer Imperialismo pós-moderno. E preparar-se para uma luta que não será fácil, a fim de recuperar os valores humanistas e chegar à democracia real. Que não se presta para ser slogan de marqueteiros mercantilistas, mas será conquista histórica de gerações.
Tania Jamardo Faillace
jornalista e escritora de Porto Alegre, RS - Brasil
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